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Como se competir em nível olímpico não fosse suficientemente desafiador, muitos dos atletas que participam das Paralimpíadas do Rio de Janeiro estão lutando contra o declínio físico imposto por suas doenças. A nadadora gaúcha Susana Schnarndof é uma dessas pessoas que, a cada competição, cai um pouco de categoria em função da perda de eficiência de seu corpo e de seus movimentos. Em entrevista ao site da BBC Brasil, ela compartilhou sua história e contou como é lutar, ao mesmo tempo, pela vida e por medalhas.
História de Susana Schnarndof: da doença progressiva às medalhas na piscina
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Diagnóstico
Suzana foi diagnosticada com Atrofia de Múltiplos Sistemas (MSA) quando tinha 37 anos. A MSA é uma desordem neurodegenerativa progressiva, cujos sintomas refletem a “morte” de diferentes tipos de células nervosas no cérebro e na medula.
Quando afeta o Sistema Nervoso Autonômo, é esperada mudança em atividades involuntárias, como a digestão, o ritmo cardíaco e a pressão arterial, mas também pode afetar os movimentos, causando, por exemplo, tremores e dificuldade em se mover. A doença tende a completar sua progressão entre 5 e 10 anos e não existe tratamento específico que a retarde.
Antes do diagóstico de MSA, que chegou a ser confundida com Parkinson, síndrome do pânico e tumor no cérebro, Suzana foi pentacampeã brasileira de triatlo. Foi assustador, portanto, notar os sinais da doença em seu corpo. “Eu comecei a sufocar, não conseguia engolir a comida, comecei a perder movimentos das mãos. Eu desmaiava até dormindo”, contou à BBC.
Separação dos filhos e descoberta da natação paralímpica
Com uma filha bebê de colo e outros dois ainda crianças, aflitos em ver a mãe sofrer, Susana teve que se separar deles, que foram morar com o pai. “Foi por amor a minha decisão de não fazê-los passar por isso comigo”.
O esporte veio de forma natural, mas também como uma maneira de mostrar para eles que ela não desistiria assim tão fácil. Hoje, com 48 anos, ela participa das Olimpíadas do Rio de Janeiro.
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Progressão da doença e impacto no esporte
Em 2013, Susana foi campeã mundial, mas, depois disso, sentiu seu rendimento cair. “Entre 2014 e 2015 eu tive uma grande piora da doença, era difícil continuar competitiva. Foi um ano muito ruim”, disse à BBC.
Na Rio 2016, compete na categoria S5 da natação. Ela precisa ser avaliada a cada dois anos para que seja detectada a progressão de sua doença e, assim, ela seja colocada na categoria mais adequada. Essa é sua quarta mudança, causada por uma piora em sua coordenação motora.
A alteração de categoria permitiu que ela se classificasse para os Jogos, o que era considerado incerto antes.
A atleta paralímpica disse que, atualmente, conta com apenas 40% de sua capacidade respiratória. Com isso, diminuiu o número de braçadas que ela consegue dar sem respirar. “Já cheguei a passar mal, ter queda de pressão. É complicado para uma nadadora não ter ar”, contou à reportagem. “Meu corpo está parando de funcionar comigo viva. Eu tenho que brigar com ele”.
Esporte retardou a doença
Nesse embate, a natação é aliada. Para Susana, a natação paralímpica retardou o avanço da doença e deu ainda outra perspectiva à sua vida. “Eu não penso hoje se vou estar andando ou conseguindo falar no ano que vem. Eu penso que ano que vem tem mundial, tem competição”.
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Fora da água, Susana precisa fazer força para falar e tem de caminhar prestando muita atenção. Apesar das dificuldades, ela segue firme em seu esporte. Seus treinos de seis horas por dia, 6 dias por semanas, têm como foco um grande objetivo. “Quem tem essa doença normalmente morre depois de sete ou oito anos. Eu vou completar 12 anos e estou aqui ainda. É isso que o esporte faz por mim. Eu vou até Tóquio (em 2020).”
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