Infelizmente, a sociedade ainda divide os brinquedos como sendo “de menino” ou “de menina”. Arthur Ramos Firmino, de 4 anos, embora seja muito pequeno, já notou que existe um grande problema nessa distinção. Acostumado a brincar, entre outras coisas, de boneca e casinha com sua irmã mais nova, Lívia Ramos Firmino, de 2 anos, o pequeno questionou sua mãe sobre o porquê de as bonecas falarem “mamãe”, mas nunca “papai” – referindo-se aos brinquedos que vêm com falas prontas. A história foi contada no Facebook por Ligiane Ramos Severiano, de São Paulo, mãe das crianças.
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O questionamento surgiu porque, quando brinca de casinha com a irmã, Arthur frequentemente simula uma família e, nela, exerce o papel de pai. “Quer dizer que os pais não fazem nada? Os pais não dão comida? Não levam elas [as bonecas] pra cama ou dão carinho?”, perguntou o menino.
Porém, mais do que fazer a pergunta inteligentíssima, o menino encontrou uma solução ainda mais incrível para o problema que o incomodava: tirou de dentro delas o aparelho de fala para poder brincar de ser papai sem ser chamado de mamãe.
Em entrevista exclusiva ao Bolsa de Mulher, Ligiane contou que não é a primeira vez que o garoto faz este tipo de questionamento, mas que, depois desse, ela começou a refletir e, por isso, decidiu compartilhar. “Ele sempre brincou com a irmã mais nova. Ajuda ela a cuidar da boneca, a fazer comidinha. Mas, sempre me perguntou por que as roupinhas são rosas e não azuis e por que elas só falam `mamãe`, mesmo quando quem está cuidando éele”, explicou.
Como saída, Ligiane conta que sempre tenta explicar que é por que geralmente meninos não brincam de boneca, mas que isso não é problema e que ele e a irmã podem brincar do que quiserem. “A Lívia também brinca de carrinho com ele e me pergunta direto porque não tem carrinho rosa”, compara.
Para a mãe, a reação do garoto tem origem na educação que ele recebe e nos exemplos que vê em casa. “Ele é muito prestativo em casa. Sempre que eu vou fazer comida ou lavar a louça, ele me imita e me ajuda desde sempre a cuidar da irmã”, comenta.
Ligiane é casada com o pai das crianças e diz que a atitude dele dentro de casa também serve como exemplo. “Ele deve ver meu marido cuidando da mais nova e se perguntar por que não pode fazer o mesmo”, diz.
Consciente da importância que esse tipo de educação tem, a mãe afirma que faz questão de criar os filhos desta maneira para que eles se tornem adultos informados e justos. “Eu tento fazer com que eles brinquem e façam de tudo desde pequenos porque não quero que cresçam com preconceitos. Preconceito a gente aprende, não nasce com ele. Ele um dia vai ser pai e ter uma casa e eu quero ensinar que ele tem que ter essas responsabilidades desde já. Não tem essa de menino e menina, eles precisam ajudar um ao outro”, finaliza a mãe.