Além de todo o sofrimento causado à própria mãe, a depressão pós-parto a faz interagir menos com o filho e passar menos tempo em contato com o bebê, o que pode tornar a criança propensa à irritação e à ansiedade. “A doença pode prejudicar a qualidade da relação mãe-feto, já que a mãe serena e afetuosa tenderá a ter um bebê calmo e tranqüilo. Por outro lado, uma mãe insegura e ansiosa poderá acentuar sua inquietação e agitação”, ressalta Sergio Amaral.
É necessário apoiar a mãe com muita compreensão, amor e afeto. Se for necessário, a família não deve ter receio de procurar um especialista para acompanhá-la
E não é só isso. A depressão pós-parto também pode ter conseqüências desastrosas no futuro: os filhos podem apresentar problemas de ajustamento social na adolescência, com maior tendência à depressão, à apatia e ao abuso de substâncias psicoativas, devido à ansiedade. A doença também pode interferir no relacionamento do casal e provocar o afastamento do marido, muitas vezes pela ignorância da doença em si – supondo que se trata de bobagem ou “frescura” -, o que pode desencadear mais sintomas depressivos na esposa.
O papel da família
Como depressão não tem nada de “frescura”, pois é uma doença séria, deve ser tratada de forma adequada. Em geral, pacientes depressivos são bem resistentes, se recusam a admitir que necessitam de ajuda profissional e, por isso, precisam de uma pessoa forte que a pressione para realizar o tratamento.
Além do mais, é importante acompanhar a mulher depressiva em tratamento, e esse papel deve ser desempenhado pelo marido ou pela família – verificando se ela toma a medicação direitinho e se tem comparecido às sessões de psicoterapia. “É necessário apoiar a mãe com muita compreensão, amor e afeto. Se for necessário, a família não deve ter receio de procurar um especialista para acompanhá-la”, orienta o Dr. Sergio.
Segundo Olga Tessari, a pessoa depressiva sempre pensa que seu caso não tem solução e, por conta deste pensamento equivocado, acaba boicotando o trabalho dos profissionais, daí a importância do acompanhamento familiar. “Enquanto a mãe está em tratamento, é bom a família não exigir algo que ela não se sinta em condições de realizar. Respeitar os limites, entender que a doença é incapacitante e que traz muito sofrimento é o caminho para que ela possa sair mais rapidamente deste problema”, recomenda a psicóloga.