Alerta como o de Tadeu em relações abusivas é essencial: o que voce precisa saber antes de intervir

Após atitudes grosseiras do modelo Gabriel Tavares com a atriz Bruna Griphao no “Big Brother Brasil” 23 virarem alvo de críticas tanto dentro quanto fora da casa, o apresentador do programa, Tadeu Schmidt, tomou uma atitude bastante direta ao vivo na edição do último domingo (22).

Na ocasião, Tadeu se dirigiu a Bruna e Gabriel afirmando que a relação dos dois tem sido marcada por comportamentos “estranhos” visíveis ao público e aos demais na casa – e, segundo a psicóloga Alessandra Augusto, especializada em terapia sistêmica e cognitivo comportamenta, este tipo de atitude é muito importante para quem está em uma relação tóxica.

Tadeu Schmidt chama atenção para relação de Bruna e Gabriel

Após trocarem o primeiro beijo logo na primeira festa do “BBB”, Bruna Griphao e Gabriel Tavares engataram uma relação no reality – e, mesmo que o relacionamento tenha apenas alguns dias, já deu o que falar tanto entre o público quanto entre os participantes e demais envolvidos no programa.

Ao longo dos poucos dias de envolvimento entre os dois, Gabriel teve comportamentos e falas que chamaram a atenção na web. Em dados momentos, ele foi bastante grosseiro com Bruna, a empurrou e chegou a falar com a atriz em tom de ameaça – e, embora ela tenha se mostrado desconfortável em algumas destas ocasiões, seguiu com a relação.

Na edição do último domingo, porém, o apresentador Tadeu Schmidt tocou no assunto em meio a uma mobilização do público, que tem comparado a situação com a vivida por Emilly Araújo e Marcos Harter no “BBB” 17, que culminou na expulsão dele. Na ocasião, Tadeu foi direto e aconselhou o casal ao vivo.

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“Vocês estão percebendo que tem alguma coisa errada? Eu estou aqui para fazer um alerta antes que seja tarde. Quem está envolvido em um relacionamento talvez nem perceba, ache que é normal. Mas quem está de fora consegue enxergar quando os limites estão prestes a ser gravemente ultrapassados”, disse o apresentador.

Em seguida, Tadeu destacou um diálogo entre Bruna e Gabriel no qual o modelo afirmou que a atriz logo levaria “umas cotoveladas na boca”, e se referiu diretamente a ele para aconselhá-lo. “Gabriel, em uma relação afetiva certas coisas não podem ser ditas nem de brincadeira”, pontuou Tadeu, finalizando então o recado.

Relacionamentos tóxicos e abusivos: a importância de interferir

Após a fala de Tadeu Schmidt, Bruna, sem a presença de Gabriel, se abriu sobre relações anteriores, afirmando já ter vivido agressões e outras situações tóxicas. No contexto, ela foi acolhida e aconselhada por outras participantes, que pontuaram a importância de ela se priorizar e buscar enxergar o machismo nas falas dele.

Isso, segundo a psicóloga Alessandra Augusto, da clínica Psicoacess, no Rio de Janeiro, tem uma importância enorme em relações permeadas por atitudes desrespeitosas e agressivas, como a vivida por Gabriel e Bruna – e tudo começa com a fala de Tadeu, ou seja: o ato de interferir em um relacionamento ao notar que algo não vai bem.

No programa, Tadeu Schmidt é “neutro” por estar fora do convívio e tem como material para sua interferência o fato de que a casa onde Bruna e Gabriel estão é “vigiada” pelo público durante o dia e a noite. Isso dificulta, por exemplo, que ocorram situações comuns de relacionamentos abusivos vividos longe das câmeras, como o isolamento total da vítima.

Relacionamento abusivo
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Não só por manipulação do abusador, mas porque é comum que familiares e amigos se afastem com medo de criar mais problemas e receio de também passar por agressões, a vítima tende a ficar sozinha – e, sem ninguém para interferir, impera a ideia de que não há nada de errado com aquilo.

“Quando dizemos que quem vê de fora vê melhor é porque quem está na relação muitas vezes se envolve nos afetos. As emoções estão à flor da pele e ela passa a duvidar da própria sanidade, do próprio discurso. A pessoa é seduzida por um comportamento de insistência, de elogios, de admiração e, quando vai acontecendo essa falta de limite, é muito sutil”, disse.

Por isso, é comum que muitas vítimas de abuso não só não enxerguem a situação como ela é, mas se defendam como se a interferência externa fosse uma crítica. É aí, porém, que entra mais uma importância de interferir; assim como aconteceu na casa, um alerta motiva outros, e diferentes pontos de vista podem ajudar a vítima a ampliar seu olhar.

Um relacionamento abusivo nem sempre é percebido pela vítima
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Há, no entanto, formas mais e menos adequadas de fazer este alerta. Segundo Alessandra, ser muito incisivo na hora de alertar a vítima, às vezes com falas que beiram a crítica ou a fazem se sentir envergonhada, pode surtir o efeito oposto. Sendo assim, o mais indicado é ter paciência, dar exemplos, sempre com empatia e compreensão.

“Sempre peço a aqueles que estão em volta que tenham paciência, porque a vítima de fato não consegue enxergar. Vamos com paciência, com cuidado, trazendo exemplos e pedindo para a própria vítima avaliar. ‘É natural que uma pessoa ameace dar cotoveladas com uma semana de convívio?’. Se formos, aos poucos, fazendo com que ela abra a percepção, é bem mais positivo’”, diz ela.

Por fim, Alessandra afirma ser cedo para classificar a relação de Bruna e Gabriel como abusiva ou avaliar se, em algum momento, ela ainda pode melhorar – mas, apesar disso, já é possível enxergar, como pontuado por Tadeu, sinais de alerta. “Pelo que podemos ouvir, ver e perceber, não é uma relação saudável”, conclui.

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