Aparelhos: a hora certa

Quem é que nunca cruzou por aí com uma criança de sorriso metálico? Afinal, é na infância que se deve começar a corrigir os problemas de dentição, a fim de evitar incômodos no futuro. Umas detestam, outras adoram, mas o fato é que os pais precisam estar atentos, durante a mudança de dentição dos filhos, para o aparecimento de possíveis anormalidades no sorriso. E o que poucos deles sabem é que a missão do aparelho não é apenas endireitar os dentes e fazer correções estéticas, mas também prevenir e sanar problemas ligados à saúde – que começam, muitas vezes, com a má posição dos dentes. Mas, afinal, como é que a gente sabe se o nosso filho precisa ou não usá-lo desde cedo?

Segundo especialistas, a melhor época para começar a usar o aparelho é dos cinco aos sete anos de idade. Não porque não seja possível tratar antes, mas porque é nessa idade que a maioria das crianças começa a ter um entendimento melhor da situação, conseguindo usar corretamente o aparelho. Nessa época da vida, aliás, é recomendado o uso do aparelho móvel, pois o fixo pode provocar a perda prematura dos dentes-de-leite. E não basta apenas colocar o aparelho: o sucesso do tratamento depende da colaboração da criança e dos pais, que devem estar sempre atentos às orientações dadas pelo dentista.

O melhor é consultar um ortodontista, pois o diagnóstico precoce produz melhores resultados.

Diagnóstico

Segundo a ortodontista Carla de Oliveira Duque, da Odontoclinic do Rio de Janeiro, a maneira como a maioria das pessoas identifica um problema ortodôntico é pela estética. “Mordidas cruzadas, mordidas abertas e falta de crescimento da mandíbula, por exemplo, devem ser tratados o quanto antes. Mas existem vários outros sinais que precisam da atenção dos pais”, alerta. A respiração bucal é um deles. Nela, a criança apresenta dentes superiores muito evidentes, grande diferença na cor dos lábios, rosto longo, nariz curto e arrebitado. Hábitos como chupar os dedos, chupeta ou falar com a língua entre os dentes também merecem atenção. Também é bom verificar o rosto da criança com a boca fechada. Diferenças de tamanho ou posição dos maxilares devem ser investigadas. “O melhor é consultar um ortodontista, pois o diagnóstico precoce produz melhores resultados. Muitas vezes não é vantajoso o tratamento muito cedo, mas eliminar a causa do problema é fundamental”, diz a Dra. Carla.

O diagnóstico costuma ser feito através de um exame clínico detalhado, complementado com fotos, radiografias e modelos orais das arcadas em gesso. Depois de conferir os resultados, o ortodontista examina a criança clinicamente, para obter informações importantes, como hábitos orais, traumas sobre os dentes, doenças e outros dados relevantes. Só a partir daí é possível fazer um plano de tratamento adequado às necessidades do paciente. Sem essa avaliação, podem surgir problemas sérios: usando aparelho na fase de crescimento e de maturação óssea errada, a criança pode ter o crescimento dos ossos da boca prejudicado e o nascimento dos dentes permanentes retardado ou até impedido.

Fixo versus móvel

Além do formato, os aparelhos fixo e móvel diferem também na função. O fixo, que é um método para corrigir dentes que estejam fora da posição correta, só pode ser colocado depois que todos os dentes permanentes tiverem nascido. É recomendado para dentes girados; encavalados; dentes que estejam muito para fora ou muito para dentro da boca; dentes de cima que cobrem os dentes de baixo; dentes de cima que não tocam os dentes de baixo; dentes superiores que não se encaixam direito com os inferiores. Já o aparelho móvel apenas encosta no dente e produz movimentos de inclinação para dentro e para fora. Não é capaz de realizar movimentos para corrigir alturas diferentes de dentes ou dentes que estejam girados. A função dele é estimular o crescimento ósseo e corrigir problemas funcionais – como a mastigação incorreta, por exemplo. Esse modelo de aparelho é o mais indicado para crianças entre seis e doze anos que estejam passando por tratamentos dentários preventivos.

A duração do tratamento com o aparelho vai depender de vários fatores, como a idade da criança, o tipo de problema apresentado, a resposta do organismo da criança ao tratamento e, principalmente, da colaboração da criança. “Tudo está relacionado à complexidade do caso, Mas, em média, o tratamento leva dois anos”, explica a Dra. Carla.