O amor é brega!

Mô, xuxu, fofinho, bilú, neném, tchutchuquinho, pituca, baby… se deixar essa lista não acaba nunca. Não há nada mais deliciosamente brega do que amar. A mente voa, o corpo treme, a mão sua. Vive-se na eterna sensação de ansiedade e expectativa. A cada toque do telefone o coração acelera. Andamos nas nuvens, nada aborrece. Mas convenhamos, o amor é muito brega! É uma loucura inspiradora que sentimos quando aquela faísca elétrica nos atinge. A lógica e razão se dissolvem como fumaça e a única coisa que vem na cabeça é aquele ser que nos tira do sério. A concentração some. Esse sentimento é amor e ele se transforma no ar que respiramos.

E como conviver com essa turbulência hormonal sem se manifestar? Por mais céticos e frios, quando estamos amando sempre vai haver espaço para aquele versinho de rima pobre, flores e músicas. Angela Pereira, 25 anos, romântica, se confessa rendida: “Outro dia me peguei ouvindo uma música do Fábio Jr. breguíssima e achei linda. Na mesma hora escrevi a letra e dei para o meu namorado. Fora às vezes em que acordo inspirada e começo a fazer poesias. O barato disso tudo é que ele adora, então me sinto na maior liberdade de expor todo meu amor. Já inventei vários apelidos, bastante contraditórios, por sinal. Gelinho cósmico, porque ele brilha no escuro de tão branco que é. Forninho, porque ele é super quente e por aí vai.”

A atriz Cássia Linhares, quando estava viajando em turnê com a peça Confissões de Adolescentes, não tinha muito tempo para o namorado. Sem problema.Logo arrumaram uma música que simbolizasse a paixäo: “sabe, tchururu…estou louco pra te ver…” de Claudinho e Bochecha foi a escolhida. Chegou até a dar o CD de presente. E toda vez que ouvia ficava suspirando e lembrando do seu gatinho. Mais nova, teve a oportunidade de ganhar uma serenata, mas a música tema não ajudou. “Linda, só você me fascina, te desejo, muito além do prazer.” do Roupa Nova cantou o apaixonado que recebeu cartão vermelho na hora por conta da seleção musical. O atual, já tem apelido e música. Anjinho, que é músico, compôs uma canção para ela. Coisas do amor…

Sandra Fróes, 40 anos, também curte esse negócio de música. “Café da Manhã” de Roberto Carlos já foi trilha sonora de um de seus relacionamentos. “Esse meu namorado era super romântico, então era delicioso fazer essas cafonices. Eu o chamava de Porquinho e todas as quinquilharias de porco que visse eu comprava. Ímã de geladeira, esculturas de cerâmica, sabonete. Várias vezes enviei flores com poesias, mas tinha que ser para o trabalho, para todo mundo ver.” O amor é mesmo exibicionista. Fábio Moreira, 25 anos, também gosta de se manifestar em público. Flores e bombons, só para o trabalho. Essas coisas de demarcar terreno. Mas em termos de músicas, já está mais moderninho. Já fizeram parte de suas trilhas sonoras as músicas: Te Ver, do Skank; e algumas da fase nova do Barão Vermelho. “Eu só gostava de escutar música do Júlio Iglesias quando transava.”, declara Mônica Werkhauser, 50 anos. Mas ainda continua com a mania de deixar bilhetes de batom no espelho do banheiro com mensagens bem cafonas. Além de dedicar todas as músicas românticas que ouve.

Para quem está sem inspiração, André Lima, 27 anos, liberou parte da letra que fez para “sua loira”: “Os raios de sol bordam nuvens multicores e no fim daquela montanha procuro a felicidade que perdi procurando mil amores. Gabrielle, como morro de saudades de você. ” Quem sabe ajuda algum apaixonado pouco inspirado. O que é raro de existir. Simone Barreto, 27 anos, ganhou um presente bastante diferente. Seu namorado pegou vários trechos de músicas e escreveu uma declaração de amor. “O terrível foi que ele resolveu gravar uma fita cantando a declaração. É claro que achei o máximo na época, mas agora acho horrível. Estávamos tão apaixonados que fizemos uma tatuagem igual na virilha. Em outro caso mais recente, joguei pétalas de rosas vermelhas na cama enquanto a pessoa dormia. Fora os strip-teases com cinta-liga e espartilhos. Realmente fico muito inspirada quando estou apaixonada.”

“Acho que fiz coisas normais de apaixonada, mas uma atitude minha realmente terrível foi pintar meu cabelo de loiro só porque o infeliz desejava. Ser brega quando está apaixonada não é novidade, o triste é perder a personalidade e se anular por causa de um amor. Pior é quando descobrimos que o cara não é nada daquilo que esperávamos, terminamos e nos achamos as maiores idiotas. ” Conclui Mariana Marques, 28 anos.

Histórias bregas sempre vão existir quando o amor é o tema. Cada um tem seu motivo ou justificativa. Tenta de alguma forma arrumar uma explicação para o inexplicável. Mas essa chibatada é certeira. De repente parece que fomos atingidos por um maremoto. Mas nada disso. Estamos agora falando de química. Mas química é uma matéria exata, totalmente racional. Como pode o amor, tão emocional, ter essa ligação tão forte com a razão? É pele, é beijo, é cheiro, é toque, é sexo. É feniletilamina, também conhecida como a mólecula do amor. Uma anfetamina natural produzida pelo nosso organismo, que tem um aumento na produção quando estamos apaixonados. Essa substância invade nosso cérebro e nos inunda de euforia. Aí, meu caro, adeus razão. Dê asas a sua imaginação e curta essa explosão de cafonice que aflora na sua mente.