Como organizar a rotina das crianças

Beatriz Helena

Do Bolsa de Bebê

Decidir quais serão as  atividades das crianças não é tarefa fácil. Além da escolarização, ainda é possível matricular os pequenos em cursos de idiomas, reforços escolares, natação, futebol, lutas ou aulas de danças. Mas, antes de optar por encher a agenda de toda a família, é preciso entender quais são os benefícios de uma rotina organizada e os ricos de sobrecarregá-la.

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“Devido à rotina de trabalho das famílias, a escolarização é adiantada ou a criança é entregue ao cuidado terceirizado. Quanto menor a criança, maior são suas necessidades. Uma criança que não consegue ficar em casa tranquila e com tempo para brincar livremente, descansar e fazer nada pode ser diagnosticada com compulsão ou agressividade, que são resultantes do estresse gerado pelo excesso de atividades”, analisa a psicóloga, pedagoga e pesquisadora colaboradora do Hospital das Clínicas, Karina Sauma Resk.

Como montar uma agenda para as crianças

As preocupações começam antes mesmo da gestação. Quando um casal decide ter um filho, é preciso saber que a criança precisa de tempo e que os vínculos com os pais são essenciais para um crescimento saudável e sem carências. “As crianças nascem com infinitas necessidades e precisam sentir-se protegidas pelo pai ou pela mãe. Por isso, quando há a decisão de ter filhos, é preciso pensar que a carga de trabalho terá que ser reduzida e o tempo melhor organizado para o novo integrante da família”, explica a psicóloga.

“É essencial reservar tempo para que a criança faça o quiser”, destaca a especialista. Além disso, cumprir todas as atividades programadas é dar exemplo de responsabilidade e respeito com as obrigações. “É preferível colocar poucas atividades na semana, mas segui-las rigorosamente. Assim, a criança entenderá que aquilo é importante e que o que é combinado precisa ser cumprido”, diz Karina.

Prioridades

Para a psicóloga, a rotina precisa ser planejada através das prioridades. Portanto, organize o tempo da escola, levando em consideração o trajeto, as refeições e o tempo para a lição de casa. Depois disso, estabeleça quais são as outras necessidades e como elas serão postas em prática.

Prazer x Obrigação

As atividades devem ser prazerosas para a criança, porém, quando isso não for possível, vale estabelecer combinados. “O inglês, por exemplo, pode ser essencial para os pais, mas nem tão atrativo para as crianças. Neste caso, combine que depois da aula ela poderá fazer a atividade que quiser, que pode ser uma dança ou uma modalidade esportiva e até mesmo brincar com os amigos, ir ao clube ou ficar em casa assistindo televisão, jogando vídeo game ou navegando na internet”, indica Karina.

Cada criança funciona de um jeito

Na hora de pensar nos horários e em quais atividades extras encaixar, é importante priorizar a necessidade de cada criança. “Existem crianças que conseguem sair da escola e ir direto para a natação ou para inglês, outras precisam de um intervalo maior entre as obrigações”, explica a psicóloga.

Portanto, os horários devem levar em consideração as características biológicas de cada indivíduo.

Atividade ideal para cada idade

Cada fase da criança requer um tipo de atividade específica (Crédito: Thinkstock)

Até o primeiro ano de vida as atividades são básicas. A criança pode brincar livremente em espaços seguros ou praticar natação. “A natação para bebês é um dos esportes mais indicados, uma vez que ajuda a trabalhar o sistema respiratório e a melhorar o desenvolvimento motor, o equilíbrio e a postura”, explica o médico Fabiano Prata, especialista em ortopedia pediátrica do Hospital e Maternidade São Luiz, em São Paulo.

Entre os 3 e os 5 anos, as atividades devem ser aquelas que melhoram o desenvolvimento da coordenação motora e estimulam a criatividade. Oficinas de histórias e brinquedotecas são opções além dos esportes.

Depois disso, as escolinhas de esportes são lugares onde, além de aprenderem a respeitar regras e conviver em grupo, as crianças ainda conhecem suas aptidões físicas. “Esportes como vôlei, futebol e basquete trabalham o aspecto psicológico, auxiliando a criança a trabalhar em equipe, conviver com diferentes tipos de personalidades e aprender a perder e ganhar”, diz o ortopedista.

A partir dos 13 ou 14 anos eles já estão com energia para desenvolver mais atividades. “Nesta idade a criança já tem condição física e emocional para suportar tantas horas ocupadas em um dia”, explica a psicóloga.

Metas

O planeamento e as metas precisam ser traçados e revistos semestralmente. “Dentro de seis meses o desenvolvimento de uma criança muda. Por isso, o ideal é programar a  rotina das crianças de seis em seis meses, mantendo o que deu certo, replanejando o que fracassou e adequando as atividades à idade”, ensina Karina.

Atenção

A psicóloga ainda alerta para alguns sintomas que indicam estresse. “Criança que passa a ter problema com o sono e ser torna impulsiva e agressiva pode estar tendo uma rotina que vai além da sua capacidade”, diz. Neste momento é hora de parar, respeitar o tempo da criança e replanejar os horários e atividades.