Aborto recorrente

O abortamento espontâneo é a complicação mais frequente da gravidez. De todas as gestações clinicamente confirmadas (pela dosagem de beta-hCG e/ou ultrassonografia), cerca de 20% terminarão desta forma. Sua definição é controversa na literatura, contudo, podemos definir abortamento como a interrupção da gestação com o feto pesando menos que 500 gramas ou quando a gestação for interrompida entre 20 e 22 semanas.

embrião

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 Classifica-se abortamento quanto à sua cronologia: precoce, quando a interrupção da gestação se dá até a 12ª semana; tardio, quando a perda gestacional ocorre entre 13 e 20-22 semanas. A verdade é que a maioria dos abortamentos ocorre muito precocemente, antes mesmo da implantação do óvulo fecundado no endométrio, sem que haja, inclusive, a confirmação clínica da gestação.

Quando ocorre a morte do embrião, sem que este seja “expulso” pelo útero, denomina-se abortamento retido. Nestes casos, geralmente a paciente relata parada dos “sintomas” da gravidez, como enjôo e náuseas, e pode haver sangramento vaginal de pequena quantidade

Clinicamente existem algumas apresentações dessa complicação gestacional: ameaça de abortamento ocorre em até 20% das gestações confirmadas, se apresenta com sangramento de pequeno volume e pode estar acompanhado de cólica, porém o colo uterino encontra-se fechado e, ao exame de ultrassonografia, o embrião encontra-se vivo com o saco gestacional em boa evolução; nestes casos cerca de 50% das pacientes irão abortar futuramente. Abortamento inevitável se apresenta com sangramento mais proeminente e dor em baixo ventre. Neste caso, o colo do útero encontra-se dilatado e já pode ser visto, à ultrassonografia, descolamento ovular.

Há, também, o abortamento completo, quando todos os produtos da gestação são eliminados e, posteriormente, ocorre contração uterina com parada do sangramento e da dor, sendo mais freqüente de ocorrer nas primeiras 10 semanas de gestação. Outra apresentação possível é o abortamento incompleto, que é definido pela permanência de restos gestacionais no interior do útero, geralmente ocorre após a 10ª semana de gestação, se apresenta com sangramento vaginal persistente e colo uterino, na maioria das vezes, permeável ao toque vaginal (dilatado). Nestes casos, o tratamento de escolha é cirúrgico, para o esvaziamento uterino através da curetagem ou aspiração manual intrauterina.

Quando ocorre a morte do embrião, sem que este seja “expulso” pelo útero, denomina-se abortamento retido. Nestes casos, geralmente a paciente relata parada dos “sintomas” da gravidez, como enjôo e náuseas, e pode haver sangramento vaginal de pequena quantidade. O produto da concepção pode permanecer na cavidade uterina por tempo prolongado, às vezes por semanas, o que aumenta o risco de ocorrer infecção, levando a um quadro grave. A utilização da ultrassonografia para confirmação da morte do concepto é de extrema valia e permite uma abordagem mais precoce.