Após atitudes grosseiras do modelo Gabriel Tavares com a atriz Bruna Griphao no “Big Brother Brasil” 23 virarem alvo de críticas tanto dentro quanto fora da casa, o apresentador do programa, Tadeu Schmidt, tomou uma atitude bastante direta ao vivo na edição do último domingo (22).
Na ocasião, Tadeu se dirigiu a Bruna e Gabriel afirmando que a relação dos dois tem sido marcada por comportamentos “estranhos” visíveis ao público e aos demais na casa – e, segundo a psicóloga Alessandra Augusto, especializada em terapia sistêmica e cognitivo comportamenta, este tipo de atitude é muito importante para quem está em uma relação tóxica.
Tadeu Schmidt chama atenção para relação de Bruna e Gabriel
Após trocarem o primeiro beijo logo na primeira festa do “BBB”, Bruna Griphao e Gabriel Tavares engataram uma relação no reality – e, mesmo que o relacionamento tenha apenas alguns dias, já deu o que falar tanto entre o público quanto entre os participantes e demais envolvidos no programa.
o jeito que o Gabriel tratou e a Bruna e empurrou ela agora (?) gente ele é péssimo pic.twitter.com/XAqvbMVoq9
— n (@thehudrend) January 22, 2023
Ao longo dos poucos dias de envolvimento entre os dois, Gabriel teve comportamentos e falas que chamaram a atenção na web. Em dados momentos, ele foi bastante grosseiro com Bruna, a empurrou e chegou a falar com a atriz em tom de ameaça – e, embora ela tenha se mostrado desconfortável em algumas destas ocasiões, seguiu com a relação.
Na edição do último domingo, porém, o apresentador Tadeu Schmidt tocou no assunto em meio a uma mobilização do público, que tem comparado a situação com a vivida por Emilly Araújo e Marcos Harter no “BBB” 17, que culminou na expulsão dele. Na ocasião, Tadeu foi direto e aconselhou o casal ao vivo.
https://twitter.com/silviacoments/status/1616984189521346560
“Vocês estão percebendo que tem alguma coisa errada? Eu estou aqui para fazer um alerta antes que seja tarde. Quem está envolvido em um relacionamento talvez nem perceba, ache que é normal. Mas quem está de fora consegue enxergar quando os limites estão prestes a ser gravemente ultrapassados”, disse o apresentador.
Em seguida, Tadeu destacou um diálogo entre Bruna e Gabriel no qual o modelo afirmou que a atriz logo levaria “umas cotoveladas na boca”, e se referiu diretamente a ele para aconselhá-lo. “Gabriel, em uma relação afetiva certas coisas não podem ser ditas nem de brincadeira”, pontuou Tadeu, finalizando então o recado.
a fala de Tadeu para Gabriel e Bruna #bbb23pic.twitter.com/KhFvq3nePn
— ᵖᵉᵘ (@comentapeu) January 23, 2023
Relacionamentos tóxicos e abusivos: a importância de interferir
Após a fala de Tadeu Schmidt, Bruna, sem a presença de Gabriel, se abriu sobre relações anteriores, afirmando já ter vivido agressões e outras situações tóxicas. No contexto, ela foi acolhida e aconselhada por outras participantes, que pontuaram a importância de ela se priorizar e buscar enxergar o machismo nas falas dele.
Isso, segundo a psicóloga Alessandra Augusto, da clínica Psicoacess, no Rio de Janeiro, tem uma importância enorme em relações permeadas por atitudes desrespeitosas e agressivas, como a vivida por Gabriel e Bruna – e tudo começa com a fala de Tadeu, ou seja: o ato de interferir em um relacionamento ao notar que algo não vai bem.
No programa, Tadeu Schmidt é “neutro” por estar fora do convívio e tem como material para sua interferência o fato de que a casa onde Bruna e Gabriel estão é “vigiada” pelo público durante o dia e a noite. Isso dificulta, por exemplo, que ocorram situações comuns de relacionamentos abusivos vividos longe das câmeras, como o isolamento total da vítima.
Não só por manipulação do abusador, mas porque é comum que familiares e amigos se afastem com medo de criar mais problemas e receio de também passar por agressões, a vítima tende a ficar sozinha – e, sem ninguém para interferir, impera a ideia de que não há nada de errado com aquilo.
“Quando dizemos que quem vê de fora vê melhor é porque quem está na relação muitas vezes se envolve nos afetos. As emoções estão à flor da pele e ela passa a duvidar da própria sanidade, do próprio discurso. A pessoa é seduzida por um comportamento de insistência, de elogios, de admiração e, quando vai acontecendo essa falta de limite, é muito sutil”, disse.
Por isso, é comum que muitas vítimas de abuso não só não enxerguem a situação como ela é, mas se defendam como se a interferência externa fosse uma crítica. É aí, porém, que entra mais uma importância de interferir; assim como aconteceu na casa, um alerta motiva outros, e diferentes pontos de vista podem ajudar a vítima a ampliar seu olhar.
Há, no entanto, formas mais e menos adequadas de fazer este alerta. Segundo Alessandra, ser muito incisivo na hora de alertar a vítima, às vezes com falas que beiram a crítica ou a fazem se sentir envergonhada, pode surtir o efeito oposto. Sendo assim, o mais indicado é ter paciência, dar exemplos, sempre com empatia e compreensão.
“Sempre peço a aqueles que estão em volta que tenham paciência, porque a vítima de fato não consegue enxergar. Vamos com paciência, com cuidado, trazendo exemplos e pedindo para a própria vítima avaliar. ‘É natural que uma pessoa ameace dar cotoveladas com uma semana de convívio?’. Se formos, aos poucos, fazendo com que ela abra a percepção, é bem mais positivo’”, diz ela.
Por fim, Alessandra afirma ser cedo para classificar a relação de Bruna e Gabriel como abusiva ou avaliar se, em algum momento, ela ainda pode melhorar – mas, apesar disso, já é possível enxergar, como pontuado por Tadeu, sinais de alerta. “Pelo que podemos ouvir, ver e perceber, não é uma relação saudável”, conclui.