Minipílula evita nova gravidez e não aumenta o risco altíssimo de trombose no pós-parto

por | mar 30, 2017 | Gravidez e bebês

A recomendação médica é bem clara: por uma questão de segurança, mulheres só devem engravidar após dois anos ou mais de terem tido um bebê. Para isso, além da amamentação, que inibe a fertilidade, para não afetar a saúde, os especialistas recomendam o uso de outros métodos contraceptivos específicos, entre eles a minipílula.

Quando uma mulher pode voltar a ter relação depois do parto?

Embora não existam regras, as recomendações geralmente são de 21 a 30 dias depois do nascimento do bebê. Isto porque esse é o tempo que o corpo leva para cicatrizar as lacerações e pontos, caso haja, para que os órgãos e o canal vaginal comecem a voltar a sua anatomia normal e para que o sangramento cesse.

O que vai determinar o momento exato da relação sexual depois do parto, no entanto, é o desejo da mulher e seu conforto para as práticas. Quando isso acontecer, alguns cuidados com a contracepção devem ser adotados pelo casal.

Mulher pode engravidar amamentando?

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É verdade que a amamentação age como um tipo de contracepção natural. É por isso que muitas pessoas dizem ser difícil engravidar enquanto amamenta. Isto acontece porque para produzir o leite, o corpo libera um hormônio chamado prolactina, que inibe a ovulação e, por isso, reduz a fertilidade.

A quantidade de prolactina produzida, no entanto, varia de acordo com uma série de fatores, como a quantidade de vezes que o bebê mama e o estado emocional da mãe. Apenas o aleitamento exclusivo, sem complementação com fórmula, em livre demanda e sem introdução alimentar é capaz de garantir mínima segurança a uma mulher. É exatamente por isso que é bastante arriscado contar apenas com o resultado da amamentação para a contracepção.

Métodos contraceptivos para o pós-parto

Critérios 

Para evitar o risco de engravidar logo depois do parto, especialistas recomendam medidas contraceptivas como um acréscimo no controle da fertilidade. A escolha do melhor método deve levar alguns pontos em consideração, especialmente aqueles relacionados às possíveis alterações no leite e ao risco de trombose.

Anticoncepcional pode afetar o leite?

O estrógeno, hormônio presente em pílulas combinadas também com progesterona, pode interferir na qualidade do leite materno.

Além de alterar a quantidade produzida, afeta a qualidade, baixando o teor proteico e lipídico e os níveis de cálcio e fósforo podendo interferir no ganho de peso do bebê.

Anticoncepcional e o risco de trombose no pós-parto

De acordo com Dr. César Fernandes, presidente da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), e Dra. Ilza Maria Urbano Monteiro, professora da Unicamp, o risco de uma mulher ter trombose é de 4 para cada 10 mil mulheres, se ela está fora da gestação e do puerpério e não toma anticoncepcional.

Na gravidez, o risco aumenta de 29 a cada 10 mil. No pós-parto chega a ser de 120 a cada 10 mil. Ou seja, um aumento de mais de 15 vezes. Isto acontece porque durante toda a gestação o corpo se prepara para não ter uma hemorragia no parto (momento em que o sangramento já é alto). Como? Produzindo substâncias coagulantes. No pós-parto essas substâncias estão muito concentradas e, por isso, podem formar trombos (coágulo de sangue dentro do vaso) facilmente.

O estrógeno, hormônio comum nas pílulas combinadas, faz crescer ainda mais esse risco. Isto porque ele é responsável pelo drástico aumento das chances de trombose nas gestantes. A razão é sua ação coagulante que, somada à predisposição temporal do organismo, pode causar o problema.

É por isso que medicamentos com este tipo de hormônio, no geral, são contraindicados para puérperas. Além de métodos de barreira, como a camisinha e o DIU de cobre (colocado no parto), alguns remédios hormonais são permitidos, como o DIU Mirena e a minipílula, ambos feitos apenas com a progesterona.

Minipílula no pós-parto

De acordo com Dr. Fernandes e Dra. Ilza, o uso da minipílula é altamente recomendado durante a gestação porque fornece à mulher o controle da fertilidade sem que altere condições da amamentação e aumente os riscos de trombose.

Como ela age

O medicamento é feito com progestina, forma sintética da progesterona e age de três maneiras:

  • Altera o muco do colo uterino e, por isso, prejudica o movimento dos espermatozoides, impedindo a chegada deles até as trompas;
  • Altera os movimentos das trompas uterinas, evitando o contato do espermatozoide com um possível óvulo;
  • Altera a camada do endométrio, tornando-a mais fina e incapaz de receber um possível embrião.

Como tomar

No Brasil, os tipos mais comuns são: Noretisterona, Levonorgestrel, Linestrenol e Desogestrel.

Os especialistas fazem alerta em relação a assiduidade. Em caso de pílula, ela deve ser tomada todos os dias e no mesmo horário – com variação máxima de 3 horas.

Qualquer mulher pode tomar?

Embora seja uma recomendação comum entre os ginecologistas, cada mulher precisa ser avaliada individualmente, inclusive em relação às suas predisposições. Por isso, a prescrição do medicamento deve ser feita pelo profissional que acompanha o histórico de cada paciente.

A minipílula, como não aumenta o risco cardiovascular e provoca poucos sintomas adversos, como enxaqueca, diminuição da libido e ganho de peso, também é prescrita para outros grupos, como fumantes, mulheres com mais de 35 anos, hipertensas, com sobrepeso ou diabéticas. Sempre sob orientação médica.

Por quanto tempo ela deve ser tomada?

No pós-parto, a minipílula é um ótimo complemento da contracepção fornecida pela amamentação. Por isso, pode ser indicada até o seis meses, até o fim da amentação exclusiva ou enquanto a mulher amamentar em livre demanda.

Depois do primeiro trimestre ou a partir do momento em que for conveniente retomar a um método mais eficiente, a paciente, caso queira, pode voltar ao seu método adotado antes da gestação.

Anticoncepcional passa pelo leite?

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Embora seja possível encontrar resquícios das substâncias do medicamento no leite materno, de acordo com os especialistas, a quantidade é insignificante e incapaz de alterar o ganho de peso do bebê ou a qualidade do leite.

* Colaborou Giovanna Mazzeo, repórter do Vix

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