Isso é o que podemos chamar de família unida, em casa e no trabalho. Na Família Lima, se o talento não vem do berço, a dedicação e o amor à música são genéticos. O patriarca do clã, Zeca Lima, comanda seus três filhos: Lucas, Moisés e Amon-Rá, e também o sobrinho Allen que, juntos, dão uma roupagem moderna à tradição da música erudita e fazem o enorme público fiel ao grupo dançar ao som de Bach. “É muito legal porque o público curte esta fusão”, conta Lucas. Os números comprovam. “No primeiro álbum e no segundo, a gente ganhou disco de platina e, no terceiro, a gente ganhou ouro”, revela.
Conversamos com Lucas Lima, o caçula do grupo que, apesar dos 19 anos, já é um músico amadurecido. Mesmo depois de inúmeras viagens e apresentações nos mais diversos países com o grupo, Lucas não acredita que o passado foi a melhor fase da banda. “Costumo dizer que o momento mais importante é sempre o que estamos vivendo agora. A gente não pára pra pensar que aquela época era boa, ou ‘vai ser bom se tal coisa acontecer’. Nós sempre lembramos que o momento atual é muito legal na nossa carreira e que estamos indo pra frente”, afirma.
Mas pensar que em virtude do repertório do grupo, a coleção de CDs do rapaz seja exclusivamente de música clássica é um engano. Como um legítimo representante da juventude do terceiro milênio, ele também é fã de pop e rock. “Ouço Pearl Jam, Dave Matthews Band, Silverchair, Stone Temple Pilots, Live… tenho escutado muita coisa”, confessa. Acostumado a enfrentar grandes platéias, ele fala da honra e da emoção de tocar para um espectador especial: o Papa. “Foi em 2000. Era o ‘Jubileu da Família’, um evento da Igreja Católica que acontece a cada 50 anos. Nós fomos os únicos da América. A gente fez e, bem na hora em que começamos a tocar, veio o Papa. Foi um momento emocionante e glorioso”, lembra.
Mas o caminho para a glória não foi fácil. Zeca Lima, o fundador do grupo, que também conversou com o Bolsa de Mulher, teve que ralar – e muito – para conseguir chegar onde chegou. “Nasci em uma família muito humilde e muito pobre. Nós morávamos em uma favela, eu tinha 11 irmãos. Meu pai era pedreiro, sofreu um acidente que o deixou paralítico e minha mãe tinha que sustentar a família inteira ganhando apenas um salário mínimo”, revela. Além de arranjador do grupo, pai e tio dos rapazes, Zeca ainda acumula mais uma função nesse time musical: “Eu sou uma espécie de treinador deles”, garante.
Dizem que por trás de um grande homem há sempre uma grande mulher. Na Família Lima não é diferente. Escondida nos bastidores está Lorena Lima, esposa de Zeca e mãe de Lucas, Amon-Rá e Moisés, que tem um papel fundamental no grupo. “Eu participo de tudo: escolho as roupas, faço agenda, intermedio com a gravadora e com o empresário”, revela. No entanto, quando o assunto é o repertório, ela é mais reservada. “Influencio muito pouco. Isso é mais com eles. Eu dou a minha opinião de leiga”, admite.