Gestações múltiplas

Ter um filho é o sonho da maioria das mulheres, mas imagine quando esse sonho se multiplica por dois, três, quatro… cinco… seis… Pois é, a gravidez de gêmeos é sempre uma surpresa – especialmente para quem recorre a técnicas de reprodução assistida para poder dar à luz ao tão desejado pimpolho. Mas, por mais que a gente ache tão bacana ver aqueles bebezinhos lindos nascendo todos ao mesmo tempo, e às vezes iguaizinhos uns aos outros, nem tudo são flores na chamada gestação gemelar. Ela é bem mais arriscada do que a gravidez comum e precisa de muitos cuidados especiais – e paciência! – para vingar com sucesso.

Para começo de conversa, é preciso esclarecer que a aparição natural de gêmeos – ou seja, sem a ajuda de técnicas de reprodução assistida – se dá mais em umas famílias do que em outras. Isto se deve a um gene que a mulher possui e que já predispõe a uma ovulação dupla. Funciona assim: se a futura mamãe é filha de uma mulher que teve gêmeos, ou se tem uma tia que seja mãe de gêmeos, suas chances de gravidez gemelar são maiores. O homem também pode transmitir esse gene para sua filha, desde que tenha um irmão gêmeo ou haja casos de gêmeos na família. Só que, até onde se sabe, apenas o lado da mulher é responsável pela transmissão desse gene. Isso significa que se o marido dela for gêmeo, isso não vai ter influência alguma na hora da concepção.

A gravidez múltipla apresenta diversos riscos. Podem ocorrer anomalias congênitas, atraso no crescimento dos fetos, parto prematuro e até ameaças de aborto ou o aborto propriamente dito

Porém, a grande maioria dos casos de gestações gemelares ocorre mesmo por causa das técnicas de reprodução assistida, muito procuradas por casais que não conseguem engravidar pelas vias normais. No caso da fertilização in vitro, por exemplo, são implantados vários embriões no útero materno – em geral, aproximadamente cinco – para fazer com que um deles sobreviva e dê início a uma gestação. Esse “exagero” acontece porque apenas uma em cinco tentativas resulta em gravidez, daí a necessidade de tantos embriões. Isso, é claro, aumenta a probabilidade de ocorrer uma gestação múltipla. O problema reside no fato de que esse tipo de gestação pode arriscar a saúde e até a vida dos bebês.

Gestação delicada

A gravidez múltipla apresenta diversos riscos. Podem ocorrer anomalias congênitas, atraso no crescimento dos fetos, parto prematuro e até ameaças de aborto ou o aborto propriamente dito. As crianças também nascem mais cedo e menores, apresentando alguns problemas comuns aos prematuros. E quanto maior for o número de bebês, maiores serão as chances de ocorrer esses problemas. A ruptura prematura da bolsa de água também pode ocorrer, sendo três vezes mais freqüente do que na gestação comum. Outro agravante é o risco de morte, que, segundo um estudo realizado nos Estados Unidos, se estende até a criança completar cinco anos de idade.

As mães também sofrem bastante, pois os sintomas da gravidez podem aumentar consideravelmente. As náuseas e os vômitos, por exemplo, podem ser tão intensos que a gestante acaba sofrendo de hiperemese gravídica, que leva a um comprometimento de seu estado nutricional, acarretando em perda de 4% a 10% do peso e levando à internação hospitalar. Também são grandes as chances de desenvolver doenças, como anemia, hipertensão arterial e diabetes gestacional, que devem ser cuidadosamente rastreadas no pré-natal, com exames de sangue específicos e ultra-sonografias.