Que a natação é um dos esportes mais completos no que diz respeito aos benefícios ao corpo humano, muitos já sabem. A atividade, além de prazerosa e pouco arriscada, melhora o sistema cardiovascular e respiratório e exercita a maioria dos grupos musculares. Mas a partir de que momento já é possível desfrutar do bem estar que a natação proporciona? Muito antes do que você, mamãe, talvez imagine…
Na verdade, não há uma “idade certa” para o início da atividade aquática. A adaptação ao meio líquido é natural, já que, antes mesmo de nascerem, os bebês ficam praticamente imersos no líquido amniótico dentro da barriga da mãe. Em alguns países, é comum ver até bebês com menos de 10 semanas freqüentando escolas de natação. No Brasil, este processo geralmente se inicia entre os quatro e seis meses.
Até os dois anos, o principal objetivo é estabelecer um primeiro contato com a água, fazer o bebê flutuar e começar a mergulhar aos poucos. A partir dessa idade, a criança já consegue se deslocar melhor sozinha e começa a se preparar para nadar de fato
Hoje, o que não faltam são academias com aulas de natação voltadas para bebês. A Rio Sport Center é uma delas. As filiais Barra da Tijuca (RJ) e Belo Horizonte da academia oferecem a modalidade para crianças a partir dos quatro meses. “Temos dois tipos de aula: uma é com os professores somente, e a outra conta com a participação da mãe, que vai ajudar o bebê a interagir mais com a água e com as outras crianças”, cita Eunice Marzzitelli, coordenadora das atividades aquáticas da Rio Sport Center. As turmas contam com crianças de quatro meses a dois anos de idade, mas também há aulas para os mais crescidinhos. “Até os dois anos, o principal objetivo é estabelecer um primeiro contato com a água, fazer o bebê flutuar e começar a mergulhar aos poucos. A partir dessa idade, a criança já consegue se deslocar melhor sozinha e começa a se preparar para nadar de fato, o que é possível por volta dos cinco anos ou seis anos, quando passamos a ensinar os estilos”, explica.
O primeiro esporte
Entre as principais vantagens da natação para bebês, Eunice destaca o desenvolvimento do tônus muscular e da psicomotricidade e a sociabilização. “A resistência da água estimula um maior gasto de energia. Ela amortece o impacto dos movimentos e nem percebemos o esforço. Até os dois anos, o reforço do sistema cardiorrespiratório ainda é pequeno, mas a criança que pratica a atividade consegue dormir melhor, por exemplo”, acrescenta Eunice. Este, aliás, é um benefício que se sobressai já nas primeiras aulas, segundo Carlos Villar, coordenador de natação do Clube Marapendi, na Barra da Tijuca. “Essa readaptação ao meio líquido acalma o bebê e melhora o seu sono. Até aconselho às mães para que amamentem seus filhos, no intervalo das aulas, dentro da piscina”, afirma Carlos, que menciona, ainda, o desenvolvimento precoce da coordenação motora como conseqüência da natação: “As crianças que aprendem desde cedo a condicionar os movimentos na água andam mais durinhas e se mexem com maior desenvoltura”, observa.
O professor de educação física e ex-atleta José Fontanelli ressalta outros aspectos positivos que têm sua origem na natação: “A motricidade aquática propicia um equilíbrio motor muito importante no sincronismo entre braços e pernas. Além disso, os reflexos são mais amadurecidos e por esse motivo ela passa a sofrer menos acidentes, como bater a cabeça, por exemplo. A criança também passa a demonstrar maior prazer no convívio com o esporte, gerando hábitos positivos”, esclarece o professor, proprietário da escola de natação Fontanelli Swim Club, em São Paulo. Palestrante e autor do livro “Natação para Bebês – Entre o Prazer e a Técnica”, Fontanelli afirma que a hidroginástica feita pela mãe ainda grávida já tem uma forte influência sobre o bebê e acostuma-o aos movimentos na água. “Na verdade, em todo seu histórico, desde o estágio embrionário, o bebê já ‘pratica’ natação. Na fase extra-uterina, a criança pode iniciar a atividade por volta dos 30 dias, quando a mamãe já tiver alta do seu médico obstetra”, diz, lembrando que, antes de começar a natação, é necessário buscar uma aprovação pediátrica.