O desenvolvimento da fala de uma criança depende de uma série de fatores. Segundo a fonoaudióloga Adriana Saad, especialista em distúrbios da comunicação, além dos aspectos biológicos, que incluem o sistema neurológico, motor e auditivo, os fatores psicológicos também influenciam diretamente na construção da linguagem dos pequenos. Por isso, é sempre importante, além de observar a criança, também atentar-se ao comportamento dos pais.
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Para Adriana, o tipo de estímulo que a criança recebe determina necessariamente o sucesso do seu desenvolvimento. O ideal é respeitar a resposta que cada faixa etária pode dar. “Estímulo demais ou de menos podem ser prejudiciais. Crianças muito estimuladas podem desenvolver dificuldade com o sono, com a linguagem, para se relacionar ou até problemas motores”, explica.
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Embora sem intenção, muitas vezes os pais ou cuidadores, querendo facilitar o processo da fala, acabam cometendo erros que podem prejudicar o desenvolvimento da linguagem infantil impactando, inclusive, na escrita.
Na galeria, descubra quais são esses erros e como evitá-los:
Repetir palavras erradas: quando a criança fala uma palavra errada e os pais repetem. Exemplo: “quelo socolate”. Ao invés de repetir o erro, eles devem dizer da forma correta: “você quer chocolate?”.
Corrigir com frequência: repreender a criança quando ela falar errado pode causar inibição e recusa. O ideal é, depois que ela falar, repetir da maneira correta. Exemplo: se ela diz “quelo socolate”, repita de forma articulada e na sua altura “ah! Você quer chocolate”.
Rir dos erros: rir das tentativas erradas de uma criança pode fazer com que ela se sinta inibida e não tente mais, retardando o processo de desenvolvimento da fala. Ensine a forma correta repetindo depois dela, de forma articulada e calma, de preferência na mesma altura, olho no olho.
Usar diminutivos: usar palavras no diminutivo como “filhinho”, “comidinha”, “aguinha” prejudica a compreensão e a inteligibilidade da criança. Fale palavras em sua forma normal.
Pedir para separar as sílabas: ao ensinar a criança a falar alguma palavra, os cuidadores tendem a pedir que elas falem sílaba a sílaba. Exemplo: “ba – na – na”. O hábito as deixa confusas, pois não assimilam um som contínuo.
Expor a criança: forçar a fala na frente de estranhos não é uma atitude correta. É preciso respeitar o tempo de cada criança e deixá-las sempre confortáveis nas tentativas.
Trocar nomes de objetos: dar nomes mais fáceis a determinados objetos até pode parecer uma boa saída inicialmente, no entanto, em longo prazo, ela pode atrasar o desenvolvimento da fala, pois a criança vai ter que aprender duas palavras para cada objeto. Exemplo: usar “tetê” para “mamadeira” ou “peta” para “chupeta”.
Esperar os 2 anos: muitos pais acreditam que após os dois anos todos os problemas de fala da criança se normalizam. A fonoaudióloga, no entanto, diz que esses distúrbios, se ignorados, podem trazer problemas como dificuldade de aprendizado ou ser sintoma déficit de atenção, autismo e dislexia. Na dúvida, procure sempre um especialista.