Reciclando para viver

por | jun 30, 2016 | Casa

Cerca de 3,5 quilos. Não, não estamos falando de dieta, nem de quilos a perder. Esta é a quantidade de lixo que uma pessoa produz semanalmente. São restos de comida, folhas de papel, sacos plásticos, jornal velho, latinhas de refrigerante, caixas de cereal, pilhas e até poeira. Uma infinidade de produtos que, quando misturados, formam um mix doido, impossível de ser aproveitado. Se fosse separado, este material poderia, além de diminuir o volume de lixo dos aterros sanitários, gerar empregos e preservar recursos não renováveis como o petróleo. Tudo através da reciclagem.

Mantendo a cidade limpa

Através da coleta seletiva, grande parte do lixo gerado pelas residências, que é jogado lixeira abaixo, poderia ser reaproveitado. Atendendo à cidade de São Paulo desde outubro de 2004, a EcoUrbis Ambiental é responsável pela coleta, tratamento e destinação final dos resíduos. São cerca de 1,6 milhão de domicílios atendidos, coletando diariamente 6 mil toneladas de resíduos. Neste tipo de coleta, não é feita distinção do lixo. Orgânicos, não orgânicos, entulho e terra, tudo vai parar no mesmo lugar.

Já na coleta diferenciada, a população é instruída a selecionar apenas resíduos não orgânicos – e é aí que entram vidro, papel, papelão, plástico, alumínio e isopor. A jornalista Cinira Fiúza, 32 anos, orgulha-se de separar o lixo há dez anos. “A EcoUrbis retira o lixo orgânico às terças, quintas e sábados, e os recicláveis às quartas. Mas, para fazermos a nossa parte, cada pessoa na casa tem um esquema pessoal, mantendo uma sacola em seu próprio quarto”, explica Cinira.

Nem tudo pode ser aproveitado, por isso é sempre bom ver se a embalagem tem o símbolo da reciclagem

Cidadã consciente

Na casa de Cinira, os cuidados não se resumem ao lixo dos quartos. “No banheiro, também há uma sacola para tudo o que for reciclável, como alguns frascos de xampu. Nem tudo pode ser aproveitado, por isso é sempre bom ver se a embalagem tem o símbolo da reciclagem”, sugere a jornalista. A cozinha também tem papel importante na separação. “É nela onde mais usamos produtos com embalagens recicláveis, e é o cômodo no qual centralizamos tudo o que separamos ao longo da semana”, conta.

Apesar da mão de obra que é separar todo o lixo produzido pela casa, Cinira tem muito menos trabalho do que tinha antes, quando levava, por conta própria, o lixo até os centros de reciclagem. “Hoje, a EcoUrbis retira o lixo na porta de casa, mas este avanço só foi possível depois de muita luta da minha parte, como cidadã consciente. Durante muito tempo, caminhei até os contêineres de reciclagem, que ficavam distantes da minha casa. Nessa época, separava apenas garrafas pet e caixinhas de leite. Alguns anos mais tarde, o endereço dos postos mudou, e passei a levar no Corpo de Bombeiros. Fiz isso até a prefeitura de São Paulo colocar os contêineres em cada quarteirão da cidade, mas pouco depois eles foram retirados devido ao vandalismo urbano”, lamenta a jornalista.

Foi só então que Cinira entrou em contato com a prefeitura local, e solicitou que a EcoUrbis realizasse a coleta seletiva em sua rua. “Junto com o líder de coleta, pensamos em uma ação na comunidade, divulgando com panfletos pelas ruas da redondeza. Hoje, desfrutamos da comodidade de recolherem os recicláveis na porta de nossa casa, mas foram dez anos até chegar a esse ponto”, comemora a jornalista.