Sexo é um assunto que causa euforia em qualquer papo entre amigas e, nessas horas, há até quem diga que ele garante 70% de um relacionamento. Mas esses cálculos podem parecer estranhos quando se parte do princípio que um casal passa muito mais tempo convivendo e conversando do que transando. Será que o carinho e a atenção correspondem a apenas 30%? Será que um garanhão na cama pode ser realmente melhor do que homem compreensivo e gentil?
Não é o que parece. Muitas mulheres continuam com homens que não as realizam sexualmente mas que, em compensação, são verdadeiros gentlemen. E elas garantem que a troca vale a pena. “Eu namoro o Fábio há dois anos e, até hoje, ele nunca conseguiu me levar ao orgasmo. Mesmo assim, eu continuo apaixonada por ele, por tudo o que ele é, até porque sexo não é tudo numa relação, o sentimento é muito mais valioso. Eu poderia estar com um cara bom de cama pra caramba, mas se ele não me compreendesse, me ajudasse e me cobrisse de carinho, a relação não duraria nem um mês. O Fábio recompensa a defasagem sexual com muitas outras coisas que me fazem feliz. São exatamente essas coisinhas que fazem com que eu esteja com o ele até hoje, é assim que ele me satisfaz”, afirma Juliana Pedrosa, 25 anos.
Convenhamos que o sexo pode até melhorar com a prática, mas se o seu escolhido não é atencioso desde o começo, não vai ser depois da rotina – e das conseqüentes diferenças que atormentam o dia-a-dia – que ele vai sofrer uma milagrosa transformação. Casada pela terceira vez, a arquiteta Tereza Figueira sabe muito bem disso. “Não dá para negar que no início da relação sexo é tudo, mas com o tempo o que fica é o companheirismo, o afeto… Pela experiência que tive nos meus dois primeiros casamentos, acredito que a atenção conta muito mais do que o sexo, afinal a maior parte do tempo de convivência de um casal não se dá na cama. E com carinho e atenção o sexo melhora… e muito! É só uma questão de aparar arestas. Pode acreditar que com a intimidade os defeitos ficam bem mais aparentes e se o cara é um ‘brucutu’, um grosso, indiferente à tudo que acontece na vida do casal, não tem sexo que segure a relação”, revela.
Para Helena Berengher, 26 anos, o X da questão não está no fato de a mulher buscar em primeiro lugar carinho e atenção, mas sim na supervalorização que os homens dão ao sexo. “Os homens são bem mais afobados em relação ao sexo do que as mulheres. Para nós, o sexo não é primordial”, avalia. Rita Lee, inclusive, confirma a teoria em uma de suas músicas em que canta: “Papai do céu me dá um namorado, lindo, fiel, gentil e tarado.” Por coincidência ou não, o sexo aparece em último lugar na lista de qualidades do homem-sonho-de-consumo da cantora, depois de outros três pré-requisitos aparentemente mais relevantes. “Sexo é importante, mas atenção vem em primeiro lugar! É aquela velha historinha do contexto… é necessário ter quem cuide da gente, que realmente queira o nosso bem estar, que ria das nossas abobrinhas, que nos valorize, que partilhe dos momentos de alegria, que esteja ao nosso lado nos momentos de tristeza, que tenha alguma coisa para nos ensinar e que aceite o que temos para ensinar. Ou seja, aquelas coisinhas básicas para se chegar a perfeição”, diverte-se Paula Bastos, 37 anos.
Quem passou pela experiência de ter convivido com as duas espécies de homem em questão jura que não erra mais na hora da escolha. “Fiquei casada dois anos com um cara que, pelo meu padrão de beleza, era simplesmente perfeito. E ainda era daquele tipo que dá cinco, seis, sem parar. Mas isso, definitivamente, não é tudo! Para falar a verdade, até cansa. Além do mais, as mulheres envelhecem mais rápido do que os homens… então é melhor um cara que não é tão bom de cama, não é tão bonito, mas que te idolatrada incondicionalmente, te adora, te acha linda, perfeita, agüenta todas as suas manias e frescuras, te banca, te dá carinho, atenção, apoio, etc, do que uma máquina de sexo. Como diz a minha irmã, dando o exemplo da antiga novela das oito, é melhor um Miguel com classe, dócil, bom e apaixonado, do que um Edu, novo, gostoso, lindo, mas que no fundo, no fundo, não sabe o que quer. Até porque nós podemos ter amantes… eles são bons de cama, não incomodam e servem exatamente para o que foram feitos todos os homens: servir e divertir as mulheres!”, exagera Germana Norde, 27 anos.
Mas como toda regra tem sua exceção, Priscilla Siemens, 31 anos, contraria a maioria e afirma que bota pra correr qualquer homem que não souber desempenhar muito bem o seu papel sexual. “Se for no início do relacionamento, eu acho que vale a pena investir. Afinal de contas, os dois estão em uma fase de adaptação, de conhecer o corpo e o gosto do outro, e alguns desencontros podem acontecer. Mas se o ‘muchacho’ não consegue se aprimorar com o tempo, é muito provável que, inconscientemente, eu comece a maltratar o rapaz. Sabe como é, todo mundo tem aquele amigo ‘arroz’ que é super sensível, meigo e carinhoso, que te dá a maior atenção e com quem você conversa durante horas… só que o ‘arroz’, apesar de ser um amor, acaba ficando sempre sozinho, justamente porque não tem aquele apelo sexual forte“, resume.
Por mais que seja bom, revigorante e prazeroso, sexo não é tudo. Um relacionamento duradouro e estável se constrói baseado em sinceridade, carinho, compreensão e amor. E são esses sentimentos que perduram, até mesmo quando a idade começa a pesar e as limitações não param de aumentar. Ou você realmente acredita que é o sexo que mantém um casal de velhinhos, cada um com a sua bengalinha na mão, caminhando lado a lado?