15% das crianças de 2 a 4 anos já têm próprio celular — e isso pode impactá-las emocionalmente

por | fev 3, 2023 | Filhos

Diante de uma sociedade tão conectada aos diversos tipos de tela, pode parecer difícil não cair na tentação de “distrair” as crianças com uma delas. Tanto é que, de acordo com a pesquisa “Jogos digitais infantis: um universo de possibilidades no desenvolvimento das crianças”, realizada pelo Giga Gloob, a maioria dos tablets que existe nas mãos dos pequenos foi comprada especialmente para eles.

Ainda assim é importante se atentar aos malefícios que a tecnologia tão acessível pode trazer à cognição e desenvolvimento social das crianças. Entenda mais abaixo.

Crianças a partir de 2 anos já têm seu próprio tablet

Bebê com fones de ouvido jogando em tablet
yaoinlove/IStock

O Giga Gloob é um aplicativo infantil da Globo, disponível na Plataforma Gente, e realizou o estudo: 1.500 pais e mães brasileiros foram ouvidos a fim de se chegar ao panorama atual da relação das crianças com as telas e jogos digitais.

O crescimento, diferente do que acontecia no passado, está inevitalmente transpassado pelo entretenimento criativo, seja pelo smartphone, tablet ou videogames.

Por exemplo, de todas as famílias ouvidas pelo estudo, 54% têm crianças que ganharam o próprio tablet ou Ipad e 24% possui o próprio celular – justamente pelo fato de se interessarem pelo celular dos pais cada vez mais cedo – e 15% das crianças de 2 a 4 anos têm seu próprio celular.

Filha observa mãe mexendo no celular
FreshSplash/IStock

Em relação ao videogame, as crianças mais novas, com idade entre 2 e 6 anos, procuram o entretenimento quando têm irmãos mais velhos que jogam videogame por serem atraídas pelos personagens, som e vibração da tela, de acordo com a pesquisa. Este interesse corresponde a 25% para as crianças com idade entre 2 e 4 anos e 32% entre 5 e 6.

Entre as um pouco maiores, 41% delas tendem a procurar jogos dos 6 anos para cima. Entretanto, o jogo não pode ser fácil demais para a criança se sentir entediada nem difícil demais ao ponto de ela não entender ou desistir.

Além disso, conforme a popularidade da tecnologia cresce dentre os pequenos, os medos dos pais diante da influência da internet também: 52% deles optam por mecanismos de controle, como seleção do conteúdo ou jogo que será consumido.

Tempo de tela recomendado para crianças

Garotinho usando um tablet para se distrair
Jelena Stanojkovic/IStock

A biomédica Telma Abrahão, especialista em neurociência comportamental infantil, explica que o tempo diário de tela recomendado para cada faixa etária é:

  • Até 2 anos: nenhuma tela;
  • De 2 a 7 anos: apenas 1 hora por dia e não contínua;
  • Após essa idade, 2 horas diárias.

A especialista explica que, visto que até os dois anos de idade o cerébro realiza sinapses muito mais rapidamente do que na fase adulta, este é o momento ideal para a criança entender a importância do contato fisico com os pais, principalmente, e o mundo.

Garoto deitado na cama com tablet no rosto
Lolkaphoto/IStock

“A qualidade desse apego é essencial para o futuro saudável de outras relações. O uso exarcebado de telas pode causar atraso de fala e dificuldade de socialização, além de impedir que a criança aprenda a lidar com suas emoções ao longo do tempo. As telas passam a ter o mesmo efeito que uma ‘chupeta'”, afirma Telma.

Já as as funções cognitivas, que envolvem o uso da memória, atenção, desenvolvimento da linguagem, percepção, começam a ser desenvolvidas por volta dos quatro anos de idade.

“A criança se acalma apenas quando tem um eletrônico nas mãos, caso seja um hábito, e isso impacta negativamente em seu processo de autorregulação emocional”, conclui a especialista.

Afeto entre mãe e filha
Ridofranz/IStock

Comportamento infantil