Mãe e suas múltiplas funções

A mulher atual ocupa múltiplas funções: esposa, profissional, dona de casa, mãe. Embora não queira abrir mão de nenhuma delas e ainda cobrar-se ser perfeita em tudo, às vezes é inevitável fugir dos também múltiplos sentimentos: culpa, cansaço, frustração, entre outros.

Estes diferentes papéis não se anulam, não se trata de ser uma coisa ou outra, é possível desempenhar todos, entendendo que cada um exige sua responsabilidade e dedicação. Contudo, não podemos deixar de admitir: ser mãe requer algo mais, uma vez que envolve um outro ser com o qual você tem compromisso e ligação por toda a vida. Como então é possível conciliar todas as funções sem prejudicar o desenvolvimento de seu filho?

Algumas mulheres resolvem esta questão desistindo do seu lado profissional, deixando seu emprego para cuidar exclusivamente da prole. Porém, antes de tomar esta atitude é preciso perguntar-se: “Isso me fará feliz?”. Sim, esta pergunta é importante na medida em que o desenvolvimento saudável da criança depende em parte de sua felicidade, afinal, o mundo será apresentado a ela através do seu olhar. Além do que, corre-se o risco de se cobrar, mais cedo ou mais tarde, do filho por sua própria escolha.

De nada adianta querer realizar todos os desejos da criança por sentir culpa. Limite é fundamental para o convívio social e, se você não ensinar, alguém o fará

Quando esta escolha acontece de forma tranqüila, ótimo! Não há receita de bolo e cada um sabe do que precisa para ser feliz. Por outro lado, grande parte das mulheres escolhe continuar no emprego e para dar conta desta dupla ou tripla jornada contam com a ajuda de babás, avós ou creches. Sem dúvida ajuda é essencial, mas lembre-se: “Seu filho precisa de você e ninguém substitui o lugar de mãe”. Você é responsável pela formação de seu filho, portanto não é válido delegar sua educação a mais ninguém.

Todas as pessoas que cuidam da criança na sua ausência devem ser vistas como co-parceiros, ou seja, pessoas que ajudam a educar a partir dos princípios, valores e posturas estabelecidos pelos pais. No caso da creche-escola, é preciso escolher aquela que vá ao encontro de sua filosofia de vida e concepção de educação. Saber de tudo o que acontece e conversar com a criança sobre suas atitudes tanto positivas como negativas ao longo do dia é essencial para fortalecer sua função materna e a relação afetiva com o filho.

O problema é quando a culpa é maior que o equilíbrio e para atenuá-la se recorre a compensações que em nada facilitam a formação da criança. É o caso dos presentes fora de hora. A tentativa de preencher o espaço da ausência da mãe com objetos não tem a mínima chance de ser bem sucedida, pois nada tem tanto valor quanto beijo, abraço, olho no olho, sorrisos, brincadeiras e até broncas, assim deve ser constituída a relação mãe e filho. Além de não resolver, ainda prejudica, pois pode gerar uma inversão nos valores de ter e ser.

Outra compensação comum é a dificuldade em estabelecer limites em função do medo de destruir o pouco tempo que se tem junto com o filho. De nada adianta querer realizar todos os desejos da criança por sentir culpa. Limite é fundamental para o convívio social e, se você não ensinar, alguém o fará. Depois, é importante para seu filho perceber que você se preocupa com ele. Muitas vezes, embora parece estranho, ouvir ‘não’ é reconhecido como forma de amor e cuidado.

Parece mesmo difícil organizar as 24 horas do dia entre trabalho, casa, marido, filhos, cuidados pessoais, vida social e, é claro, descanso, porque ninguém é de ferro! Mas no fim, cada um encontra seu jeito de organizar-se. A questão é colocar o filho como prioridade. Chegar em casa e dedicar algum tempo a ele é bom para os dois, quando feito por prazer e não porque os especialistas dizem que é importante. Planejar finais de semana incluindo atividades com a criança também é um caminho para estreitar a relação.

Sabemos que há dias em que se queria estar longe do trabalho para curtir integralmente a família, e outros em que se queria fugir de choro ou malcriação para trabalhar em paz. Assim caminha a vida, feita não só de flores, mas com certeza, de escolhas e responsabilidades.