Uma preocupação recorrente entre as mulheres que precisam voltar ao trabalho com o fim da licença-maternidade é onde deixar o filhote. Muito se pensa e se discute, e os debates na família podem se complicar a um nível quase insuportável. Todos os envolvidos no processo – pai, avós, tios e até padrinhos mais zelosos – têm suas opiniões. Elas são, em geral, muito bem fundamentadas e, por isso, a crise se instala. Sim, é de enlouquecer gente sã. Nesta hora, é bom lembrar que muitas mães passam por esse momento e sobrevivem, assim como seus filhos. É importante minimizar, tanto quanto possível, a culpa. Não há bandidos ou mocinhos neste filme e você pode, sim, ser mãe e profissional ao mesmo tempo. Além de realizada e feliz.
Primeiro, vem a questão da idade. Não há como afirmar qual é a idade certa para fazer a matrícula na creche ou na escolinha. Depende da estrutura de cada família e das necessidades que aparecem quando está na hora de resgatar a rotina de trabalho. Se você conta com a ajuda de uma boa babá e de confiança, pode se considerar muito sortuda. Mas deve pensar sempre no que vai deixá-la mais tranqüila no dia-a-dia, para que você volte ao trabalho inteira. Isso também vale para os avós disponíveis de plantão. Considere os ganhos que a criança terá na creche e, em casa, com a babá ou os avós.
É muito importante que, durante a visita à escola, os pais passem um bom tempo fazendo perguntas sobre o que estão percebendo do espaço e sobre como será a rotina de seu filho
Por exemplo, na creche, o desenvolvimento cognitivo, afetivo e social certamente será contemplado. Estamos falando dos estímulos que os pequenos recebem na área da aprendizagem, na dimensão emocional e no campo das relações. Isso acontece através das mais diversas atividades que a escola oferece e também no convívio com outras crianças. Se, ao elencar as vantagens e desvantagens das opções, você ainda estiver na dúvida, diminua o tempo na creche de forma que fique também um pouco em casa. Um tempo menor na creche alivia o bolso também.
Depois, a dúvida é sobre a escolha da escola. Penso que as escolas pequenas e, de preferência, com pouco tempo de funcionamento são bem adequadas para essa faixa etária, porque nelas as crianças são cuidadas com mais individualidade e os pais têm mais entrada quando surgem as dúvidas. O que, convenhamos, acontece sempre. Claro que as grandes escolas também têm seus atrativos e vantagens, como, por exemplo, o de oferecer educação até o ensino médio, ter tradição e já possuir anos de testes por pais de creche e educação infantil. O diferencial agora será em função do que os pais acreditam ser importante para educar os filhos em termos de valores, conduta, fé. É muito importante que, durante a visita à escola, os pais passem um bom tempo fazendo perguntas sobre o que estão percebendo do espaço e sobre como será a rotina de seu filho.
Acredito que não há uma idade melhor para ingressar na creche, nem uma creche melhor para seu filho, depende de cada situação. Se você pensou na possibilidade de matriculá-lo na creche como uma alternativa, ela deve proceder. Afinal, é a sua rotina que será alterada. Será você quem precisará estar tranqüila no trabalho, segura de que seu filho está bem cuidado. Acredite em sua intuição de mãe. Converse com outras mães e peça indicações de profissionais da área. Visite o local, pergunte tudo que lhe ocorrer. Mas acredite em você para decidir. Informação é importante, mas ainda está valendo a famosa máxima: coração de mãe nunca se engana.
Lucíola Agostini é psicopedagoga clínica, pedagoga e dinamizadora de oficinas nas áreas de educação, teatro e vídeo do Apprendere Espaço Psicopedagógico.
