Prazer na ponta da língua

Sexo oral já está deixando de ser um tabu. Cada vez mais inserido na vida sexual dos casais, essa é a modalidade mais praticada, depois da penetração propriamente dita. Aliás, não só antes, como depois e durante também. É que o sexo oral, quando bem feito, pode funcionar como uma potente arma de sedução para quem faz e um presente dos deuses para quem recebe. O segredo é combinar instinto e técnica e cair de boca!

Segundo a terapeuta sexual Marta Libonatti, o sexo oral é a união dos órgãos mais sensíveis do corpo humano. “A língua é um sensor muito importante para aguçar os sentidos. Muitas situações excitantes começam pelo paladar, como comer um doce ou beber um drinque, por exemplo”, diz. O sexólogo Marcos Ribeiro explica que a língua é um músculo moldável, ágil e delicado, e que o contato dela com a pele provoca sensações deliciosas. “O negócio é experimentar e ir descobrindo o seu poder”, garante.

“Sou louca por sexo oral, adoro fazer”, revela a empresária Helena Garcia. “Essa é a minha melhor qualidade sexual. É como se minha garganta e minha boca, fossem zonas tão ou mais erógenas que minha vagina”, conta. A arquiteta Patrícia Nunes diz que se sente poderosa. “Gosto de sentir as pulsações de acordo com os meus movimentos, dá uma sensação de competência. Sinto como se ele estivesse em minhas mãos. Ou melhor, na minha boca!”, brinca. Mas nem todas as mulheres têm essa habilidade na ponta da língua. É o caso da bailarina Denise Saldanha, que se confessa um pouco desajeitada. “Faço mais para agradar. Mas engasgo, me canso rápido. E o gosto também não é dos melhores”, admite.

E isso é mais comum do que se imagina. Uma pesquisa realizada pelo Programa de Sexualidade do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínica em São Paulo (PROSEX) revelou que a maioria dos homens casados que procura prostitutas deseja, simplesmente, um bom sexo oral. “O ideal é provocar”, diz a garota de programa Carla, 24 anos. “Não se deve ir logo tirando a roupa do cara, com muita sede ao pote. Tem que ir beijando de leve o corpo dele todo, os mamilos, a barriga e deixar o pênis e a glande por último. Fazer com que ele implore por isso. É a melhor maneira de levá-lo ao delírio. O resto é soltar a imaginação”, recomenda.

“Sabe uma coisa que eu adoro? Piquenique. Faço uma bandeja com morango, chocolate, mel, vinho e levo pro quarto”, conta a promoter Laura Bastos. “Já cheguei ao cúmulo de levar uma bolsinha térmica para o motel”, lembra. Mas nem todos os homens são fãs de um banquete erótico. O economista Marcos Teixeira diz que acaba ficando apreensivo: “Tenho medo de ela acabar mordendo a coisa errada”. Já o jornalista Eugênio Luz faz apenas algumas restrições. “Dependendo do que estiver no cardápio, eu topo. Mas coisas geladas, como sorvete e gelo, nem pensar, dói! Uma coisa que cai muito bem é deixar um líquido quente na boca, como um chá por exemplo. Fico louco”, confessa.

Para casos como esse, Carla tem um trunfo. Um drinque afrodisíaco que pode ser tomado e usado, inclusive, como acompanhamento do “prato principal”. “É simples: um bom vinho tinto seco quente, com uns três cravinhos e uma canela em pau, que são ingredientes afrodisíacos. Misturar uma casca de laranja torcida também é uma boa, para dar mais aroma e sabor. No final, é só coar e cair de boca”, ensina. Segundo a engenheira Carolina Naveiro, outro truque é chupar uma bala Halls antes de começar a brincadeira. “É muito bom, a boca fica geladinha. Não dá pra explicar, só experimentado. Mas tem que ser da preta!”, aconselha o namorado dela, o músico Marcelo Vianna.

Mas como não existem regras para o sexo, seja de qual tipo for, o ideal é fazer o reconhecimento do território e, aos poucos, descobrir o mapa da mina. “Pra mim, essencial é o serviço completo, ir e voltar, por ele todo. Mas não é só isso. A mulher precisa ter o domínio da língua e não pode esquecer de dar uma passadinha pelo períneo”, diz o biólogo Adriano Ávila. Já o fotógrafo Paulo Meireles acha que a velocidade é o fator chefe. “Tem que encontrar o meio termo e ir alternando. Devagar é chato e rápido demais fica uma coisa automática, me sinto com uma batedeira”. Outra preferência comum é a “carinha de quem tá gostando demais”. Mário Veloso, jornalista, explica melhor. “O negócio é vê-la se deliciando, concentrada, de olhos fechados. Olhar na cara fica uma coisa meio filme pornô”, alerta. O desenhista Fábio Varela completa: “Tem que ser aquela cara de quem está se fartando. Pênis não é picolé de jiló. Não sei que gosto tem, mas se tem um monte de gente que curte, não deve ser tão ruim”.

Quanto ao dilema final de cuspir ou engolir, as opiniões são variadas. “Não tenho nenhum fetiche com isso, mas quando minha namorada engole, não gosto de beijá-la logo em seguida”, conta Cristiano Amaral, economista. “Sempre temos uma jarra com água ou alguma bebida de prontidão ao lado da cama para esses casos”, diz. A diretora de arte Sofia Tumscitz é catedrática: “Cuspir! Nada dessa história de delícia cremosa!”, reclama. “Mas não pode sair também correndo pro banheiro logo depois… tem que ser discreta, senão é brochante. Uma boa solução é deixar escorrer pela boca. Não tem homem que não fique louco com isso!”, recomenda. Já a publicitária Flávia Guimarães não tem problemas com isso. “Não acho nojento. Tá certo, não é nenhum néctar, mas não é nada que cause náuseas. Engoliu, pronto, acabou o assunto!”, resolve.

O advogado Bruno Neto, que se diz tarado por sexo oral, morria de vontade que a namorada engolisse o “produto final”. “Sempre sugeria à ela e a danada sempre negava. Então, um dia estávamos no “rala e rola” e ela começou “os trabalhos”. Não perdoei: gozei e, no mesmo instante, ela vomitou. Foi um negócio terrível, me traumatizou! Algum tempo depois, eu comecei a namorar uma outra menina e, um dia, quando eu estava quase chegando lá, lembrei da minha ex-noiva vomitando e comecei a falar pra ela que estava para gozar. Contrariando as minhas expectativas, ela continuou e engoliu. Foi um espetáculo! Agora, não quero outra coisa!”, afirma.

O sexo oral não tem mistérios, mas como toda prática do gênero, não se aprende na escola. Usar a intuição para fazer novas descobertas pode ser algo tão excitante quanto o sexo em si. Mas um pouco de técnica também não faz mal a ninguém.