Estabelecidos os prós e contras da creche, vamos a outra opção. Contratar uma babá é a preferência de muitos pais. A advogada Laura Maria Neves teve a sorte de ter encontrado babás de confiança e – o que ela acha extremamente importante – afetivas. “As duas babás dos meus três filhos eram pessoas conhecidas de anos, que me deixaram bastante tranqüila. E eu tenho um pé atrás com creche também. Acho que lá as pessoas agem profissionalmente, é algo impessoal. Não há o risco de a criança ser maltratada, mas a relação é menos afetiva. Acho que o bebê ganha menos carinho. Além do que, na creche, tem um monte de criança chorando e berrando. O bebê quer ficar no cantinho dele, saiu do útero quentinho, precisa de calma e muita, mas muita atenção”, opina a mãe Laura Maria.
Sob certo aspecto, Laura Maria está certa. Ao contratar uma babá, a mãe permite que o bebê permaneça num ambiente que lhe é conhecido. “Isso aumenta o sentimento de segurança da criança. Fora o fato de a ligação afetiva entre ela e a babá ser maior do que com uma berçarista, que se ocupa de várias crianças, dificultando o estabelecimento de vínculos. Sem contar que, numa determinada instituição, as berçaristas podem se revezar”, assinala Priscila Gaspar, lembrando que uma babá, assim como a mãe, não deve se restringir apenas aos cuidados operacionais, ou seja, alimentação e higiene. “Uma boa babá deve ser afetuosa, pegar a criança com carinho,
conversar com ela, cantar para ninar e, claro, brincar bastante”, sugere a psicanalista.
Uma maneira eficiente de averiguar se uma pessoa tem ou não os atributos necessários para ser uma boa babá é instaurar um período de experiência na qual a candidata estará sob supervisão. Foi exatamente o que a médica Ana Aparecida Delorme fez.
“Por mais que a babá tenha boas referências, ela é uma pessoa desconhecida. Então, quando o meu filho fez seis meses, eu contratei uma e pedi a minha mãe para ficar na minha casa durante o horário que eu não estava, analisando como a babá cuidava dele. Quinze dias se passaram e minha mãe não ficou totalmente segura com ela. Chamamos
outra e não precisou de uma semana para vermos que ela dava conta de tudo e muito bem. Hoje meu filho tem sete anos e a babá ainda trabalha na minha casa”, conta a médica, que decidiu matricular o filho no maternal quando ele completou um ano e meio. “Eu achava importante ele não ficar ligado só a ela. Quis que ele tivesse o convívio com outras crianças, já que não tinha ido para a creche quando era pequeninho. Lá, ele começou a aprender a dividir os brinquedos, porque em casa tudo era dele”, lembra Ana.
Enfim, se você estava esperando que nós da reportagem disséssemos qual das duas alternativas é a melhor, vai ficar chupando dedo. Essa é uma escolha que somente mãe e pai podem fazer. O importante é escolher aquilo que mais agrada e não deixar para em cima da hora. Se chegarem a conclusão de que é na creche que seu filho irá
ficar, se empenhem em pesquisar qual a melhor instituição. “Deve-se visitar várias creches, para tentar conciliar os diferentes fatores envolvidos, como localização, preço e tudo mais. É imprescindível que os pais sintam-se acolhidos no ambiente e à vontade com os funcionários do local, pois essas percepções serão transmitidas para o bebê”, sinaliza Priscila Gaspar. Da mesma maneira que, ao optar por uma babá, a empatia entre os pais e ela é fundamental. De qualquer maneira, pode ocorrer de você resolver mudar de idéia no meio do caminho. “Essa decisão não precisa ser definitiva. Pais que, inicialmente, escolheram a babá, mas desejam, pelo motivo que for, mudar para a creche (ou vice-e-versa), podem fazê-lo, a qualquer momento. Não devem se sentir culpados ou angustiados por isso, pois rever uma posição pode ser extremamente benéfico”, conclui Priscila Gaspar.