Até pouquíssimo tempo associado à prática do sexo anal, os lubrificantes conseguiram se livrar do preconceito e, aos poucos, introduziram-se na rotina sexual dos casais. Você não precisa estar disposta a testar as posições do Kama Sutra para fazer uso de um lubrificante. Geralmente à base de água, o produto é um ótimo recurso para melhorar o ato sexual. E não pense que você é a única que agradece. Os homens também percebem a diferença, e aprovam.
A história do lubrificante
Inventado em 1916, o KY foi o primeiro lubrificante a ser comercializado no mundo. Apesar da precocidade, nessa época sua utilidade era bem diferente da atual. Seu uso era restrito à área médica, a fim de facilitar consultas ginecológicas e alguns procedimentos laboratoriais, como é feito ainda hoje.
Os brasileiros, porém, não tiveram a mesma sorte. Apesar de ter sido lançado há 90 anos, foi só em 1990 que o produto chegou ao Brasil. Isso significa que a geração de mulheres que hoje está na casa dos 40 e entrando na menopausa não teve contato com os lubrificantes durante a iniciação sexual. Talvez muitas delas nunca sequer tenham feito uso do produto e estejam sofrendo com a diminuição de lubrificação típica desta fase da vida.
A realidade, felizmente, mudou bastante na última década. Ginecologistas e terapeutas sexuais não apenas prescrevem como incentivam o uso de lubrificantes na relação. A sexóloga Glene Faria comenta: “Prescrevo lubrificantes em qualquer idade, tanto para as que estão iniciando a vida sexual, quanto para as de idade mais avançada. É muito bem-vindo na relação, acho que deveria fazer parte dá nécessaire de qualquer mulher, juntamente com o preservativo”.
Eles acham que se a mulher não fica molhada é sinal de que não o ama
Apesar da indicação médica, as mulheres ainda enfrentam resistência na hora de levar o produto para a cama. O culpado, acredite ou não, são seus parceiros. “Alguns homens têm preconceito quanto ao uso do lubrificante. Isso demonstra um problema que eles têm em relação à própria sexualidade. Eles acham que se a mulher não fica molhada, é sinal de que não o ama”, lamenta Dra. Glene.
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Esta idéia equivocada foi exatamente um dos empecilhos nos quais o empresário Márcio Santos esbarrou quando resolveu lançar uma nova marca de lubrificante no país, o Show Gell. Durante o lançamento, realizado em uma feira erótica de São Paulo, Márcio sentiu o preconceito na pele. “Aproveitamos o evento para distribuir amostras do produto. Mas os homens ficavam ofendidos, diziam que não precisam daquilo. Eles ainda associam o produto ao sexo anal e à homossexualidade. Tanto que o percentual de homens heterossexuais que compra lubrificante é muito pequeno. Não percebem que aquilo pode tornar o sexo mais agradável para suas parceiras”, constata Márcio.
Prateleira de opções
Se por um lado eles estão cheios de preconceitos, elas estão adorando a novidade. “Antes de definirmos os detalhes do nosso lubrificante realizamos uma pesquisa informal sobre os hábitos de consumo do brasileiro. Foi quando descobrimos que as mulheres são as responsáveis por introduzir o lubrificante na vida sexual do casal. Elas estão vivendo mais e melhor, e começando a aproveitar a vida sexual em uma outra fase da vida”, diz Márcio, que após o lançamento do Show Gell se surpreendeu com a procura pelo produto, disponível em boutiques eróticas e nas farmácias da rede Farmalife.
Na busca por um lubrificante que agrade, elas estão dispostas a experimentar de tudo um pouco. Mas se você é da época em que o único lubrificante disponível no mercado era o KY, está na hora de se atualizar. As marcas são muitas e os objetivos também. Até mesmo o veterano KY oferece uma outra versão, o KY Warming, que aquece levemente em contato com a pele. “Pretendemos lançar novos produtos já dentro desta idéia de lubrificantes que servem para tornar a intimidade do casal ainda melhor”, afirma Eduardo Seidenthal, gerente de marketing da marca.