Pesquisadores dinamarqueses comprovaram recentemente mais uma implicação da obesidade infantil: crianças com peso excessivo correm mais riscos de ter problemas cardíacos quando adultas. Os cientistas analisaram registros médicos de 276 mil pessoas, nascidas entre 1930 e 1976 na Dinamarca, e verificaram a ocorrência de complicações cardíacas fatais e não-fatais nos anos posteriores. A análise foi baseada no índice de massa corpórea (IMC) – que mede a razão entre o peso e a altura do indivíduo – de crianças entre 7 e 13 anos de idade. O estudo mostrou que quanto mais gorda, maior o risco de ter uma doença cardíaca no futuro. Para um garoto de 13 anos com 12 quilos acima do peso ideal, por exemplo, o risco de desenvolver doença do coração na idade adulta cresce em 33%, em comparação com meninos magros.
Os pais precisam estar atentos. Para determinar se uma criança está realmente obesa, os médicos seguem padrões internacionais que levam em consideração o IMC – o índice de massa corpórea -, mas a estrutura esquelética e muscular da criança também é levada em consideração. Muitos pais costumam amenizar o excesso de peso dos filhos, contando com o emagrecimento ao chegar na fase da adolescência. Segundo o Dr. Paulo Olzon, este é um erro que deve ser evitado. “É muito mais difícil mudar a auto-imagem e os hábitos durante a adolescência. O melhor é enfrentar o problema ainda na infância”.
Como quase tudo na vida, é melhor prevenir a chegada do problema. Buscar a alimentação adequada desde o nascimento pode ser decisivo para que a criança não sofra com o excesso de peso. “A solução começa no supermercado, com a decisão do que comprar. É preciso consumir mais alimentos integrais, óleos vegetais, legumes. Os pais têm que fazer uma escolha. Ao renunciarem durante a infância, optam por uma vida longe dessas doenças”, diz o Dr. Paulo Olzon.
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) lançou em 2006 um manual que auxilia os pais a oferecerem uma dieta saudável e apropriada a cada fase da criança. São 64 páginas com dicas e sugestões práticas sobre alimentação e explicações sobre o comportamento das crianças em cada idade. Até os dois anos, por exemplo, é recomendável que os pais sigam os dez passos listados abaixo para garantir a alimentação infantil adequada. São regras simples, mas que, se cumpridas à risca, podem evitar que os filhos tenham uma série de problemas no futuro:
1. Dar somente leite materno até os seis meses, sem oferecer água, chás ou
quaisquer outros alimentos.
2. A partir dos seis meses, introduzir de forma lenta e gradual outros alimentos,
mantendo o leite materno até os dois anos de idade ou mais.
3. Após os seis meses, dar alimentos complementares (cereais, tubérculos,
carnes, leguminosas, frutas, legumes), três vezes ao dia, se a criança receber leite
materno, e cinco vezes ao dia, se estiver desmamada.
4. A alimentação complementar deverá ser oferecida sem rigidez de horários,
respeitando-se sempre a vontade da criança.
5. A alimentação complementar deve ser espessa desde o início e oferecida
com colher; começar com consistência pastosa (papas/purês) e, gradativamente, aumentar a consistência até chegar à alimentação da família.
6. Oferecer à criança diferentes alimentos ao dia. Uma alimentação variada é,
também, uma alimentação colorida.
7. Estimular o consumo diário de frutas, verduras e legumes nas refeições.
8. Evitar açúcar, café, enlatados, frituras, refrigerantes, balas, salgadinhos e
outras guloseimas nos primeiros anos de vida. Usar sal com moderação.
9. Cuidar da higiene no preparo e manuseio dos alimentos; garantir o seu
armazenamento e conservação adequados.
10. Estimular a criança doente e convalescente a se alimentar, oferecendo sua alimentação habitual e seus alimentos preferidos, respeitando a sua aceitação.