Vanessa da Mata refletiu sobre sua construção identitária e como foi ensinada a negar sua negritude durante a infância
A cantora Vanessa da Mata participou do programa “Roda Viva”, da TV Cultura, e foi questionada sobre sua identidade como mulher parda. Ela revelou que desde pequena foi ensinada a não se considerar negra, apesar de ter uma mãe com ascendência indígena e negra e um pai branco. Vanessa contou como enfrentou esse embate interno e como, hoje, se identifica como negra.
Vanessa da Mata diz que foi ensinada a dizer que não era negra
Vanessa explicou que, desde sua infância, sempre teve um conflito relacionado à sua identidade racial. “Desde pequena, eu tive um embate porque (…) o meu pai é branquelo do olho claro, e a família de mãe é índio negro”, começou. Ela relembrou que, na época, ninguém falava abertamente sobre identidade racial, o que contribuiu para essa confusão interna.
Ela continuou, detalhando como foi ensinada a negar sua negritude: “Fui ensinada a dizer que não era [negra]. Minha filha, olha meus traços, olha o meu cabelo, olha a minha bunda. Eu sou completamente negra. A pele foi do meu pai, mas até o canto é da minha mãe”.
Vanessa ressaltou que essa situação foi difícil para ela, e ela demorou a aceitar sua identidade por conta dessa educação. “Isso foi um embate sério. Até eu demorei um pouco, porque você é ensinado a não ser”.
A cantora também expressou orgulho ao ver as novas gerações se afirmando em relação à sua identidade racial, mas reconheceu que ainda há um longo caminho a ser percorrido: “É muito bom ver as novas gerações que se afirmam. É um orgulho. Mas ainda temos essa situação de querer disfarçar e não querer se ver”.
Por fim, Vanessa mencionou a dificuldade de aceitação dentro do movimento negro, destacando a luta dos negros retintos: “O preto retinto sofre imensuravelmente mais. É inacreditável o sofrimento, mas a gente passa por muito sofrimento também”.
