Apartamentos inteligentes > Procurado por poucos

Mas, ter um apartamento inteligente ainda é um luxo reservado para poucos. Segundo Thales Cavalcanti, diretor da Associação Brasileira de Automação Residencial, a Aureside, não se pode taxar a automação residencial como algo dispendioso sem antes comparar com gastos normalmente feitos ao se construir ou equipar uma casa. “Caro é relativo. Se você calcular o que se gasta em móveis e pisos e o que se gasta com automação, você vai ver que os valores estão muito próximos. Acontece que as pessoas já pensam nesses outros gastos como naturais”, explica.

O engenheiro José Roberto Muratori afirma ainda que a automação está ficando cada vez mais acessível, por conta do barateamento das tecnologias e do aumento da concorrência no setor. “Há dez anos haviam poucas empresas no ramo e o custo era muito alto. Além disso, as pessoas estão começando a descobrir a automação e a demanda está aumentando. Temos projetos hoje em dia em apartamentos de 90m² e 100m², ou seja, não são apenas pessoas de alto-padrão”.

Ele aponta como um novo perfil de consumidor os jovens, que gostam e estão familiarizados com tecnologias. “Pessoas acostumadas com computadores e reprodutores de MP3 procuram cada vez mais estes serviços e têm o poder aquisitivo limitado. São clientes que buscam seu primeiro imóvel e se interessam por automação”.

O custo é menor, porque o cliente pode automatizar cada cômodo por sua vez

O crescimento do setor pode tornar a casa do futuro mais próxima dos bolsos menos abastados. Thales Cavalcanti diz que os empreendimentos com automação ainda estão concentrados no sudeste, mas que existem muitos projetos em andamento em diversas partes do país. “Calculamos que o setor terá um crescimento de 25% a 30%. É uma coisa grande, principalmente se você pensar que existem setores andando para trás. Temos uma defasagem de três anos no levantamento desses dados, que é o tempo entre a formulação do projeto, sua aprovação e construção”, pondera.

Transformando a sua casa

Já existem algumas soluções no mercado para quem não está em busca de um novo imóvel, mas quer reformar sua casa com equipamentos de automação. Produtos com protocolo de transmissão sem fio, ou wireless, possibilitam o controle de sistemas elétricos e facilitam o manuseio da iluminação, do ar-condicionado e outros recursos da residência.

Thales chama atenção para uma grande vantagem do sistema: o preço. “O custo é menor, porque o cliente pode automatizar cada cômodo por sua vez. Há equipamentos próprios e produtos específicos para isso, geralmente relacionados ao controle de iluminação e de alguns eletrodomésticos”.

José Roberto Muratori alerta para a necessidade de procurar um profissional qualificado no momento de automatizar a residência. Os integradores são arquitetos e engenheiros capacitados para fazer este tipo de projeto. “A grande chave é a integração. Se tudo não funcionar de uma forma harmoniosa, fica mais complicado. Se os sistemas estão integrados, o cliente não terá dificuldades na hora da instalação e da operação e também não terá de lidar com diversas empresas para obter os equipamentos’, recomenda o engenheiro.

Um caminho para buscar profissionais capacitados é fazer uma pesquisa no site da Aureside, que disponibiliza uma lista de integradores. Para auxiliar os consumidores, a associação criou ainda um selo de qualidade, chamado Grautec, que classifica empreendimentos de construtoras, de acordo com o nível de automação empregado. “Infelizmente, o selo passou a ser necessário porque muitos edifícios instalavam uma cancela com portão eletrônico e diziam que era automação residencial. Existe todo um escopo para que o edifício seja assim classificado”, explica Thales Cavalcanti.