Filhinhos da mamãe

Os homens vivem dizendo que a forma mais fácil de saber como uma mulher será no futuro é olhando para a mãe dela. E nós? O que podemos fazer para saber como eles serão? Não, não estamos querendo dizer que ele vai ser necessariamente uma cópia do seu sogro, mas saiba que observando o relacionamento do seu queridinho com a respectiva e digníssima progenitora dele, você pode descobrir as coisas terríveis que te aguardam. Simplesmente porque elas, normalmente, esquecem que criam os filhos para o mundo, e não para elas! Resultado: quando chegam a nós, eles já estão mal-acostumados, mimados, dependentes, acomodados e cheios de manias… verdadeiros filhinhos da mamãe.

Enquanto a maioria das mulheres briga, desde cedo, pela própria independência e garante experiência suficiente para se virar sozinha, alguns homens permanecem acomodados confortavelmente embaixo da saia das próprias mães. “Cada dia que passa eu fico mais impressionada. O Alexandre é um parasita. Aliás, ele e o irmão dele, que também é um imprestável. Não fazem nada dentro de casa, foram completamente abestalhados pela mãe. Para você ter uma idéia do meu drama, a lâmpada do quarto dele queimou e ficou assim por um mês, porque ele foi incapaz de pegar uma escada para trocar a maldita. Até que a mamãezinha ficou sabendo e ela mesma – vitoriosa e superpoderosa mamãe – pegou a escada, subiu e trocou a lâmpada para que seu filhinho não precisasse se incomodar. A conseqüência disso é que ele não sabe lavar, nem passar, nem cozinhar e não se coça nem para encher as garrafas de água. A louça fica na pia esperando a mãe dele chegar do trabalho, às 11 horas da noite, para lavar e depois ir pra máquina colocar a roupa pra bater. Ainda bem que passei a freqüentar mais a casa dele e enxergar essa realidade, porque não me importo de, às vezes, fazer uma boa faxina…. mas servir de empregada pra um homo sapiens só porque ele tem um pinto!!! Nem louca! Nem pra pai, nem marido, nem filho… pra macho nenhum”, afirma, categórica.

Revoltada com a situação, Ana criou uma teoria para explicar a culpa da mãe. “No caso da mãe do Alexandre, eu acho que o problema é que ela se divorciou do pai deles, teve vários namorados, maridos e casos, mas nunca foi feliz. Aí já viu, né? Transferiu tudo para os filhos. No fundo eu acredito que seja sempre assim. Tenho certeza que a culpa é sempre delas…. mulheres psicologicamente fracas, com algum tipo problema de relacionamento e que, ao ficarem vulneráveis, se voltam para os filhos, especialmente se eles são homens, porque são os únicos que são realmente delas e que sempre vão ser, nunca vão trair, nunca vão embora, e por aí vai”, afirma. Independente da teoria estar certa ou errada, a verdade é que algumas mães perdem a noção do limite e não medem esforços para agradar os seus eternos bebês. Casada durante dez anos com um uruguaio, a dentista Paula Garcia ficava boquiaberta todas as vezes que recebia a visita da sogra. “Como ela se hospedava em nosso apartamento, eu era obrigada a presenciar cenas ridículas e inacreditáveis. Uma das piores coisas era vê-la massageando os pés do meu ex enquanto ele assistia TV. Dá para imaginá-la, sentada na nossa cama de casal, mexendo nos pés do Pablo? Quando ela ia embora, ele ainda achava que eu tinha que fazer o mesmo”, revela.

Seria trágico se não fosse cômico, mas a fisioterapeuta Juliana Acácio até hoje usa as histórias de seu ex-namorado para divertir as amigas na mesa do bar. Segundo ela, uma das melhores era a da separação das roupas. “Tem gente que acha que é brincadeira, mas a mãe do Renato separava todos os dias de manhã a roupa que ele ia usar. Era um ritual: ela perguntava pra onde ele ia, analisava o armário de cabo a rabo e deixava as combinações organizadas em cima da cama. A única vez que eu vi o Renato com uma roupa que ele mesmo tinha escolhido, tive vontade de sair correndo. Foi um caos!!! E pra viajar? A criatura arrumava os conjuntinhos de acordo com os dias que passaríamos fora e colocava um em cada saco diferente, para ele não se confundir. Eu não sei como eu demorei tanto para cair na real e enxergar que eu nunca conseguiria ser tanta coisa ao mesmo tempo: namorada, babá e psicóloga… porque com uma mãe dessas, um dia com certeza ele iria precisar”, diverte-se.

A assistente de marketing Paola Torres conta que também entrou em pânico quando descobriu que seu namorado era incapaz de descascar uma maçã. “Parece mentira, mas é isso mesmo! Ele NUNCA tinha descascado uma maça até eu pedir uma ajudinha para fazer uma torta. Fiquei horrorizada. “Como você não sabe descascar uma maçã? Enlouqueceu?” Engraçado é que ele ficou nervoso e não entendeu o porquê do meu ataque. E não é só isso. Ele não sabe desbloquear um cartão de crédito, não sabe pedir para mudar de senha e tampouco vai ao supermercado, simplesmente porque sempre teve a mamãe fazendo tudo para ele. Isso me faz subir pelas paredes. O pior é pensar que eu vou ter que fazer tudo sozinha se a gente casar! Imagine ter que pagar todas as contas, ir ao supermercado, resolver todos os pepinos…”, diz.

A historiadora Milena Dias não quis correr o risco e terminou com o namorado assim que percebeu que não teria paciência para tentar mudá-lo. “Eu acho muito complicado tentar modificar uma pessoa que foi criada a vida inteira de forma errada, não vai ser o casamento que vai fazer esse milagre. Além disso, o meu ex era daquele tipo supermimado que acha tudo muito normal, tudo muito natural. Porque tem aqueles que são mimados, mas têm consciência disso… e ele não tinha! Culpa da mãe dele, que levantava da cama a qualquer hora da noite para fritar bife para o neném, ou para passar roupa, ou para qualquer coisa que ele pedisse. Pra mim, a gota d’água aconteceu quando nós viajamos juntos e eu, cheia de boa vontade, fiz um jantar maravilhoso à luz de velas e ele não teve a mínima delicadeza de se oferecer para me ajudar a arrumar as coisas depois. Precisei de apenas algumas semanas para entender que ele estava apenas reproduzindo comigo esse relacionamento folgado que tinha com a mãe. Pulei fora, é claro!”, conta.

Aturar um homem mimado e mal-acostumado é mais do que uma prova de amor, mas para a tradutora Graziela Oliveira nada pode ser pior do que conviver com alguém que insiste em manter a própria mãe no alto de um pedestal. “Fico indignada porque o Leonardo acha a mãe dele o máximo e eu fico sempre com aquela sensação de que nunca vou conseguir chegar aos pés dela. A comida dela é a melhor, por mais que o almoço seja um básico e desprezível miojo, e o que ela fala está sempre certo, por mais que eu tenha absoluta certeza que não está. Quando ele fica doente então.. é insuportável, porque por mais que eu me esforce pra agradá-lo e procure fazer tudo para que se sinta bem, acabo sempre ouvindo ele resmungar que gostaria que a mamãe estivesse por perto. Dá pra acreditar?”, questiona ela.

Assim como todas a maioria das mulheres, você também deve ter as suas reclamações. Então, na hora de criar seus próprios filhos, lembre-se: VOCÊ UM DIA TAMBÉM SERÁ SOGRA!