Vovó motorista: história de quem começou a dirigir depois da terceira idade

Quem acha que existe idade para aprender a dirigir está muito enganada. Cada vez mais, pessoas acima dos 50 anos assumem o volante e a liberdade para aproveitar a melhor fase da vida nas ruas da cidade.

Segundo pesquisa feita no território brasileiro, nos últimos anos cresceu 14% o número de pessoas acima dos 55 anos que tiram habilitação ou resgatam as suas antigas e superam medos ou falta de prática do passado. E estes números tendem a aumentar: segundo o PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio), a quantidade de idosos no Brasil já é uma dos maiores do mundo, cerca de 13,5 milhões de pessoas, e com isso nosso trânsito promete ficar ainda mais cheio desses motoristas tão especiais.

Anália Silva é uma das milhares de vovós que conseguiram tirar a carta muito depois da idade mínima permitida: já tinha 48 anos. Mesmo com um certo receio de sofrer preconceitos, ela frequentou as aulas teóricas e aulas práticas, fez a prova obrigatória do DETRAN e também algumas aulas extras em uma escola para pessoas com medo de dirigir, e conseguiu sua habilitação na primeira tentativa.

“Meus filhos me apoiaram quando dei a ideia. Certo dia acordei com vontade de mudar de vida e deixar de depender das pessoas para passear no shopping, por exemplo. Me matriculei no autoescola e fiz todos os processos necessários. Hoje sei que com dedicação podemos conquistar todos os nossos sonhos”, contou sorrindo enquanto se preparava para pegar o carro e ir ao curso de artesanato.

Assim como Anália – que tem uma neta de 9 -, Dona Odette, 61 anos, é avó de dois meninos e enfrentou o medo do volante por eles. Com sorrisos no rosto e o pé no acelerador, ela conta que o desejo de levá-los todos os dias para a escola e também ao parque nos finais de semana deu coragem para torná-la uma motorista de primeira!

“Após o nascimento do Lucas, meu netinho de 7 anos, eu passei a dedicar meu tempo a ele e seu irmão mais velho, Pedro, que hoje tem 9. Afinal, o que é melhor do que ser mãe duas vezes, né? E foi por esse amor de ser avó que resgatei minha carteira de motorista – eu havia tirado aos 30 anos, mas nunca usado. Fiz aula com profissionais na autoescola para pegar prática e perder o medo e assim consegui renovar minha habilitação. E finalmente comecei a dirigir”, relembra feliz enquanto garante que não pretende parar de guiar tão cedo.

Para quem quer seguir estes e outros exemplos, elas revelam que o segredo está no amor pelas ruas e que bastam apenas doses dedicação. São atenciosas com as placas e sinalizações do trânsito, levam os pequenos no banco de trás com cinto de segurança e respeitam os outros motoristas, assim como a velocidade permitida nas avenidas.

Damos parabéns a todas as vovós motoristas, que cada vez mais conquistam as ruas e enchem o trânsito de carinho.