Ter um filho é o sonho da maioria das mulheres, mas colocar uma criança no mundo não é uma decisão que se possa tomar de uma hora para outra. Por mais que o instinto maternal nos faça ficar totalmente derretidas quando cruzamos por aí com um bebê fofinho e sorridente, existe uma hora certa para ser mãe. Tanto biológica quanto psicológica e financeiramente. Afinal, é preciso proporcionar à criança toda uma estrutura, para que ela possa chegar ao mundo cercada de amor e cuidados. Para algumas mulheres, esse momento vem cedo; para outras, demora um pouco mais. Mas a maioria das mulheres afirma: quando a vontade vem, trazendo aquele sentimento de “a hora é agora”, fica cada vez mais difícil resistir.
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Pode parecer irônico, mas muitas mulheres sentem medo de engravidar quando tudo vai bem na vida: carreira, casamento, finanças… A advogada Daniela Artico, 36 anos, era uma delas. “A maternidade, para mim, sempre foi envolta em muita insegurança. Meus medos eram em todos os sentidos. Medo do parto, das mudanças durante e após a gestação, de mudar meu casamento, a minha vida, de não dar conta de uma responsabilidade tão grande”, conta. Porém, chegou a hora em que o relógio biológico falou mais alto. “Meu casamento é maravilhoso, e chegou um momento em que senti que não poderia mais prorrogar a maternidade. Eu estava com 35 anos e me preocupava com os riscos de uma gravidez tardia”, comenta.
Não sei se existe uma época certa para ser mãe, mas penso que é muito bom ter um pouco mais de maturidade, somada a uma maior estabilidade financeira. Isso faz com que, hoje em dia, a maioria das mulheres engravide a partir dos 30 anos
Daniela não estava errada. De acordo com a ginecologista Karla Uchôa, do Hospital Barra D´Or, no Rio de Janeiro, a possibilidade de engravidar espontaneamente entre 35 e 39 anos de idade é 50% menor do que entre os 30 e 34 anos. “A idade máxima para ser mãe é até quando a mulher ainda tiver ovócitos em seus ovários. A maioria das mulheres entra na menopausa por volta dos 55 anos. Porém, é importante ressaltarmos que algumas podem dar início a este processo antes dos 40 anos, a chamada menopausa precoce”, afirma. Sem falar que, a partir dos 40 anos, a gravidez já pode ser considerada de risco. Isso significa que, quanto mais cedo a mulher tentar engravidar, maiores serão as chances de sucesso.
Mas não tão cedo assim. Na adolescência, por causa do corpo em formação, há grandes possibilidades de complicações obstétricas, especialmente nas meninas de faixa etária mais baixa. “Há constatações que vão desde anemia, ganho de peso insuficiente, pré-eclâmpsia, infecção urinária, doenças sexualmente transmissíveis, desproporção céfalo-pélvica, até complicações puerperais”, assinala a Dra. Karla. Segundo ela, ter filhos antes dos 20 anos é bastante arriscado. Mulheres jovens, entre 15 e 19 anos, são duas vezes mais propensas a morrer no parto do que as de 20 anos ou mais. “Não sei se existe uma época certa para ser mãe, mas penso que é muito bom ter um pouco mais de maturidade, somada a uma maior estabilidade financeira. Isso faz com que, hoje em dia, a maioria das mulheres engravide a partir dos 30 anos”, opina a médica.
Surpresa!
Decidida a engravidar, Daniela acabou encontrando um obstáculo no meio do caminho: ao realizar alguns exames pedidos pelo ginecologista, descobriu que possuía um cisto no ovário. Ao invés de desanimar, foi atrás de um tratamento adequado e, após alguns meses, se viu curada. “Foi uma surpresa quando descobri que estava grávida logo na primeira tentativa após o término do tratamento”, relata. Depois de nove meses de uma gravidez tranqüila – sem enjôos, mal-estar ou qualquer tipo de incômodo -, Letícia nasceu e todos os medos pré-gestação da mãe desapareceram. “A emoção é incrível, algo nunca sentido. É como se o meu coração fosse crescendo e tomando conta do corpo todo. A ligação com a minha filha, que hoje tem quatro meses, é tão intensa e gratificante que hoje eu penso: como fui tola de ter tantos medos e como eu consegui viver sem ela por tanto tempo?”, diz.
Daniela conta que seu instinto maternal se revelou tão forte que, mesmo sendo mãe pela primeira vez, não teve dificuldade alguma na hora de enfrentar os primeiros dias de cuidados com o bebê. “Parece que eu já sabia tudo: trocar fraldas, dar banho, cuidar. A adaptação com o bebê foi tranqüila, mas o apoio do meu marido também foi fundamental”, afirma.