Toque de paixão

Atire a primeira pedra o casal que manteve, durante toda a relação, a chama do tesão acessa e nas alturas! É mais que normal que o clima, vez ou outra, dê uma esfriada – mas não a ponto de congelar, claro. Só que nós, mulheres modernas e de atitude que somos, sabemos que é possível lançar mão de algumas estratégias que colocam os hormônios dos homens para funcionar a todo vapor. E não é só vestindo aquela lingerie provocante ou testando os mais variados produtos do sex shop que você pode fazer isso. Uma boa e demorada massagem, com doses – cavalares, de preferência – de sensualidade, pode deixar seu parceiro nervoso, de tanto tesão, claro. E aí, uma vez elevada a temperatura, é só partir para o abraço.

Ter mãos habilidosas e sensíveis é um atributo e tanto. Um homem que sabe massagear os músculos de uma mulher e gosta de fazê-lo tem tudo para ser irresistível. “O cara que faz bem massagem consegue tudo! Porque a massagem acaba virando uma longa preliminar, coisa que eles normalmente não dão tanta importância”, diz a estudante de ciências sociais Melissa Bittencourt. Entretanto, para variar, faltam homens com essas qualidades no mercado. “O cara vai lá, todo carinhoso fazer uma massagem e, literalmente, erra a mão. E aí é que nem orgasmo, tem que fingir!”, diz a estudante.

Nossa cultura é muito genitalizada. Só que existem outras partes do corpo, como pés, orelhas e pernas altamente sensíveis

Esse problema de falta de sintonia na hora do toque já é velho conhecido dos terapeutas sexuais. É muito comum o terapeuta recomendar ao casal que um demonstre ao outro como gosta de ser tocado. “A massagem sempre é positiva, mas tem que saber como tocar num determinado corpo, se é de uma maneira mais bruta ou mais leve; quais locais dão prazer, quais incomodam. Dizemos para eles tomarem banho com sabonete líquido, um ensaboar o outro e a si mesmo também”, explica o sexólogo Arnaldo Risman, frisando que para encontrar o prazer a dois, nada melhor do que conhecer bem o próprio corpo. Aliás, o sexólogo recomenda o uso do sabonete líquido para todas as pessoas. “Ele te obriga a se tocar, você sente seu corpo, sua perna, o seu peito. Na nossa cultura, as pessoas não tocam muito no próprio corpo, nem no do outro”, explica Arnaldo.

Como assim o toque não é muito a nossa praia? Parece paradoxal se, afinal de contas, sabemos direitinho que uma das coisas que os homens mais gostam é passar a mão. O problema é que essas mãos têm destino certo: ou vão pro bumbum, ou pros peitos ou… vocês sabem pra onde. “Nossa cultura é muito genitalizada. Só que existem outras partes do corpo, como pés, orelhas e pernas altamente sensíveis”, esclarece Arnaldo Risman. Os adeptos do sexo estilo pá-pum – aquele que vai direto ao ponto e pronto! – não fazem idéia do poder que o toque nos mais variados pontos do corpo tem. “O ato sexual envolve o corpo todo. Deve-se encarar o corpo do parceiro como uma coisa só. Ao fazer uma massagem, cada pedacinho deve ser tratado com carinho e atenção”, recomenda a personal sex trainer (isso mesmo!) Fátima Moura, especialista em técnicas de sedução que visam a melhoria do relacionamento entre casais.

Se a sua vida sexual anda meio insossa, tome nota de algumas dicas que podem te ajudar e muito na hora de estimular o seu parceiro com uma massagem. Preparar o ambiente é importante para ativar os sentidos. “Quanto mais os sentidos estiverem despertos, maiores são as possibilidades de prazer”, garante Fátima Moura, aconselhando que a pessoa coloque uma boa música, de preferência suave e de um único estilo. “O olfato pode ser estimulado com velas aromáticas, essências ou incensos. Quanto ao paladar, vale a pena deixar à disposição uma bandeja com frutas afrodisíacas, como morango e uvas. E sobre a cama você pode jogar pétalas de rosas ou plumas e colocar almofadas ao redor do corpo dele para que fique bem aconchegante”, aconselha a personal sex trainer.

Mas não precisa ser especialista para desenvolver um método que leve o seu namorado, ficante ou mesmo marido de longa data às alturas. Basta ter um mínimo de sensibilidade e… empenho! A arquiteta Priscila Gouvêa afirma que não tem conhecimento algum em técnicas de massagem, mas sempre que faz em seu namorado está com segundas intenções. “Eu uso um hidratante que estiver à mão, apago a luz e me dedico!”, brinca. Como a menina não é nem boba nem nada, explora a maior quantidade de pontos possíveis. “Gosto de fazer no corpo todo. Começo nos pés, vou para as batatas, pernas, bumbum, costas, braços, ombros, pescoço e até na cabeça”, conta. Massagem na cabeça? “Ah, faço um carinho, aperto o couro cabeludo, invento!”, diz ela. Mas, atenção!, os detalhes mais estratégicos estão por vir. “Ele tem que estar só de cueca. Peço para ficar parado e, enquanto faço, deixo meu corpo tocar no dele, como quem não quer nada. Aí peço para ele virar de frente. Então, começo pelos pés de novo e vou chegando perto, perto… sem tocar lá! Só pego lá quando ele não está mais agüentando e me pede. E aí começa tudo!”, revela Priscila, lembrando que essa história de que homem não gosta de preliminares é balela. “O meu se amarra!”, garante.

Segundo a massoterapeuta France Alves, é natural que a massagem excite tanto quem faz como quem recebe. “É claro que existem diferenças entre uma massagem estritamente profissional de uma feita pela mulher em seu marido. Mas a habilidade de sentir o corpo do outro é um dom que pode estar em qualquer um. Entre o casal, o toque tende a ser uma coisa mais suave e bastante misturada com o carinho”, explica a massoterapeuta. Pontos como as orelhas e a nuca são considerados bastante eróticos. “Depende de cada pessoa. Cabe ao casal descobrir seus locais preferidos”, recomenda France.

Enfim, uma coisa é certa: casais que costumam se massagear intensificam a intimidade e tendem a se conhecer melhor, obtendo resultados mais satisfatórios na hora de proporcionar prazer ao outro. “É uma terapia maravilhosa. Eu diria que toda relação amorosa deveria conter esse item da massagem e do toque. Casais que têm esse costume vão se dar melhor não só durante o sexo como também na relação afetiva”, conclui Arnaldo Risman. Então, o que você está esperando? Mãos à obra e felicidade de sobra!