Óculos para dirigir: quais problemas de visão atrapalham motoristas

A visão é um dos principais sentidos que utilizamos na hora de dirigir. Enxergar em profundidade, ter a capacidade de discernir as cores e utilizar um campo visual extenso são alguns dos pré-requisitos para uma pessoa se tornar apta a comandar um veículo. Porém, depois de receber o documento, devemos ficar por dentro dos sintomas e das doenças que podem atrapalhar a sua visão e embaçar a sua direção.

Você sabia que cada categoria de CNH requer uma acuidade visual diferente? A acuidade visual (AV) é o grau de aptidão do olho para discriminar os detalhes espaciais, ou seja, a capacidade de perceber a forma e o contorno dos objetos. E cada categoria requer uma aptidão maior, na hierarquia de A até E. “O motorista com a habilitação que permite conduzir veículos maiores e ficam mais tempo ao volante, como os de ônibus e minivans, são responsáveis por mais vidas”, explica Rita Moura, oftalmologista membro da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego ABRAMET.

Depois de obter a primeira habilitação, o motorista refaz os exames médicos a cada cinco anos, na oportunidade da renovação. Apesar disso, o cuidado com a visão deve ter uma periodicidade muito menor. ” O ideal é fazer um exame oftalmológico anual. A partir de 40 anos, então, essa periodicidade é quase obrigatória”, recomenda Ricardo Japiassú, oftalmologista, membro titular da Sociedade Brasileira de Oftalmologia SBO.

O risco apontado pelos especialistas são as doenças assintomáticas, ou seja, os problemas que têm ação silenciosa e podem levar até mesmo a cegueira caso não sejam tratados. Como a visão é um dos principais sentidos utilizados no ato de conduzir, todo o cuidado é pouco. “Além disso, o exame do Detran, que é realizado pelos profissionais regularizados pela ABRAMET, não tem a função de fazer um diagnóstico. É um exame de aptidão. Caso o motorista não esteja apto, a nossa recomendação é encaminhá-lo a um oftalmologista para obter o diagnóstico”, completa Rita.

Muitos motoristas só podem dirigir com a utilização de óculos ou lentes corretivas. Isso porque, no exame, o condutor pode ser avaliado como “apto” ou “apto com restrições”. Nesse quadro se encaixam os vícios de refração mais comuns: miopia, astigmatismo e hipermetropia. “Se você tiver essa restrição na CNH, dirigir sem ela constitui uma infração de trânsito e um risco temerário ao volante”, alerta a especialista da ABRAMET.

A situação ideal para dirigir é ter uma visão confortável com uma boa margem visual, explica Ricardo. Caso você esteja se esforçando muito para exercer a atividade, é hora de consultar um especialista. Abaixo, o membro da SOB cita as principais doenças e seus sintomas:

Vícios de refração: Qualquer que seja o caso, os sintomas são parecidos. “O motorista já não reconhece as placas e o problema se agrava à noite. O reflexo dos faróis embaça a visão por um tempo maior do que o normal”, descreve o especialista sobre os sintomas de quem tem o seu grau aumentado e precisa de uma correção maior nas lentes.

Catarata: Diferente dos casos de vícios de refração, os sintomas da catarata aparecem mais durante o dia. Os raios luminosos do sol não conseguem atingir plenamente a retina onde se situam os receptores fotossensíveis e, assim, o portador de catarata tem dificuldade para enxergar com nitidez. “Nesses casos, não adianta colocar lentes de correção. É necessária uma intervenção cirúrgica”, explica Rita Moura.

Presbiopia: É também um vício de retração que aparece principalmente a partir dos 40 anos, dificultando a visão com nitidez de objetos próximos. Ao volante, Ricardo ensina um pequeno teste. “Tente observar se, ao dirigir, você consegue enxergar tudo à sua frente e mesmo assim tem dificuldade de ler os avisos no painel”, ensina.

Glaucoma: A doença é assintomática na sua fase inicial. Ao volante ela causa uma diminuição do campo visual, principalmente nas laterais. “O paciente não consegue identificar essa perda, só através de um diagnóstico médico”, ressalta Japiassú. Por isso, o especialista recomenda o exame anual a partir dos 40 anos para que possa identificar o problema em tempo hábil.

Ficou tudo mais claro?