O que é o termo “pick me girl”, ao qual Key está sendo associada por atitudes com mulheres no BBB?

Em meio às polêmicas que Key Alves já se envolveu em menos de um mês no BBB 23, algumas falas sobre outras participantes, especialmente Bruna Griphao e Larissa, têm incomodado internautas. Algumas delas até incluíram ofensas que renderam posicionamentos nas redes das equipes das sisters.

Diversas perspectivas de Key tem sido apontadas como típicas do que a internet nomeou como “pick me girl” (em português, “garota ‘me escolha'”). A seguir, entenda do que se trata.

Por que Key Alves está sendo chamada de “pick me girl”?

Key Alves
Reprodução/ Globoplay

Logo nos primeiros dias de BBB 23, quando todos os participantes ainda estavam “amarrados” em duplas, Key já mostravava sua reprovação em relação a Bruna e Larissa, mesmo sem muito contato direto com ambas.

Em conversa com Fred Nicácio e Gustavo, com quem vive um affair, ela acusou Bruna e Larissa de “não saberem o alfabeto”, além ironizar que as duas dançaram coreografias do TikTok durante a primeira prova do programa, que foi de resistência.

Já em outro papo com Fred Nicácio, Key disse “sentir” que Bruna “competia” com ela para ver quem seria a mais atraente da edição, tendo o apoio do médico. Ela não especificou o motivo, embora, na época, a casa ainda contasse com outras nove mulheres.

https://twitter.com/ngmviuajenni/status/1617316981434195968

Dias depois, Key seguiu criticando Bruna. Em um desabafo com Gustavo, a jogadora de vôlei disse: “Ela é atriz, vagabunda. Nossa, zero paciência para esse povo. Ela é muito mimadinha, muito nojentinha. É vômito na certa para ela”.

Depois de Bruna, foi Larissa que passou a ser apontada por Key. Para Cristian, Gustavo e Ricardo, a jogadora de vôlei afirmou que Larissa entrou no BBB 23 apenas para “dançar e ganhar seguidores”. Além disso, a acusou de viver um romance com Fred “Desimpedidos” por puro interesse.

Os ânimos se exaltaram com o passar dos dias e da convivência. Recentemente, Key usou o termo “cachorra” para se referir à Larissa, que, segundo ela, fica “secando” Gustavo. Ele e Fred Nicácio concordaram com as acusações, e o médico foi além com uma referência que ele fez à fala de Key, aos risos: “Jeito de ‘cachorra’, cheiro de ‘cachorra'”.

https://twitter.com/choquei/status/1623278729056120834

Depois da última festa do Líder Gustavo, Key persistiu acreditando no interesse de Larissa por ele, narrando para outros brothers que, durante a ocasião, viu a sister “jogando” o corpo em cima do seu companheiro, que estava ao lado de Cara de Sapato.

Apesar da concordância de Gustavo, internautas resgataram o momento e contestaram a versão de Key.

Na mesma festa, Bruna machucou o joelho e teve o auxílio de Gustavo em determinado momento. Novamente, para Fred Nicácio, Key não poupou o desabafo sobre ciúmes. “Se eu tiver dor no meu joelho, não vou querer que ninguém fique passando a mão. (…) Me poupe”, reclamou.

O que é “pick me girl”?

O termo “pick me girl” se popularizou a partir de memes nos anos 2020 fazendo referência a garotas que querem ser escolhidas e fazem de tudo para chamar a atenção de garotos. Nesse esforço, vira uma possibilidade diminuir outras mulheres, seja pela aparência, pelo comportamento ou qualquer outra coisa que as coloquem como inadequadas ou piores que a “pick me girl”.

Há até uma canção que viralizou com o tema: “Eu concordo com o machismo”, ironiza a cantora Anny Koch, famosa no TikTok, em uma música autoral.

Key Alves
Reprodução/ Globoplay

A necessidade de ser “a escolhida” pelo homem e diminuir outras mulheres, no entanto, não é tão recente quanto o termo hit e, de fato, pode estar relacionado a conceitos machistas que acabam assimilados pela mulher de maneira que ela muitas vezes sequer se dá conta.

Para a psicóloga Alessandra Augusto, especializada em terapia sistêmica e cognitiva comportamental, a atitude de uma mulher rivalizar o tempo inteiro com outras, reproduzindo, por exemplo, o senso comum de afirmar que “toda mulher é fofoqueira e falsa”, esconde o que ela determina como uma misoginia internalizada, sendo Key vítima desse “aprendizado” que é cultural e, portanto, inconsciente.

“Elas nutrem ódio ao gênero que pertencem. Historicamente, é um sentimento que é alimentado. Meninos são criados para serem amigos, enquanto meninas crescem ouvindo que precisam ‘ficar de olho’ no próprio homem para que outra não fique com ele”, explica.

Por que o comportamento é prejudicial?

Key Alves e Bruna Griphao no BBB23
Reprodução/Globoplay

Dessa forma, não necessariamente Key precisa de atenção masculina ao falar mal de Larissa e Bruna, mas apenas sustentar o confronto indireto que, mentalmente, criou com ambas. Magras, com o cabelo liso e perfeitamente assimiladas pelo padrão de beleza: este é ponto que, segundo a psicóloga, também impulsiona Key a ofendê-las.

“Quanto mais trejeitos considerados femininos, mais há espaço para atacar e buscar exclusividade. Mulheres com misoginia internalizada gostam de se sentir superiores às outras e ouvirem, de homens, que são diferentes de todas que ele já se relacionou”, observa a psicóloga.

Larissa e Bruna Griphao
Reprodução/ Globoplay

“Freud [considerado o ‘pai’ da psicanálise’] já dizia que, nas críticas às outras pessoas, refletimos o que verdadeiramente existe em nós. Atacamos o que nos confronta ou aquilo que gostaríamos de ser. O que ela está fazendo é deixar de apoiar o próprio gênero e trocar conhecimento feminino, como acontece com os homens”, conclui Alessandra.

Comportamento no BBB 23