O papel dos avós > Estabelecendo regras

por | jun 30, 2016 | Gravidez e bebês

Os avós que estão em contato diário com a criança sem a presença dos pais precisam oferecer a ela um dia-a-dia em que as normas e regras da casa sejam apresentadas para que assim possam ser internalizadas. As leis são organizadoras e sem elas a criança poderá adoecer psiquicamente.

É claro que se houver diálogo entre pais e avós, tudo fica mais fácil, isto é, pode-se chegar a um denominador comum. Ainda assim seria ilusão pensar que a forma como a vovó e o vovô se relacionarão com o neto seguirá a todas as determinações pré-estabelecidas. Por mais parecido que se possa pensar sobre a melhor forma de educá-la, são encontros diferentes, isto é, avós são avós – pais são pais.

Também assistimos mães e pais insatisfeitos com algumas das atuações dos avós. O problema é quando passam a reclamar e a questionar as atitudes tomadas por eles na frente da criança, deixando-a insegura

Muitos pais se sentem ameaçados pelo o amor que a criança sente por cada um envolvido na situação. É preciso pensar que os lugares são diferentes e o sentimento por cada um deles também será diferente.

Por isso, tanto pais quanto avós precisam cuidar para que não travem uma competição, um jogo em que a criança pode acabar vivendo algumas situações difíceis: uma delas é se aproveitar do jogo para ter vantagens de ambas as partes; a outra é pensar que precisa fazer escolhas não podendo amar a todos.

Os avós precisam cuidar para não desautorizarem os pais: se não concordarem com alguma atitude que está sendo tomada por eles, questione, busquem compreender ou fazê-los repensar. O que não pode acontecer é o pai e a mãe pensar que os avós estão cumprindo com um combinado quando na verdade não estão. Independentemente do que seja, pode ser algo simples como um desacordo relacionado à alimentação da criança, por exemplo, uma mãe que diz: “Eu quero que ele coma feijão todo dia”. Se a avó não acha necessário ou acha difícil dar porque a criança não gosta, pode pedir à mãe para consultar o pediatra ou propor algo que possa entrar como substituto desse alimento… O que nunca pode acontecer é dizer que está fazendo o que na verdade não está.

Do outro lado, também assistimos mães e pais insatisfeitos com algumas das atuações dos avós. O problema é quando passam a reclamar e a questionar as atitudes tomadas por eles na frente da criança, deixando-a insegura.

Um outro cuidado a ser tomado é quando os pais chegam à casa dos avós para pegar a criança e, por sentirem-se culpados por sua ausência, acabam cedendo aos seus pedidos anteriormente negados por um dos avós. Ela fica sem referência e aprende que as suas vontades são soberanas.

Lembrem-se: existe uma criança em jogo que aprende muito mais pelas ações, pelo que assiste e pelo que vive junto aos adultos, que para ela são referência.

Mônica Donetto Guedes é psicanalista, psicopedagoga e pedagoga do Apprendere Espaço Psicopedagógico.