Natalie Portman discute sexualização infantil que viveu aos 12 anos: “Me senti vulnerável”

Atualmente em “Thor: Amor e Trovão”, Natalie Portman tem uma carreira longeva recheada de sucessos no cinema, que começou bem cedo, ainda na infância. Foi nessa época, inclusive, que ela viveu um verdadeiro trauma com relação à profissão.

Em entrevista ao jornal britânico The Times, a atriz revelou a sexualização que sofreu no começo de carreira, relembrando um episódio polêmico envolvendo uma crítica sobre seu primeiro papel nas telonas.

Natalie Portman fala sobre sexualização infantil em Hollywood

Natalie Portman foi a protagonista Mathilda no drama policial “O Profissional”, de 1994. Ela foi escalada aos 11 anos, gravou durante os 12, e teve uma estreia de sucesso nos cinemas.

Na história, Mathilda é a única sobrevivente de uma família que foi assassinada brutalmente e deseja se vingar. Para isso, ela conta com a ajuda do assassino profissional Leon (Jean Reno), que a acolhe em meio à tragédia. Eles fazem um acordo: enquanto Mathilda o ensina a ler e a escrever, Leon lhe ensina o básico sobre armas.

A personagem, após o evento traumático, assume uma postura “adultizada”, que conta com muito apelo sexual. Como Portman pontua na entrevista, na época, essa caracterização não causava estranhamento na produção. “Acho que naquela época era algum muito comum. Parte disso vinha dos papéis que eram escritos e outra vinha dos jornalistas que faziam questão de escrever sobre isso”.

Natalie Portman viveu Mathilda em
Léon / Gaumont

Com isso, revelou uma situação assustadora de sexualização infantil. “Lembro de uma resenha específica, de quando eu tinha 13 anos, que falava do tamanho dos meus seios”. Na época, a atriz reverteu a situação como pôde. “Eu reagi: ‘Não serei vista dessa maneira’. Me senti vulnerável e desrespeitada sendo vista dessa forma”.

Sexualidade feminina é ameaçada

A atriz vencedora do Oscar já comentou em outras ocasiões sobre como o papel a fez se sentir insegura sobre sua própria sexualidade, criando uma percepção de violência sobre o sexo. Em entrevista ao podcast do ator Dax Shephard, “Armchair Expert”, em 2020, Natalie comentou que estava ciente de que sua personagem era de certa forma uma “figura Lolita” — uma personagem com sexualização indevidamente romantizada, especialmente por ser uma menina.

“Ser sexualizada enquanto criança, acho que me afastou da minha própria sexualidade posteriormente pois me fez ter medo, e me fez (sentir) como se o único modo de ficar em segurança era ‘ser conservadora’, ou ‘eu sou séria e você devia me respeitar’, além de ‘eu sou inteligente’, ‘não me olhe desse jeito'”.

O cultivo dessa postura mais “conservadora” criou uma imagem pública que afetou sua carreira posteriormente. “Eu percebi que cultivei isso conscientemente porque me fazia sentir segura. Era como, ‘Ah, se alguém te respeita, eles não vão objetificar você’ (…). Comecei a escolher papéis menos sensuais porque eu me preocupava sobre o modo como seria percebida e se não me sentiria segura novamente”.

Portman ainda revelou que sofreu um “terrorismo sexual” durante a divulgação de “O Profissional” em discurso na Marcha das Mulheres, em 2018. “Eu estava animada quando abri minha primeira carta de fãs para ler, era uma fantasia de estupro que um homem escreveu para mim. Eu entendi muito rápido, mesmo aos 13 anos, que se eu fosse me expressar sexualmente, eu me sentiria desprotegida”, desabafou.

Machismo e sexualização