Cansada daquela rotina horrorosa entre quatro paredes, um dia você acorda com uma baita vontade de variar o cardápio sexual e experimentar uma nova especialidade. No menu, a alternativa mais reluzente – e aparentemente diferente e estimulante – atende pelo nome de swing. A oferta parece mesmo tentadora: que tal experimentar o sexo com outra pessoa, na frente do seu parceiro? E mais: o que você acha de dividi-lo com alguém que você nunca viu na vida? Depois de muito pensar, pesar os prós e contras e topar a parada, falta apenas convencer seu namorado, parceiro ou amizade colorida a aceitar a idéia. Vai que ele também sempre teve esse desejo, mas nunca o manifestou abertamente, com medo da sua reação… O problema é que, mesmo depois de conseguir a adesão do cavalheiro, vem a noite de estréia – e ela pode não sair lá exatamente do jeito que você imaginava.
Para começar, tem sempre aquele nervosismo inicial, afinal de contas esse tipo de fantasia é realizado, na maioria das vezes, em clubes especializados. Ou seja: além de você e do seu parceiro, vai haver uma multidão de outros casais, transando alucinadamente em público. E saber se virar em lugares como esse, pelo menos para quem nunca teve a experiência, pode ser ligeiramente complicado. Logo em sua estréia numa casa de swing paulista, a publicitária Viviane Ramos viveu momentos dignos de comédia. Na companhia de um namorado, com quem sempre dividia suas maiores aventuras sexuais, ela já começou a noite fazendo confusão. “Antes de entrar na casa, fizemos um pacto: se rolasse sexo, nada de boca em lugar nenhum. Só que um casal nos abordou, ele se empolgou com a garota e, de repente, num corredor escuro, ele começou a se abaixar, vi que já ia começar a fazer oral nela. Enlouquecida de ciúme, puxei o cara pelo colarinho e fui tomar satisfações, afinal ele estava quebrando nosso pacto. E ele, todo nervoso, me explicou que os óculos dele haviam caído no chão e estava apenas se abaixando para procurá-los. O pior é que era mesmo verdade!”, diverte-se. O próximo casal a abordá-los, segundo a publicitária, era superatraente, mas ela descartou o cavalheiro por causa de um “terrível bafão”.
Frustrados com as tentativas de realizar a fantasia, Viviane e seu par decidiram ocupar uma mesa na sala central da casa. Aí sim, ela fechou a noite com chave de ouro – só que a tal chave era do cadeado da gaiola pra prender o mico que ela arrumou. “Já que eu não ia mais trocar de casal mesmo, decidi aproveitar o momento para realizar uma outra fantasia: fazer sexo oral em público. Eu estava me sentindo a deusa do sexo, apoiada numa mesa, usando um vestido e sem calcinha. E tremendo de excitação por estar sendo chupada em público, amando saber que as pessoas iam ver. De repente, a mesa desabou! Pior, em cima do joelho do meu ex, que quase morreu de dor. Acabou total o clima, pois ficou todo mundo olhando. Saímos bem de fininho, totalmente sem graça, e nos mandamos dali”, relembra ela, que ainda não desistiu da fantasia e quer voltar ao clube para tentar novamente.
Mas há situações em que a pura curiosidade de um casal quanto ao swing pode render uma baita dor de cabeça. Apaixonada por um rapaz que tinha loucura por conhecer um clube de swing, a jornalista Ana Carolina topou o convite, mas com uma condição: eles iriam somente para olhar os outros casais. No entanto, o combinado foi para o espaço assim que o moçoilo se empolgou com as carícias de uma garota. “Aí não teve santo que o fizesse desistir da idéia de trocar de casal. Por mais que eu protestasse, ele insistiu para que fôssemos todos para uma cabine, porque ele estava a fim de transar com a menina. E eu, que não queria nada com aquilo, tive de encarar o fogo do namorado da moça, que veio todo empolgado pra cima de mim”, reclama. Consumida pela raiva ao ver o amado delirando de prazer durante a transa, caprichando em todas as posições possíveis e imagináveis, Ana Carolina decidiu encarar o desconhecido na sua frente. “É simplesmente horroroso, é uma sensação indescritível, ver a pessoa que você ama transando loucamente com outra, bem na sua frente, gemendo de prazer e gozando escandalosamente. Fiquei com tanto ódio daquilo que mandei ver no namorado da menina, mas não conseguia sentir o menor prazer. Pra completar, o imbecil terminou a noite me dizendo que aquela tinha sido a melhor transa da vida dele e que queria o telefone da garota, para fazer um replay no dia seguinte”, conta Ana, que deixou a auto-estima falar mais alto e mandou o cara passear no dia seguinte.
Mais experiente e já se considerando uma swingueira de carteirinha, a administradora Juliana Prado diz que esses casos acontecem por pura falta de comunicação entre os parceiros. “As pessoas vão aos clubes mais preocupadas em realizar a fantasia do que nas conseqüências. Um namoro que é ótimo pode acabar ali mesmo, se as pessoas não estão seguras do que estão fazendo. E um relacionamento que já não vai bem, ao contrário do que muita gente pensa, não vai ser salvo com essa ‘apimentada’ no sexo. Eu acho que a relação tem de estar muito sólida para o swing valer a pena”, avalia ela. Juliana, que é casada há seis anos e leva o marido a todas as festas de troca de casais, diz que foram poucas as vezes em que a relação sofreu abalos por causa do swing. “Sempre rola um pouquinho de ciúme, mas num nível saudável. Nada que uma boa conversa depois da transa não resolva. O que a gente não admite é falta de respeito ou agressividade, só que é muito raro isso acontecer”, afirma.
Juliana diz que a primeira vez em um clube de swing pode mesmo ser diferente do imaginado, porque as pessoas não estão relaxadas. “Gostei do swing logo de cara, porque é maravilhoso descobrir outras sensações, outros corpos, outras pessoas. Você sai da mesmice, está sempre praticando o jogo da sedução, arriscando novas posições. O clima nos clubes é absurdamente erótico, não há como não se envolver e não querer transar. Mas depende muito da mentalidade do casal. Para alguns o sexo fora do relacionamento é tabu, enquanto para os outros, como eu, é apenas mais uma forma de prazer”, define ela.
Para o sexólogo Arnaldo Risman, a escolha do swing tem de partir de um ponto bem importante: o consenso. “O swing é uma fantasia muito delicada, porque você compartilha o ser amado com outra pessoa e acaba, muitas vezes, comparando o desempenho dela com o seu. Isso pode gerar insegurança e ciúme. Esse tipo de fantasia tem de existir na vontade de ambos, ou seja: os dois têm de querer essa troca. Caso contrário pode ser muito frustrante”, observa. Antes de qualquer coisa, de acordo com Risman, é necessário desvendar, em uma boa conversa com o parceiro, se esse tipo de aventura vai ser bom para os dois. E, na hora H, ter muito cuidado com quem vai dividir sua intimidade. “Não deixar, nunca, de usar camisinha. Por mais que o clima de um clube de swing seja carregado de erotismo e dê vontade de entrar na onda, não compensa arriscar as conseqüências”, aconselha. Ou seja, relaxar e gozar, só mesmo depois de ter muita certeza.