O melhor para fazer crescer?

Qual é a mãe que não gosta de ver o seu pimpolho crescendo forte e saudável? Infelizmente, nem sempre o organismo da criança reage à alimentação, por mais adequada que seja, do jeito que a mãe espera. E é aí que entram em ação os abridores de apetite, que prometem fazer o seu filho “limpar o prato”. Mas é bom ficar atenta, pois esses produtos podem causar problemas sérios – e até mesmo obesidade – quando administrados sem indicação médica. Como crianças franzinas nem sempre são sinal de doença, antes de oferecer qualquer tipo de abridor de apetite ao seu filho, consulte o pediatra.

Os estimulantes de apetite só são recomendados quando a criança apresenta alguma deficiência nutricional

De acordo com a nutricionista Vanessa Scovino, os estimulantes de apetite mais utilizados são os suplementos de vitaminas e minerais. “Porém, estes só são recomendados quando a criança apresenta alguma deficiência nutricional. O fortificante mais popular é composto por vitaminas, ferro e cálcio, em concentrações que variam de acordo com a marca”, diz ela, que ressalta: “Só funciona como estimulante de apetite se a causa da inapetência for alguma deficiência nutricional, como anemia”.

Substâncias “nada inocentes”

Antigamente, alguns fortificantes tinham elevado teor alcoólico na sua composição, mas a partir de 2001, segundo regulamentação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), os fortificantes pediátricos passaram a não poder conter mais do que 0,5% de etanol (álcool etílico). Essa baixa dosagem ainda é aceita porque as vitaminas A, D, E e K não se dissolvem em água, precisando do álcool para entrarem na composição. Contudo, a eficácia destes suplementos e estimuladores ainda é discutível, pois os estudos sobre eles não são conclusivos.

Além disso, estimulantes de apetites não são substâncias inofensivas e podem causar graves reações adversas se ingeridos sem necessidade. Alguns apresentam em sua composição anti-histamínicos (usados no combate a alergias), que atingem o sistema nervoso central e aumentam a vontade de comer apenas como um efeito passageiro. “Outros efeitos colaterais podem ser sonolência, distúrbios do humor, perda da capacidade de concentração e, conseqüentemente, prejuízo no desempenho escolar. Esses são os mais perigosos”, adverte Vanessa.

Por isso, dar um abridor de apetite ao seu filho sem recomendação médica é muito arriscado à saúde da criança. “O ideal é que cada caso seja avaliado por um médico e um nutricionista”, diz ela. “O uso de suplemento de ferro sem necessidade provoca diversos efeitos colaterais, porque a substância se deposita em órgãos como fígado, baço e medula óssea, levando a um funcionamento inadequado”, complementa.

Quando é normal não ter apetite

Para desespero de algumas mães, a falta de apetite é normal em certos momentos da vida da criança, quando o seu organismo está “voltado” para outras atividades, como as conquistas motoras, aliadas a uma redução do ritmo de crescimento. Isso acontece a partir dos dois anos de idade. “Resfriados, gripes, outras infecções e até mesmo o despontar ou a troca de dentes também têm efeito direto na alimentação. Relaxe. Tudo volta ao normal logo depois”, tranquiliza Vanessa, que lembra, ainda, que crianças não costumam reagir bem a novos alimentos, e por isso costumam recusá-los. “Não desista. Às vezes é preciso apresentar as novidades dezenas de vezes”, recomenda Vanessa.