Educação bilíngue: quanto mais cedo, melhor

Marianna Feiteiro

Do Bolsa de Bebê

Hoje em dia, falar uma segunda língua é requisito básico para grande parte dos cargos profissionais. Por conta disso, os pais estão investindo cada vez mais cedo em cursos de línguas estrangeiras para os filhos, e muitos optam por iniciar essa educação logo nos primeiros anos de vida, por meio das escolas de ensino bilíngue.

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Os benefícios do método não se restringem apenas ao upgrade no currículo. Um estudo canadense publicado na revista Child Development revelou que crianças educadas em duas línguas têm maior capacidade de realizar multitarefas do que aquelas que só falam um idioma.

Tem mais: outros estudos sugerem que o bilinguismo ajuda a melhorar a memória e a atenção, retarda os efeitos da velhice, aumenta a capacidade de aprendizagem e aprimora o sistema executivo do cérebro, função que mantém o indivíduo focado no que é relevante, ignorando as distrações. Segundo pesquisa americana, o bilinguismo praticado desde cedo pode até adiar os sintomas do mal de Alzheimer.

Os benefícios também são sociais: pessoas educadas em duas línguas têm facilidade de se colocar no lugar das outras, uma vez que seu cérebro é capaz de ignorar as informações conhecidas e, assim, abrir espaço para o ponto de vista alheio.

“As escolas bilíngues não oferecem apenas o ensino de outra língua, mas sim a imersão na cultura daquele país. Esse tipo de educação estimula a abertura à diversidade cultural e oferece ao aluno um conhecimento global”, destaca o pediatra do Hospital São Luiz Dr. Marcelo Reibscheid.

Segundo ele, quanto mais cedo a criança começar o estudo bilíngue, maiores serão os benefícios. “A assimilação é muito mais tranquila e exata”, explica.

Dr. Marcelo, cujos dois filhos estudam em escolas bilíngues, diz que o processo de alfabetização é crucial no aprendizado de dois idiomas. “A alfabetização sempre tem de ser feita primeiro na língua-mãe. Depois de seis meses a um ano que foi concluída, deve ser iniciada a alfabetização na outra língua, ou seja, um idioma por vez, sempre dando preferência à língua materna.”

Lado negativo

O especialista defende que, se a alfabetização for feita de maneira correta, não existe prejuízo algum para a criança. O estudo canadense, no entanto, descobriu que crianças monoglotas possuem um vocabulário mais amplo do que as bilíngues, bem como maior conhecimento gramatical. O resultado se deve ao fato de que as primeiras tiveram de aprender apenas um idioma.

Escolha a escola correta

“É importante escolher uma escola que perceba a criança como um indivíduo. Por ser um ensino diferenciado, a escola precisa levar em consideração as características de cada criança e ficar atenta às dificuldades para orientá-la. Se ela não está indo bem em determinada matéria, é preciso dar maior assistência”, diz Dr. Marcelo, destacando que toda a educação é feita na língua estrangeira.

Quanto mais velha for a criança, mais chances há de ela apresentar dificuldades no aprendizado do novo idioma e na adaptação ao ensino bilíngue. Por isso, é importante observar se ela está se adaptando bem ao lugar e ao método e, principalmente, se há ganho em seu aprendizado.