Você não pode nem sentir o cheiro daquela comidinha que antes era a sua preferida? Corre para o banheiro a cada duas horas? Nada é capaz de parar no seu estômago? Qualquer gestante sabe bem o que é isso. Nos primeiros meses de gravidez, a alegria e as expectativas são sempre acompanhadas de náuseas e muitos enjoos. Pesquisas apontam que 80% das grávidas sofrem com esse mal estar. Mas, ainda que não dê para evitar, atitudes como controlar a freqüência, a quantidade e a qualidade do que você anda comendo podem amenizar esses sintomas e trazer alívio – afinal, o que você quer mesmo é poder desfrutar deste momento único que é a gravidez.
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Os enjôos são ainda mais freqüentes pela manhã, quando o estômago ainda está vazio e podem surgir vômitos e salivação excessiva. “Durante a gestação, o corpo lúteo – resto das células do folículo dentro do qual estava o óvulo – produz uma maior quantidade do hormônio progesterona, que combinado com o hormônio HCG (gonadotrofina coriônica humana, eliminado pelo embrião ao se aderir ao útero), faz com que o cérebro fique mais sensível aos estímulos para o enjôo”, explica Alexandre Pupo Nogueira, ginecologista do Hospital Sírio-Libanês.
Brigas de casal e de família, por exemplo, sobrecarregam a mente e aumentam as sensações negativas, deixando a grávida mais sujeita ao mal-estar
Possíveis causas
Além das alterações hormonais, a redução dos níveis de glicose (açúcar) no sangue, a digestão mais lenta e o aumento na sensibilidade do olfato também deixam a gestante mais predisposta a enjôos. Mas a boa notícia é que, segundo o médico, eles desaparecem a partir do quarto mês de gestação.
Alguns pesquisadores relacionam os enjôos, ainda, a causas emocionais. “Brigas de casal e de família, por exemplo, sobrecarregam a mente e aumentam as sensações negativas, deixando a grávida mais sujeita ao mal-estar”, afirma Alexandre. Isso porque a tensão e a ansiedade do dia-a-dia podem ser refletidos no aparelho digestivo. Uma pesquisa recente realizada na Universidade de Liverpool, na Inglaterra, no entanto, afirmou que os enjôos sentidos durante a gravidez são, na verdade, um mecanismo da natureza para impedir que a gestante coma alimentos pouco saudáveis que possam prejudicar o desenvolvimento do bebê. Os cientistas chegaram à conclusão de que as náusea e os vômitos das grávidas estão associados ao alto consumo de açúcar, álcool, óleos e carne.
Em alguns casos, os enjoos tomam tamanha proporção que a gestante acaba tendo seu sono comprometido, perda de apetite, e a vida do neném pode ser colocada em risco. É a chamada hiperemese gravídica: “Nesses casos, o vômito se torna uma constante e nada pára no estômago da mulher. Ela pode acabar tendo alterações de eletrólitos (sódio, potássio e cálcio) sendo, necessária sua internação”, esclarece o ginecologista. Nesta situação, é comum que a gestante acabe sofrendo com um quadro de desidratação, então alguns cuidados extras precisam ser tomados. “Se os enjoos são seguidos de vômitos há risco de desidratação e de redução de sódio e potássio, nutrientes essenciais para o funcionamento cardíaco”, adverte a nutricionista Fernanda Pisciolaro.