Que frio!

Mal o frio deu seus primeiros sinais e os brasileiros já se agasalharam: desceram os cobertores e as mantas, vestiram as luvas e cachecóis, correram para as lojas em buscas de blusas e casacos de inverno e se aqueceram diante de uma lareira ou de um delicioso fondue.

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Se nós adultos já sofremos quando o termômetro abaixa sua temperatura o que dirá aquela criaturinha frágil, que ainda nem pronuncia as palavras para reclamar do frio. Para evitar que os pequenos sofram com as mudanças da estação, os especialistas dão dicas de inverno sobre alimentação, banho, cuidados com a pele e medidas de prevenção contras as doenças respiratórias mais comuns da época.

Uma das principais causas de febre em bebês recém-nascidos é a utilização de roupas inadequadas em ambientes muito quentes
É bem provável que você já tenha ouvido que os bebês perdem calor com mais facilidade que os adultos. Segundo os especialistas, isso ocorre porque a superfície corporal da criança é menor quando comparada aos adultos. No entanto, o fato não é motivo para preocupação. “A sensação térmica de frio ou calor é muito semelhante em qualquer faixa etária e, portanto, os bebês não sentem mais frio que os adultos”, alerta Fernando Martins, neonatologista-chefe da UTI neonatal da Clínica Perinatal Barra, no Rio de Janeiro.

Por isso, aquecer o bebê em demasia pode, ao contrário, prejudicá-lo. “Da mesma forma que o bebê perde calor facilmente em ambientes frios, ele tem a temperatura corporal elevada rapidamente caso esteja muito agasalhado”, adverte Martins. “Tanto que uma das principais causas de febre em bebês recém-nascidos é a utilização de roupas inadequadas em ambientes muito quentes”, revela o especialista.

Um recente estudo realizado pela Foundation for the Study of Infant Deaths (Fundação para o Estudo de Mortes Infantis), na Inglaterra, concluiu que agasalhar demais o bebê ou ter o seu quarto extremamente aquecido aumenta as chances de morte súbita nessa idade. Portanto, o pediatra e neonatologista do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, Jorge Huberman aconselha às mamães: “Não cometa excessos. O ideal é deixar seu bebê numa temperatura amena, arejada, mas longe de correntes fortes de ar. Só agasalhe a criança para protegê-la de mudanças bruscas de temperatura. Não é a friagem que a fará adoecer, mas sim as variações de temperatura – que favorecem o ataque de vírus”.

Looks e alimentação de inverno

Visando aquecer o bebê sem pecar pelo excesso, o bom senso deve nortear a definição do tipo de roupa a ser utilizada nos bebês. “No inverno, as roupas de algodão fechadas com poucas aberturas são ideais quando se vai expor o bebê a ambientes externos muito frios. A proteção da cabeça com gorros e das mãos com luvas também é recomendada no caso de temperaturas extremas (mas não há necessidade de usá-los dentro de casa)”, ensina Martins. “O importante é sempre procurar manter uma roupa de algodão em contato com a pele e o agasalho por cima, deixando as extremidades aquecidas, sem provocar suor na criança”, acrescenta Huberman.

Já no cardápio do pequeno, sopas e caldos são muito bem-vindos. Aquecem o corpo e fornecem todos os nutrientes necessários para o bom desenvolvimento do bebê. Só não se esqueça que mesmo no inverno é de extrema importância oferecer líquidos (água e chás) ao bebê. “A oferta de líquidos, em qualquer faixa etária e estação, é fundamental, já que assegura uma boa eliminação das substâncias nocivas ao bebê através da urina”, justifica Martins. Por isso, ofereça-os de quatro a seis vezes ao dia sem controlar muito a quantidade. “O próprio bebê deve definir o quanto necessita”, alerta o neonatologista-chefe da UTI neonatal da Clínica Perinatal Barra.

As temidas doenças respiratórias

Basta o primeiro vento soprar mais forte na janela para os pais ficarem temerosos com a chegada das doenças respiratórias: sinusite, dermatite, otite, gripe, bronquiolite. E o medo é justificável. “Durante esta estação, o ar frio irrita as mucosas das vias aéreas, facilitando o aparecimento de infecções respiratórias. Nessa época, a poluição também se torna mais intensa em consequência da baixa umidade do ar, favorecendo ainda mais o comprometimento das vias aéreas”, revela Huberman. Aliado ao fato de permanecermos mais tempo em ambientes fechados, o risco de transmissão torna-se infinitamente maior.

Portanto, alguns cuidados tornam-se necessários. “A prevenção começa evitando-se locais fechados com muitas pessoas, não expondo o bebê a grande número de visitas ou a pessoas infectadas e, principalmente, com a lavagem das mãos antes do manuseio do bebê”, aconselha Fernando. “Além disso, lave o narizinho da criança com soro fisiológico para mantê-lo sempre hidratado e livre de secreções”, acrescenta Huberman. Ainda assim, se a criança apresentar tosse, obstruções nasais, perda de apetite, dificuldade para dormir e febre alta, contate um pediatra.

Apesar do frio, é fundamental manter o quarto do bebê arejado. “Essa regra é básica, independentemente da época do ano, já que permite a circulação do ar e impede a proliferação de germes. Naturalmente, se estiver muito frio, use seu bom senso para definir o tempo que as janelas ficarão abertas”, enfatiza Martins.

E muito cuidado com o uso do aquecedor. “Seu uso só deve ser considerado em regiões muito frias, pois, o aparelho resseca o ar do ambiente, podendo gerar secreções nasais no bebê”, alerta o neonatologista. Se usá-lo: “Não deixe ligado por muito tempo, mantenha a temperatura entre 16ºC e 20ºC e deixe sempre a porta semi-aberta e um balde de água ao lado do aquecedor”, ensina Huberman.