Meu carro foi roubado, e agora?

Passar o sábado no parque, passeando com os filhos, pode ser considerado um programa perfeito. E é, no que depende da gente! O problema é quando a falta de segurança pública interfere no roteiro, fazendo com que o fim da programação não tenha final feliz: seu carro foi roubado. Samantha Shiraishi, jornalista, conta pra gente como foi essa desagradável experiência e aproveita para dar dicas do que fazer e não fazer ao contratar um seguro de carro.

Imaginem a cena: após um passeio delicioso no Parque Ibirapuera com direito a exposição na Oca e almocinho com amigos, você segue ultracansada para o local onde deixou seu carro e encontra um vazio. Sim, um vazio no lugar onde tem absoluta certeza que o deixou.

Isso aconteceu comigo num sábado de sol de dezembro, na companhia das crianças (exaustas) e eu só tive certeza de que o erro não era meu porque parara bem pertinho do aluguel de bicicletas e da guarita da guarda metropolitana. Lugar seguro, não é mesmo? Para ajudar, sábado de manhã é dia de aula para motociclistas (o local fica em frente ao Detran-SP) e estava bem agitado quando eu saí.

A situação podia ter acontecido com você na balada, com sua mãe no supermercado, com sua irmã no shopping. Dizer que o meu carro da época era “muito visado” (argumento que o policial que me atendeu usou) é injusto porque a gente não escolhe isso quando compra o primeiro carro zero. Mas, a partir do segundo, tudo que diz respeito ao carro e como ele pode ser segurado por empresas passa a ter um valor imenso. Por sorte eu tinha seguro total e em menos de um mês estava com um carro novo – desta vez um modelo menos visado, admito. E eu tinha um bom seguro porque, vejam minha “sorte”, antes deste zerinho roubado no parque eu tinha sofrido um acidente com um caminhão. Não foi barbeiragem minha não: eu estava voltando do trabalho de uma amiga (fui fazer uma boa ação porque ela esqueceu a chave de casa) e esperava o sinal abrir paradinha numa rua perto de casa. Era o terceiro veículo depois do farol e gravei bem isso porque quando o caminhãozinho ficou sem freio – sim, imaginem, o caminhão ficou sem freio e não conseguiu segurar! – meu carro foi jogado para frente e bateu nos outros três. Num deles estava uma mãe com bebê de nove meses… por sorte os meus filhos não estavam comigo porque o carro foi amassado e ficou parecendo uma sanfona meio fechada! Se eles estivessem no banco de trás não sei se sairiam totalmente ilesos!

Mas, enfim, não sofremos nada além do prejuízo material. E foi ele quem me ensinou que vale muito a pena ter seguro para evitar transtornos maiores no caso de acidentes ou roubos. Há também outros imprevistos, como incêndio, queda de objeto sobre o veículo, além de danos aos pneus ou à pintura e as inundações, situações mais comuns no começo do ano em várias cidades – mais ainda na capital paulista, onde eu vivo. Mas além disso, é compensador saber que, se você tiver sido o responsável por algum acidente que resulte em danos materiais ou corporais a outras pessoas, como aconteceu com o motorista do caminhão sem freio, o pagamento das despesas estão garantidos sem acabar com sua conta bancária.

Acabei de trocar de carro (lembram que contei na última coluna que tive mini consultores para definir detalhes do novo modelo?) e acertei o seguro por Twitter, pois felizmente meu corretor de seguros é super geek como eu – ao mesmo tempo em que fechava a compra na concessionária e só saí da loja depois que estava protegida.

Mas como saber se o que nos oferecem é o melhor? Se você está em vias de trocar de carro ou decidiu fazer o seguro, vale seguir algumas dicas:

– Encontre um bom corretor: parece besteira, mas eu aprendi, ao deixar de fazer seguro com o corretor que atendia meu pai ou meu sogro há anos, que a gente tem alguns direitos que eles esquecem. Então o melhor é buscar um corretor bem profissional (e

vale aquela dica de fazer sempre 3 orçamentos diferentes, né?). E na hora de negociar, lembre que a comissão de um corretor de seguro de automóveis gira entre 10% e 20%, o que orienta sua margem para negociar.

– Quem dirige com atenção tem desconto: e as mulheres, por serem um grupo com menos índice de envolvimento em acidentes, costumam pagar menos do que os homens.

– Não decida pelo preço, considere a relação custo X benefício: não deixe de verificar quais as coberturas e os tipos de serviço que cada uma das seguradoras oferece. Compare e tenha certeza do que é melhor para o seu caso. Pergunte até cansar e seja

detalhista com tudo o que está no contrato.

– Seguro de acordo com o perfil do segurado: mais justo, este novo cálculo é feito em função das características do motorista, da condição do veículo e dos riscos aos quais ele está exposto. Eu, que trabalho em casa, moro em edifício com segurança, não

faço faculdade (sério, isso pesa) e já passei dos 35 anos tive bons descontos. Pesou também o fato de ter carta de motorista há alguns anos e nunca ter tido multas ou infrações. Tudo isso eu informei (e me comprometi com a veracidade do que contei)

num longo questionário que respondi antes de contratar o seguro.

– Atenção nos detalhes: verifique isso sem cansaço com as letras miúdas, especialmente  a parte dos casos que não prevêem indenização — como carros conduzidos por  pessoas não-habilitadas ou que estavam dirigindo sem a carteira de motorista ou documentos do veículo ou as panes no motor se você tentar liga-lo no meio de uma inundação.

– Lembre-se do direito a guincho: detalhes como seguro que cobre roubo de aparelho de som (no meu roubo perdi o som e o GPS, ambos fora do seguro do veículo) ou o que tem seguro-saúde podem ser dispensáveis, mas há extras como o guincho que

fazem muita diferença se você está sozinha na cidade. Vale verificar se a seguradora garante assistência técnica 24 horas, daquelas que garantem auxílio em caso de pane  mecânica, como guincho e reboque, entre outros. Confirme detalhes como o limite de  quilometragem do guincho e do reboque, quantos dias você terá direito ao carro extra (no caso do seu estar no conserto) e se tem direito a fazer um orçamento fora da rede de oficinas credenciadas.

E se você ainda tem dúvidas, não se faça de rogada: comente aí e vamos compartilhar informações e experiências como motorista. É conversando que a gente se ajuda!

Samantha Shiraishi é jornalista profissional, diplomada pela UFPR. Atuou durante 10 anos em redações de jornais e revistas no Brasil e no Japão. Edita também, em parceria com W3Comunicação, a revista eletrônica De olho nos blogs. É voluntária da SaferNet e embaixadora 2.0 do movimento Todos Para Educação. Desde junho de 2010 é a representante da América Latina no Norton Online Family Advisory Council.
Blog – A vida como a vida quer – www.samshiraishi.com