Sexólogo e ex-participante do “Big Brother Brasil 18”, Mahmoud Baydoun usou seu canal no YouTube para abordar um assunto sério. Nele, ele revelou ter sido vítima de abuso sexual na infância e forneceu inúmeras informações valiosas tanto para quem já passou por isso quanto para pais de crianças abusadas.
Mahmoud revela história de abuso sexual
De acordo com Mahmoud, a ideia de falar sobre abuso sexual veio com a chegada da semana da criança junto do fato de que, ainda hoje, a frequência com que esse tipo de violência ocorre – muitas vezes dentro de casa – ainda é assustadoramente alta. Para conscientizar pais e confortar outras pessoas que passaram pelo mesmo, o sexólogo compartilhou então sua dura história.
“Quando eu tinha seis anos, fui vítima de pedofilia. Fui abusado sexualmente por um porteiro do prédio [onde morava]”, disse ele, afirmando que, quando sua mãe não estava em casa, ele brincava com um amigo sob a supervisão da babá do garoto. Nessa época, porém, ele tinha vontade de ir até o último andar do edifício pela escada, e foi por isso que, um dia, ele ficou sem essa supervisão.
“Meus pais nunca queriam realizar esse ‘sonho’, então essa babá falava para eu não ir com ele [o porteiro], mas eu insisti. Eu era criança, queria conhecer os andares do prédio de escada – não sei que sonho ridículo é esse – e a gente subiu. Na descida, ele parou entre o 23º e o 24º andar e aconteceu o que aconteceu”, contou o sexólogo.
De acordo com ele, após o crime, o homem em questão disse que ele não podia contar a ninguém sobre aquilo, mas, no dia seguinte, ele o fez. “Eu fiquei com uma sensação de culpa enorme que eu não estava aguentando – e a literatura fala que muitas crianças se sentem assim quando são abusadas porque não entendem o que estava acontecendo. Aí eu cheguei nessa babá e falei [o que tinha acontecido]”, disse.
A babá, porém, fez com que ele sentisse mais culpa. “Ela falou para mim: ‘Falei para você não ir com esse cara’. Pedi para ela contar para a minha mãe e ela falou: ‘Não, você que vai contar’. Quando minha mãe chegou, eu fiquei chorando muito, pedia para ela me perdoar e falei o que aconteceu”, disse ele, ressaltando que a reação da mãe foi totalmente diferente da que a babá teve.
Reação da mãe foi importantíssima
“Eu tive a resposta mais legal do mundo. Ela me abraçou, falou ‘vai dar tudo certo’, para eu não me preocupar, para eu parar de chorar… No outro dia, eu lembro que, quando voltei da escola, o prédio estava cheio de polícia, os vizinhos todos reunidos, eu me senti muito protegido”, comentou.
De acordo com a ONG Childhood, que trabalha pela proteção da infância, acolher a criança que delata um abuso, reiterando que ela não tem culpa de nada e que ela está protegida, é de absoluta importância para reduzir o sofrimento e trauma. “Reitere que a criança/adolescente não tem culpa pelo que ocorreu. É comum que a vítima se sinta responsável pelo ocorrido”, diz a organização.
Além de exaltar a reação da mãe, Mahmoud disse que a forma como seu pai reagiu lhe fez mal. “A única coisa que me incomodou é que meu pai fez pouco caso. Ele meio que ignorou todo o assunto”, afirmou o sexólogo, ressaltando que se sentiu machucado por essa reação, e demorou muito para que toda a situação parasse de afetar sua vida pessoal – especialmente quando o assunto era relacionamentos amorosos.
A Childhood também adverte contra reações como a do pai do sexólogo: “Jamais desconsidere os sentimentos da criança/adolescente com frases do tipo ‘isso não foi nada’, ‘não precisa chorar’. No momento em que falam sobre o assunto, ressurgem sentimentos de dor, raiva, culpa e medo”, orienta a ONG.
Superação
Apesar de falar abertamente sobre o tema hoje, o ex-BBB admite o peso que o abuso trouxe para sua vida.
“Esse assunto mexia muito comigo; eu me sentia muito objetificado, tive muitas dificuldades nas minhas relações, tinha um perfil de procurar sempre caras perversos que me fazia me sentir nessa posição de objeto novamente, mas com a ajuda da sexologia, da terapia, eu consegui superar”, compartilhou o ex-BBB, dando conselhos para pais e mães que o assistirem.
Conforme contou Mahmoud, o fato de tanto sua mãe quanto de outras pessoas próximas terem se mobilizado para protegê-lo foi algo bastante positivo, e ele espera que outros pais e mães também tenham esta postura diante de uma situação assim. “Você tem que dar toda a atenção necessária para ele [filho]. Ele é a coisa mais importante que existe na sua vida”, disse.
Além disso, ele também ressaltou a necessidade de se atentar aos sinais. “Se você for pai ou mãe, fiquem atentos aos sinais [da criança], como mudança de comportamento, agressividade, a criança está muito retraída, muda de comportamento com uma certa pessoa”, listou o sexólogo, deixando também um conselho para quem sofreu o mesmo que ele.
“Acredito que o que mais ajudou foi o fato de eu ter falado sobre. […] Se por acaso você caiu aqui nesse vídeo, fale sobre, não fique calado. Uma criança não é apta nem psicológica nem fisiologicamente a aguentar o ato sexual. Muitos pacientes, clientes e amigos já me relataram que perderam a virgindade com nove, dez anos, e isso não é perder a virgindade, é ser abusado”, concluiu.
Assista ao vídeo:
