Será que uma amizade sobrevive à sociedade no trabalho?

Saber lidar com a diferença entre o relacionamento emocional e o profissional é o passo principal para quem quer montar uma sociedade com uma amiga. Afinal, uma amizade de sucesso não significa, necessariamente, que vá funcionar também profissionalmente. “É fundamental que sejam esclarecidas as ‘regras antes do jogo’. Ou seja, a confiança que uma amizade pode gerar, ainda que importante também para um empreendimento, não pode se sobrepor a razão ou a decisões racionais que, em muitos casos, uma sociedade ou parceria em um negócio exigem. No meu ponto de vista, seja um amigo ou uma pessoa com quem você não tenha muita relação emocional, o que deve prevalecer é uma ética profissional. Por isso, um diálogo sério e bem profissional sobre como deve ser conduzido um negócio precisa ocorrer desde o início do negócio. E ser lembrando constantemente.”, afirma o professor Levi Pereira Granja, coordenador do curso de Administração e da pós-graduação em Gestão Empresarial da FMP/Fase.

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De volta ao mercado de trabalho

Segundo ele, montar e sustentar um negócio em um ambiente que é bastante competitivo, é um desafio, mesmo se o empreendedor ou futuro empreendedor adotar uma postura profissional de gestão, fazendo uso por exemplo, de um plano de negócios. Se a sociedade for feita com um amigo, pode ser melhor em alguns pontos e não tão bom em outros. “Há vantagens e desvantagens. Se por um lado, uma amizade tem como ingrediente um alto teor de confiança, por outro pode deixar um trabalho profissional ou decisões de negócios amparadas nas emoções”, diz. “No outro extremo, quando não há muita intimidade, você fica mais ‘solto’ ou isento para tomar decisões em cima das normas contratuais ou da lógica de uma gestão mais profissional. Entretanto, passa a ter uma postura de eterna fiscalização ou desconfiança. Isso pode ser um fator importante, pois o faz ficar mais atento ao processo do empreendimento.”

Dividir as tarefas e pré-estabelecer as funções de cada um dentro da sociedade é importante, mas, de acordo com o professor, mais importante ainda é a postura e atitude de cada uma das partes da parceria quanto à profissionalização que é necessária existir no negócio. Afinal, o excesso de intimidade pode acabar causando problemas nos negócios. “Uma discussão de negócios, pode fazer transparecer sentimentos ou ressentimentos que antes somente uma intimidade preservava. Isso pode ter implicações perigosas ao empreendimento. Entretanto, pelo nível de exigência de se manter competitivo em uma sociedade que se pauta bastante no sucesso profissional, eu digo que é mais comum as questões profissionais terem  consequências indesejadas para a amizade”, afirma.

Para evitar que problemas desse tipo aconteçam, o fundamental é, primeiro deixar as regras claras desde o início. Isso pode evitar ou, pelo menos, minimizar um desgaste maior. “Se for inevitável a influência nos negócios, minha sugestão é agir da forma mais profissional, pois o empreendimento já está iniciado e há diversas pessoas e processos envolvidos, entre funcionários e clientes”,  orienta.