Para os biólogos, ela compõe 90% do nosso corpo e cobre 2/3 do planeta, ou seja, é essencial para a vida. Para os cientistas, uma substância química formada por dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio. Religiosos acreditam que ela seja fonte de vida, purificação e renascimento. E para o seu carro, o que a água representa?
O engenheiro mecânico Carlos Henrique Ferreira explica que, assim como no corpo humano, a água exerce um papel fundamental para o bom funcionamento do coração do carro – o motor. ” A água é usada no sistema de arrefecimento do veículo com o objetivo de mantê-lo na temperatura ideal. Essa temperatura fica em torno de 87º a 105º, variando de motor para motor”, ensina Carlos Henrique.
Segundo ele, a falta de água no motor pode causar o superaquecimento do sistema e, consequentemente, sua quebra. Informações nos manuais dos veículos aconselham que uma verificação do nível de água seja feita a cada 500 Km ou antes de viagens longas, mas o engenheiro lamenta que a maioria das pessoas não tenham esse cuidado. Para ele, o ideal é que a água seja totalmente trocada a cada dois anos para uma limpeza geral do compartimento, removendo resíduos que possam causar entupimento das mangueiras, impedindo que ela circule pelo motor.
“No momento da compra do veículo, os vendedores geralmente orientam os futuros proprietários para que realizem revisões periódicas em seus carros, mas pesquisas mostram que, após dois anos de uso, apenas 30% dos proprietários retornam à concessionária para uma revisão completa”, conta.
Da mesma forma que nosso corpo precisa de vitaminas e sais minerais, os automóveis necessitam de um toque a mais para atingir um melhor desempenho, o que é dado através da mistura de aditivos à água. “Os aditivos têm por finalidade equilibrar o pH da água, não a deixando nem alcalina e nem ácida. O etilenoglicol é o seu principal componente e funciona alterando os pontos de ebulição e fusão da água, fazendo com que ela ferva acima de 100ºC e congele somente abaixo de 0ºC. O aditivo também é responsável por manter o sistema lubrificado e por evitar o acúmulo de sujeira”, explica. Ele conta que, no Brasil, a mistura é composta por 50% de água e 50% de aditivo, mas que em países muito frios é comum usar somente o aditivo.
Mas como funciona o sistema de arrefecimento do seu carro? Uma grande montadora francesa disponibiliza um site que, além de informar sobre seus veículos e modelos, promove fóruns para discussões e trocas de informações sobre sistemas automotores e dicas para a manutenção de veículos. Segundo o site, o sistema de arrefecimento é formado por seis componentes: radiador; bomba d’água; dutos internos ou galerias; ventilador; termostato; e indicador de temperatura.
Conheça agora a função de cada um deles:
Radiador – Proporciona a troca de calor no sistema. O líquido aquecido proveniente do motor, ao passar pelos dutos do radiador, sofre um resfriamento devido à circulação de ar por suas aletas. Já resfriado, o líquido retorna ao motor.
Bomba d’água – Melhora a circulação da água no sistema. Observação: mesmo sem a bomba d’água, o líquido circularia por causa de um processo físico conhecido como termofissão, no qual o movimento seria provocado pela diferença de temperatura.
Dutos Internos ou Galerias – Tubulação que a água percorre por dentro do motor para absorver o calor. Fica localizada no cabeçote e no coletor de admissão.
Ventilador – Também conhecido como ventoinha, é usado para ventilar as aletas do radiador, reduzindo sua temperatura.
Termostato – Responsável pelo controle de temperatura do motor. É uma válvula que abre e fecha para a passagem, ou não, do líquido de arrefecimento. Quando fechada, não ocorre a troca de calor, fazendo com que o líquido no motor sofra um rápido aquecimento. Quando aberta, permite que o líquido resfriado penetre no interior do motor, baixando sua temperatura.
Indicador de temperatura – Localizado no painel do veículo, sua finalidade é informar ao motorista sobre as condições de temperatura do motor.
“Para evitar problemas nos sistemas automotores, é imprescindível que os motoristas mantenham em ordem todos os componentes listados acima”, sugere a montadora. Carlos Henrique também lembra que os condutores devem ter cuidado dobrado na hora de verificar o nível da água no reservatório, por causa da pressão no interior do sistema. ” Ao abrir o reservatório, a água poderá ferver e explodir, causando queimaduras graves. Por isso, o ideal é que isso seja feito com o carro ligado, para que a bomba mantenha a água circulando, o que diminuirá sua temperatura”, explica. O especialista lembra que, mesmo realizando corretamente a manutenção do carro, alguns problemas como vazamento de água ou falhas elétricas na ventoinha podem acontecer, causando o superaquecimento do veículo. “É importante ficar atento ao indicador de temperatura no painel do carro”, finaliza.
Outros sinais podem identificar problemas no sistema de arrefecimento do veículo.
a) Poças d’água debaixo do carro podem ser sinal de vazamento na mangueira, mas também podem ser causadas pelo sistema do ar condicionado, principalmente em dias muito quentes. Antes de ligar para o mecânico, vale a pena tirar a dúvida!
b) O funcionamento ininterrupto da ventoinha pode identificar o superaquecimento no motor. Neste caso, mantenha a calma e estacione em local seguro. Muito cuidado ao abrir o capô do carro, pois, em caso de vazamento, a água fervendo poderá espirrar causando graves queimaduras. Lembre-se também de nunca abrir a tampa do compartimento de água logo após desligar o carro por causa da pressão do sistema.
Bom, agora que você já conhece um pouco mais sobre seu carro e sabe a importância da água para o seu desempenho, que tal fazer uma revisão para evitar problemas?