Adultos podem interpretar de forma diferente a dor sentida por meninos e meninas na infância

Um estudo publicado pelo Jornal de psicologia pediátrica de Oxford, demonstrou que esteriótipos de gênero, como a crença de que meninos são mais fortes e meninas mais emotivas, podem influenciar a avaliação de adultos sobre a dor de um criança.

A avaliação precisa da dor é fundamental para o diagnóstico e tratamento em saúde, especialmente em pediatria. Nesse sentido, a pesquisa realizada pela universidade de Oxford buscou explorar a existência de um possível viés de gênero na hora de classificar a sensação de dor infantil entre meninas e meninos.

Estudo

Para evidenciar a questão foram feitos testes de picada no dedo de um menino e uma menina. O momento foi gravado em vídeo e exibido para 264 adultos, homens e mulheres, entre 18 e 75 anos. Em uma escala de 0 (sem dor) a 100 (dor intensa) , os participantes que observaram a reação do menino deram uma nota média de 50,42, enquanto que os instruídos de que a paciente era uma menina classificaram sua dor em 45,90.

Quando os pesquisadores ocultaram a questão de gênero, a diferença desapareceu, sugerindo que preconceitos quanto à disposição de crianças do sexo masculino em relação à dor estavam por trás da crença de que esse menino em particular estava sentindo mais a dor do que a menina.

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Diante de como se enxerga a masculinidade, para um homem demonstrar sofrimento ele deveria estar sujeito à níveis maiores de dor do que uma mulher. Daí vem a ideia de que, se os meninos demonstram estar sentindo dor, é necessariamente porque a dor é mais intensa do que para meninas.

Meninas sentem menos dor: é mito

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Os resultados, no que o principal autor Brian D. Earp descreveu como uma “nova área de pesquisa”, contribuem para a crescente compreensão das diferenças sexuais na dor, um tópico que tem sido estudado principalmente no contexto de adultos.

Eles acrescentam outras dimensões à exploração de avaliações de dor tendenciosas por raça, baseadas em noções duvidosas sobre diferenças biológicas entre negros e brancos. E os resultados sugerem uma possível necessidade de uma correção de curso em cuidados pediátricos, onde os prestadores de cuidados de saúde podem exibir os mesmos preconceitos que influenciam o público em geral.

Diferença de gêneros