Os amigos de nossos filhos

Fazer amizades é algo normal, principalmente quando se é criança. Não há nada de mais em deixar seu filhote brincar com coleguinhas de escola e vizinhos, chamá-los para aniversários e festinhas, por exemplo. O problema é que as crianças nem sempre têm discernimento suficiente para distinguir o certo do errado e diferenciar as boas das más companhias. E as coisas se agravam ainda mais na adolescência, quando são formados grupinhos e a influência dos amigos no comportamento do jovem passa a ser maior até que a dos pais. É principalmente nesta fase que você deve observar bem a escolha das amizades de seus filhos – e tomar cuidado para que essas relações não se tornem péssimas influências para eles.

Crianças e jovens inseguros, com baixa auto-estima e com uma vinculação pobre com sua família, tendem a seguir o padrão de comportamento dos amigos para serem aceitos e valorizados pelo grupo

Quando chega à puberdade, o jovem tende a romper com os valores dos pais e passa a buscar uma identidade própria. Essa busca o faz tentar inserir-se em grupos, o que é importante para a formação emocional do adolescente. “Crianças e jovens inseguros, com baixa auto-estima e com uma vinculação pobre com sua família, tendem a seguir o padrão de comportamento dos amigos para serem aceitos e valorizados pelo grupo, o que nem sempre é uma boa opção”, explica a psicopedagoga Irene Maluf, presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp). Ou seja, a tarefa de permitir ou não que o filho se junte a pessoas que podem fazer mal ou bem a ele é dos pais, que, acima de tudo, precisam estar abertos e dispostos a conversar.

Já pensou em reparar em quais nomes seu filho menciona quando fala de amigos da escola ou de outros lugares? Isso ajuda a reconhecer aqueles que mais estão ao redor dele. Como quem não quer nada, pergunte coisas sobre esses jovens: onde moram, se tiram boas notas, o que gostam de fazer. Quando seu filho quiser recebê-los, não recuse. Quer melhor oportunidade para conhecer pessoalmente aqueles com quem ele anda? Abra as portas de sua casa – é melhor do que forçar o adolescente a procurar outro lugar. A artesã Rosane Monteiro, por exemplo, confia bastante no filho de 16 anos. Mas garante que nem por isso deixa de cumprir seu papel de vigia: “Discretamente, eu sempre procuro saber das coisas. E desde cedo eu falo que nem tudo que é bom para o colega é bom para ele e vice-versa”, conta.