Um pouco de realeza > Vale dos Reis

Com 800 Km 2 de superfície, 280 Km de extensão e dois mil anos de história, não é de se admirar que o Vale, região inscrita ao longo e ao redor do rio Loire, está na lista dos patrimônios culturais da Unesco. Ele testemunhou o desenvolvimento e a expansão da França, tendo encravado na arquitetura de seus monumentos e castelos detalhes góticos e os ideais do Renascimento e do Iluminismo. Durante muito tempo, foi o lugar preferido da realeza.

Isso sem contar a rota do vinho, que serpenteia todo o Vale, passando por cidades como Vouvray e Montlouis sur Loire, onde é possível conhecer as caves e degustar um dos melhores vinhos da França

O castelo de Chambord, por exemplo, é uma obra de arte da Renascença francesa, com uma escadaria central em espiral dupla, onde quem desce não vê quem sobe e cujo projeto atribuem a Leonardo Da Vinci. Lá, viveram reis como Louis XIV e François I. Já o castelo medieval de Chenonceau flutua sobre as águas do rio Cher e é, depois de Versailles (que fica aqui pertinho de Paris), o castelo francês mais visitado. Pertenceu a Diane de Poitiers, a favorita do rei Henri II, casado com Catherine de Médicis. Mais tarde, o castelo voltou à posse de Catherine. Foram as duas mulheres, portanto, que embelezaram o castelo com jardins. Não à toa, Chenonceau é conhecido como “castelo das mulheres”.

Pela Fortaleza Real de Chinon também passaram várias figuras histórias, como o rei Carlos VII e Joana D’Arc. Foi nesse castelo, aliás, que os dois se encontraram durante a Guerra dos 100 anos e onde Carlos VII deu seu exército para que Joana o liderasse e expulsasse os ingleses da França. Já o Château d’Azay-le-Rideau, construído numa ilha do rio Indre durante o reinado de François I, também é marcado pelo estilo renascentista e inaugurou a era das residências temporárias onde os reis franceses gostavam de passar o tempo.

Muitos outros castelos também fazem do Vale do Loire uma região mágica, como o de Ussé, que serviu de inspiração para a história da Bela Adormecida, o de Villandry, imperdível pela beleza de seus jardins, com canteiros que representam os vários tipos de amor, o de Chaumont, elegante e imponente, com uma vista do rio Loire de tirar o fôlego, e o de Blois, residência favorita dos reis da França durante o Renascimento.

Isso sem contar a rota do vinho, que serpenteia todo o Vale, passando por cidades como Vouvray e Montlouis sur Loire, onde é possível conhecer as caves e degustar um dos melhores vinhos da França. Em julho deste ano acontece, inclusive, “La promenade gourmande de Limeray”, um circuito de 5 Km a pé, ao final do qual os vinhos locais e da região de Touraine podem ser degustados em seis etapas gastronômicas.

Cidades históricas como Blois, Chinon, Orléans, Tours, Angers e Amboise também atraem milhares de turistas que chegam de trem, carro, ônibus ou até mesmo de bicicleta. Eu prefiro o carro, sem grupo de excursão, porque assim dá para conhecer mais castelos (e os que mais interessam) com maior conforto, porque você mesma traça o seu programa e faz tudo ao seu ritmo. Além disso, nas cidades e nos próprios castelos têm sempre algum centro de informação turística que distribui uma porção de mapas, panfletos e brochuras explicativas. Passeios guiados também são sempre oferecidos nos locais (alguns, inclusive, com guias vestidos a caráter!), mas aí é preciso desembolsar um pouco mais de dinheiro, já que se gasta uma média de oito euros só para entrar em cada castelo.

Eu ficaria por aqui horas e horas escrevendo detalhadamente sobre as maravilhas das cidades da região, dos castelos e de seus jardins, mas preferi ser curta e breve para compartilhar o gostinho de “quero mais” que estou sentindo até agora. Além disso, sabe aquela história de que uma imagem vale mais do que mil palavras? Pois é, não perca as fotos! Boa viagem!