Diante do atual cenário de pandemia do novo coronavírus, quais são as recomendações para mulheres grávidas se protegerem e tratarem, em caso de infecção? Elas estão mais suscetíveis a COVID-19, a doença causada pelo vírus? Explicamos abaixo:
Coronavírus e grávidas: quais são os riscos
Grávidas correm mais risco com o COVID-19?
De acordo com Olímpio Barbosa de Moraes Filho, presidente da Comissão Nacional Especializada em Assistência Pré-Natal da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), embora o sistema imunológico da gestante fique mais debilitado durante a gravidez, não há evidências de que isso, por si só, torne o COVID-19 mais grave nesta população.
“É diferente do H1N1, em que as grávidas eram as mais vulneráveis e que tínhamos muitas mortes [de gestantes]. Mas, no caso desse coronavírus, não há nenhum relato da gestante estar dentro de um fator de risco da mesma forma como acontece com os idosos”, diz Olímpio.
O ginecologista ainda acrescenta que a infecção por COVID-19 também é diferente de casos de zika vírus, que pode causar microcefalia em bebês caso a mãe esteja infectada.
As grávidas que estão mais vulneráveis ao SARS-CoV-2 são aquelas dentro do considerado grupo de maior risco, ou seja, que têm doenças crônicas (como hipertensão, câncer, quadros respiratórios, etc.) ou idade avançada.
“A gestação em si não tem relação com aumento de morte nem de piora de casos de COVID-19”, enfatiza Olímpio.
O Governo do Estado possui um site específico para orientar a população sobre o tema e enfrentar a disseminação de fake news:
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— Governo de S. Paulo (@governosp) March 16, 2020
No entanto, é recomendável que gestantes e mulheres que deram à luz há menos de 40 dias se resguardem e busquem avaliação médica ao identificarem sinais característicos da doença, como febre e sintomas respiratórios, já que a imunidade mais baixa pode favorecer a infecção.
Casos de grávidas com novo coronavírus: o que se sabe
De acordo com Olímpio, mulheres gestantes com COVID-19 não têm demostrado sintomas diferentes da doença em relação a outros pacientes.
O sinais mais comuns são, como na maioria dos casos, febre, fadiga e tosse seca. Alguns pacientes podem apresentar dores, congestão nasal, coriza, garganta dolorida ou diarreia.
Olímpio destaca que, com base nos estudos já realizados com estas pacientes, ainda é impossível dizer categoricamente que tipo de complicações o SARS-CoV-2 pode acarretar no corpo da mulher ou mesmo do bebê já que todas as pesquisas sobre o tema estão ainda no início e o próprio vírus ainda é de conhecimento recente pelos cientistas.
“O parto prematuro, por exemplo, é uma consequência comum de todas as infecções em grávidas”, lembra o médico.
Transmissão de mãe para bebê no útero acontece?
Uma das preocupações que muitas mães costumam ter é saber se uma doença é transmitida durante a gravidez.
No caso do SARS-CoV-2, as pesquisas com o vírus em gestante não confirmam nenhum caso de transmissão vertical.
Recentemente, um recém-nascido testou positivo para o COVID-19 no Reino Unido, se tornando o ser humano mais novo a contrair a doença. Porém, Olímpio ainda é pragmático sobre a transmissão do vírus durante a gestação.
“Neste caso de Londres, não se sabe se o bebê adquiriu o vírus pelo contato intrauterino ou durante o parto”, diz o médico.
Mães diagnosticadas com COVID-19 podem amamentar?
No caso de mulheres com o novo coronavírus, a Febrasgo orienta, a partir de diretrizes da Organização Mundial de Saúde (OMS), que puérperas em bom estado geral devem amamentar – desde que usando máscaras de proteção e realizando higienização prévia das mãos.
Olímpio reforça esta orientação, lembrando que o leite materno é uma boa fonte de nutrientes para o organismo do bebê.
“O aleitamento funciona como uma proteção para o bebê. Não realizá-lo enfraquece o recém-nascido”, orienta o médico.
Caso a mãe esteja debilitada, o recomendado é que o leite seja bombeado para que não seja retirado da dieta do bebê, já que ainda não há evidências de que o aleitamento seja uma via de transmissão para o SARS-CoV-2.
Cuidados recomendados para grávidas
De acordo com a Febrasgo, como o SARS-CoV-2 é um vírus novo, não há protocolos assistenciais específicos para o tratamento em casos de infecção pelo vírus e, por isso, os procedimentos têm sido baseados nas infecções geradas por outros vírus, como o H1N1 e as variações mais antigas e já estudadas de coronavírus (SARS-CoV e MERS-CoV).
Desse modo, as orientações para a prevenção de infecções pelo novo coronavírus é que gestantes evitem aglomerações, contato com pessoas febris e contato com pessoas apresentando manifestações de infecção respiratória.
Elas devem também ficar atentas à higienização das mãos, evitar contato das mãos com boca, nariz ou olhos, assim como o resto da população.
Olímpio ainda destaca que, neste período de pandemia e mesmo no futuro, a grávida deve seguir com o controle do pré-natal e não deixar de realizar suas consultas médicas.
“A grávida vai continuar fazendo o pré-natal? Sim. Se não for à consulta de pré-natal, é muito pior. Senão, como saber que a grávida é hipertensa? Ou que tem diabetes – que é uma das maiores causas de morte do recém-nascido?”
Tratamento de grávidas com COVID-19
Não existe remédio específicos para combater o COVID-19. O tratamento existente é de suporte e inclui oferta suplementar de oxigênio e administração de fluidos, com vias e características que dependem das condições clínicas da pessoa infectada.