a última segunda-feira uma postagem no Instagram da comediante americana Beth Stelling chocou seus seguidores. Uma montagem com fotos de grandes hematomas nas pernas e nos braços veio acompanhada de um texto em forma de desabafo. Nele, Stelling revelou que em seu último relacionamento foi vítima de  agressões  físicas, verbais e sexuais e explicou o motivo de querer divulgar a situação somente meses depois de romper com o agressor.

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Na publicação, a comediante contou que teve um ano incrível, mas que agora estava fazendo uma publicação incomum sobre um problema que, infelizmente, é muito comum. Ela foi  vítima de violência doméstica e, assim como muitas mulheres, teve dificuldade para romper com seu agressor e escondeu a situação por muito tempo.

Violência contra a mulher

Stelling reforça, com a sua vivência, o que especialistas explicam sobre esses casos. A mulher, além de encontrar dificuldades emocionais e financeiras para romper com seu namorado ou marido agressor, ainda tenta esconder a situação por medo. Medo do que ele pode vir a fazer, mas também medo do que as pessoas vão achar daquela situação – se vão culpá-la ou desacreditar da história.

No texto, a americana conta que, mesmo depois do ocorrido, ainda levou dois meses para terminar com o namorado. E, depois que fez isso, ainda manteve o caso em segredo por muito tempo.

Agora, quando conseguiu falar sobre a situação, explicou que fez isso porque usa no seu trabalho com piadas as questões que afetam diretamente sua vida. E, por isso, uma situação tão marcante não pode deixar de ser tratada como uma forma de conscientização geral e apoio a outras vítimas.

Confira abaixo a publicação na íntegra:

https://www.instagram.com/p/_2AwgCQzty

Tradução livre:

“ A  mesma garota em todas essas fotos (eu). Tive um ano incrível e vocês viram as melhores partes aqui, então, essas imagens são algo incomum de compartilhar, mas não um problema incomum. Você pode até se sentir desconfortável, porém continue a ler, vou chegar lá. Existem muitos motivos para não tornar um relacionamento abusivo algo público, o principal deles é o medo. Medo do que as pessoas vão pensar, medo de parecer fraca e antiprofiss i onal.

Quando eu terminei com meu ex neste verão, não era por que eu não o amava, foi por causa disto. E eu recaí e entrei em contato com ele com assuntos que não deveria, mas não tem um jeito melhor para tratar disto. Quando amigos ou a imprensa perguntam por que nós terminamos não é fácil responder; não é a coisa mais apropriada para se dizer num show de comédia stand up, numa festa ou em um casamento. É embaraçoso. Me sinto estúpida. Depois de ser verbal  e fisicamente agredida  e estuprada, eu fiquei com ele mais dois meses. Não é simples.

Depois que eu terminei, ele disse,  ‘ você é tão aberta e honesta no seu show de stand up, e eu só peço que você pense em mim quando for falar de seu ex porque todo mundo vai saber sobre quem você está falando ‘ . E eu respeitei. Escrevi piadas vagas porque nós dois moramos em Los Angeles e eu não queria machucá-lo, começar uma guerra, dar queixa, ser interrogada ou assediada por ele ou pelos amigos dele ou pela família dele. Eu queria seguir em frente e esquecer porque eu não entendia. Eu não quero vingança ou machucá-lo agora, mas não é saudável continuar com isso dentro de mim porque meu show de comédia é sobre minha vida. É assim que eu vivo. Meu lado pessoal é meu lado profissional. É assim que eu sempre fui; eu faço da tragédia, riso.

Então, agora, eu estou me libertando dessa parte da minha história. Não é só minha história, por favor, não  ‘ deixe estar ‘ . Se você mora em Los Angeles, você provavelmente já ouviu minhas piadas sobre isso e eu pergunto se você tem coragem de escutar e aceitar isso porque eu estou tentando. Desde que comecei a falar disso no palco, muitas mulheres vieram até mim pedir para que eu continuasse. Homens mostraram solidariedade.

Uma ex-namorada do meu ex me contou que ela passou pela mesma coisa. E aí tem outra e outra que compartilham injustiças como essa…”

Denúncia de violência contra a mulher

Embora em muitas situações seja difícil denunciar a  violência contra a mulher e entregar o agressor, a Delegacia da Mulher é o melhor lugar para efetivar o registro. Delegacias comuns e o número 180, da Central de Atendimento à Mulher também são opções para fazer o boletim de ocorrência e obter orientações de como prosseguir com o caso.

Familiares, amigos e conhecidos também podem, e devem,  denunciar casos de violência doméstica. O número 180 também recebe e orienta denúncias de terceiros, que podem ser anônimas ou não.