Eu mostro, tu mostras, nós mostramos. Este é o lema daqueles que não perdem uma oportunidade de exibir seu potencial obsceno. Este marketing sexual pode, ou melhor, deve ser feito em qualquer lugar, menos entre quatro paredes. A não ser, é claro, que tenha uma webcan estrategicamente posicionada, pois, para essas pessoas, o prazer está intimamente ligado à publicidade. O exibicionismo é um comportamento sexual que se faz presente no quarto, na sala, na varanda e até no carro de muitos casais, que, não satisfeitos com a platéia local, ainda incluíram a tecnologia como parceira dessas horas.
Muita gente faz de tudo para não deixar o sexo cair na cama, virar pro lado e dormir. Para isso, haja imaginação, sua e dos espectadores que acompanham o rala-e-rola. Sim, porque essa matéria é para relatar experiências e sensações de pessoas que possuem algo contra as tais quatro paredes que delimitam um espaço reservado. “Quando me casei, tinha o maior tesão em transar na varanda do apartamento. A gente começava no quarto bem normalzinho e acabava em pé na varanda da sala. Meu marido me colocava contra a parede e eu ficava louca de imaginar os vizinhos vendo ele me comer ali. Hoje, estou mais comportada, me contento em ver as fotos das nossas transas no computador”, revela a dentista Fabiana Souto.
Quem não tem varanda, vai de janela aberta mesmo, sendo no primeiro andar então, é quase, quase um palco. A advogada Simone Barreto Lima conta que namorava um rapaz um tanto quanto desinibido quando o assunto era fazer alarde sexual para a vizinhança. “Ele deixava a janela aberta de propósito, adorava que os vizinhos escutassem e vissem tudo. Quem passava na rua ouvia e quem chegava na janela, via. No início, eu nem me ligava disso. Depois, comecei a notar que ele fazia propositalmente e me senti usada, com vergonha de estar servindo de chacota no prédio. Eu era a prova que ele trepava muito, que fazia e acontecia”, diz Simone.
No entanto, há pessoas que vêem no exibicionismo apenas uma forma de aumentar o prazer. O engenheiro Carlos L. confessa já ter deixado a porta do motel aberta para a camareira ver o que ele fazia lá dentro com a namorada. É, e tem mais: Carlos também assume que fica louco ao ver um passante se aproximar do carro quando ele está transando. Calma, não pensem de que se trata de um tarado. O engenheiro tem uma explicação plausível para estes seus impulsos: “É uma forma de apimentar o sexo. Mas tem que ter limites para não cair na vulgaridade e no atentado ao pudor, porque existem coisas que são fora da lei”, ressalta ele, conscientemente. A arquiteta Sabrina Monroe também adora promover shows para os vizinhos, segundo ela, voyers enrustidos. “Eu sei que tenho espectadores cativos da minha troca de roupa, da minha passada de hidratante. Então, quando recebo alguma visita masculina, não me furto de dar uma canja pros meninos. Fico mais excitada e até me dedico mais na transa, sei que tem que ser bom pra quem sente e pra quem assiste”, diz Sabrina.
Megabites, monitores e câmeras ligadas são aliados de quem está com tudo de fora e, ainda assim, não está prosa. Bastam cinco minutos de pesquisa na internet para sacar que homens, mulheres e casais expõem seus corpos na rede gratuitamente, pelo simples prazer de se exibirem. Amanda Z. explica porque mantém seu site no ar: “No começo, era brincadeira, meu marido fotografava minhas partes íntimas só para ele. Depois aquilo não foi suficiente. Então, pintou a idéia do site. Agora, virou um vício, só que nunca mostramos o rosto por causa da família e da nossa filha”, afirma. E, para Amanda, não basta apenas ser admirada por internautas anônimos, amigos queridos também são estrategicamente incluídos no desfrute. “Enviamos várias fotos nossas por e-mail para os amigos, que nem sonham de quem se trata. Abrimos várias caixas postais com nomes diferentes só pra isso”, conta ela, revelando também que só dessa maneira ela e o marido chegam aos finalmentes.
Segundo o sexólogo Arnaldo Risman, o exibicionismo é culturalmente mais praticado por homens. “Todos nós somos um pouco exibicionistas quando compramos um carro novo, uma roupa nova, o problema é quando a pessoa só obtém prazer daquela forma. O exibicionismo está inserido no campo das tarafilias, desvios do comportamento sexual”, afirma. E desviados de plantão varam a madrugada em busca de sexo explícito e gratuito. “Atualmente, a internet está sendo usada mais para fins sexuais do que educacionais. As pessoas estão passando noites inteiras na frente do computador, trocando frases e imagens sexuais. É o encontro do exibicionista com o voyeur”, analisa o sexólogo, frisando que o prazer associado à uma idéia fixa caracteriza uma patologia. Portanto, meninas, mais atenção às pistas antes de aceitar o exclusivíssimo papel de estrela pornô amadora.