Certamente você já presenciou ou ouviu relatos de crianças que acordam no meio da noite queixando-se de dores nas pernas. Será que crescer dói? Nada de dengo ou estratégia para chamar a atenção, essas dores são mesmo reais. “Acredita-se que nas fases de maior crescimento da criança haja uma desproporção entre o desenvolvimento ósseo e o de músculos e ligamentos, levando à distensão destes e causando dor”, explica Arnaldo Hernadez, ortopedista do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Em outros casos “são dores resultantes de inflamações em determinadas áreas ósseas por esforço excessivo (como em atividades físicas)”, acrescenta o ortopedista. Para amenizar as dores, ele recomenda toalhas ou compressas de água quente antes de dormir.
Problemas nutricionais e carências de vitaminas, como a D (raquitismo) também podem levar ao crescimento inadequado. “Uma criança doente gasta energia para se recuperar da doença, energia que deixa de ser aproveitada em seu crescimento”, afirma o ortopedista. Distúrbios hormonais (doenças endócrinas), distúrbios metabólicos, doenças neurológicas e processos infecciosos são outros agentes que influenciam negativamente. A boa notícia é que, detectados a tempo, os distúrbios têm cura. “Problemas hormonais e alimentares, por exemplo, são tratáveis em sua maioria”, revela Arnaldo.
No primeiro ano de vida a criança pode crescer até 25 centímetros, o que corresponde a 50% de sua altura de nascimento
Em outros casos, a administração do hormônio do crescimento (GH) pode ajudar. Mas cuidado: esse hormônio só deve ser administrado em casos especiais em que há um déficit na produção do mesmo. O crescimento da criança jamais deverá ser forçado para além de suas potencialidades genéticas. “É verdade que todo pai quer ter o filho mais bonito, mais inteligente e mais alto do planeta. Nem sempre será assim. Os pais não devem depositar expectativas na criança. Uma pessoa de 1,60m é inferior por sua altura?”, questiona o ortopedista.
Os picos de crescimento
É ainda nos primeiros meses de gestação que o bebê passa por situações determinantes para o crescimento ao longo da vida. “As boas condições no útero são de extrema importância e, quando encontradas pelo feto, este desenvolve suas potencialidades genéticas de crescimento. Quando a gestante tem maus hábitos como o fumo ou alguma doença, como a diabetes, ele pode chegar ao mundo hipodesenvolvido”, explica Arnaldo. E aconselha: “É preciso que a mãe faça o pré-natal e tenha um acompanhamento adequado capaz de controlar possíveis problemas que possam afetar o desenvolvimento do bebê. Além disso, deve ter uma dieta equilibrada com suporte suficiente de proteínas e calorias”.
O crescimento só cessa aos 14 anos, nas meninas, e aos 16 anos, nos meninos.
Existem três fases em que a criança costuma acelerar o desenvolvimento devido a uma maior liberação do hormônio do crescimento. “A primeira ocorre por volta dos três e quatro anos, depois se repete aos sete e oito anos e o estirão mesmo ocorre na puberdade” revela Arnaldo. O chefe do grupo de ortopedia e traumatologia pediátrica da Santa Casa de São Paulo, Miguel Akkari, acrescenta uma fase: “No primeiro ano de vida a criança pode crescer até 25 centímetros, o que corresponde a 50% de sua altura de nascimento”.
Após o segundo ano, segue-se uma constante com uma média de crescimento de sete centímetros anuais. O crescimento só cessa aos 14 anos, nas meninas, e aos 16 anos, nos meninos. “Nessa fase é comum que as cartilagens de crescimento presentes nos ossos longos se fechem”, explica Miguel.
Por falar em meninas e meninos, Miguel explica que o potencial de crescimento é o mesmo. “O que ocorre é que as mulheres alcançam sua maturidade hormonal mais precocemente, o que pode transparecer uma diferença importante de altura por volta dos 12 anos, em compensação esse crescimento cessa mais cedo”, afirma o ortopedista.
Veja a seguir como calcular uma previsão da altura que o seu filho terá na idade adulta.





