Um dos maiores prazeres que o ser humano é capaz de sentir é o atingido através do orgasmo. Apesar dos homens terem mais testosterona do que as mulheres – o que aumenta a necessidade deles de sentir prazer – nós também temos instinto sexual, que deve ser respeitado e consumado. Ficar muito tempo sem sexo deixa qualquer uma em estado de tensão, até mais grave do que se estivéssemos em plena TPM. Mas é exatamente isso o que acaba acontecendo com as solteiras em um mês de pouca sorte, e por que não, com as comprometidas em período de estiagem.
Não é difícil entender porque o orgasmo faz tanta falta. Quem tem uma vida a dois satisfatória, repleta de prazer, sabe bem o que ele pode fazer por uma relação. Depois de um sexo gostoso, nada como sentir o corpo leve, e a mente calminha, calminha, livre de todo o estresse da semana. Debaixo dos lençóis, as diferenças são deixadas de lado e tudo termina com um beijo na barriga, em sinal de agradecimento pelo gozo proporcionado. Não é para menos. Atingir um orgasmo faz com que nosso organismo libere endorfina, deixando-nos aliviadas, tranqüilas e bem-humoradas. A sexóloga Glene Faria recomenda. “Uma vida sexual ativa retarda o envelhecimento em até dez anos, além de diminuir a freqüência de enfartos e problemas cardíacos. Fora a sensação de bem-estar que provoca na hora, devido à descarga de endorfina. Esta substância, por relaxar, ameniza a dor de cólicas menstruais e os sintomas da TPM. É como comer chocolate, só que emagrece”, compara Glene. Chato, né?
Mas se o mar não está pra peixe – e não dá nem sardinha -, o tempo fecha, e, com ele, nosso humor. “As conseqüências vão depender de como cada mulher lida com isso. Às vezes, a falta de uma troca afetiva é maior do que a do sexo em si, mas os dois são importantes numa relação”, explica Dra. Glene. Ou não. É o que se passa com a cinematografa Alice Terra, 24 anos. Para ela, a escassez é um problemão. “Depois de um mês e meio com muito tesão reprimido, passo mal com qualquer beldade que apareça na televisão. Fico tensa, e chego a ter insônia. Mas a minha tensão é mais física, pois não fico de mau humor. Muito pelo contrário, fico fazendo piadinhas a respeito do meu encalhe”, conta Alice, que acredita que sua freqüência sexual ideal seja várias vezes ao dia. “Mas do jeito em que estou, um por dia já ta valendo”, ri de si mesma.
Uma outra faceta da falta de sexo está na apelação. É quando recorremos ao passado para descarregar a tensão. A designer Rosana de Souza, 29, sofre do mal, e corre o risco de cair em tentação. “Considero reencontrar ex-namorados e casos que, em situações normais, não iria querer ver nem pintados de ouro. Também fico fantasiando em qualquer lugar, como quando vejo homens bonitos no metrô. Fico impaciente, querendo que aconteça alguma coisa. Sei que é ruim, porque assim as coisas não pintam de jeito nenhum”, aceita a designer.
Do outro lado da porta das desesperadas, está a assessora de imprensa Luciana Graça. Aos 33 anos, e solteira, Luciana não se perturba pela falta de movimento na cama. “Sexo não me faz falta, sinto falta é de amar. Não transo se não estou apaixonada, nesse caso, sexo não me faz a mínima falta. Se não for com alguém de quem eu goste, não consigo nem tirar a roupa. Tem gente que encara o sexo como um instinto animal, e age como tal. Mas eu não sei agir assim. Da intimidade do meu corpo, só desfruta quem eu amo”, diz convicta, afirmando que quantidade e freqüência não são suas preocupações.
Apesar de estarmos caminhando em direção à afirmação de nosso desejo sexual, ainda há muitas como Luciana, que preferem abrir mão do prazer a dividir um momento de intimidade sem amor. Mas quem é que disse que a falta de sexo significa falta de prazer? A sexóloga Glene Faria explica: “Quem não tem parceiro pode – e deve – resolver sua sexualidade sozinha. Seja através da masturbação, utilizando um vibrador, com um parceiro eventual ou mesmo pagando por um programa. Um bom orgasmo dá vazão à sexualidade, relaxa, e nos deixa mais felizes. Recomendo a todas que liberem seus impulsos sexuais”.
A melhor opção continua sendo unir o útil ao agradável, e temperar o prazer com pitadas de afeto. Na opinião do terapeuta sexual Celso Marzano, não há nada que se compare ao sexo feito com amor. “Uma vida sexual ativa e prazerosa com a pessoa desejada é extremamente gratificante. Nada provoca vergonha ou mal-estar, pois há cumplicidade, o que fortalece a experiência sexual. Beijar a pessoa amada produz as mais profundas sensações, como paz de espírito, satisfação emocional e alegria”, diz Marzano. E alerta para as possíveis conseqüências decorrentes da escassez. “A falta de troca de energia sexual leva a problemas emocionais, assim como a uma diminuição da auto-estima, mas se a escolha for gastar esta energia com outro tipo de prazer físico ou espiritual, não haverá grandes efeitos traumáticos”, tranqüiliza. De falta de prazer, só sofre quem quer.