Uma nova família > O preconceito social

Com o filho nas mãos, a batalha ainda não está vencida. Chega o momento de enfrentar o preconceito social que dá seus primeiros sinais nos pedidos de adoção. “Não vejo nenhuma argumentação plausível para que se negue a adoção a um casal homossexual a não ser que ele apresente algum fator impeditivo ou requisito não preenchido, tal qual ocorre com casais heterossexuais”, opina Sylvia. “Muitas vezes, alega-se que a criança passará por preconceitos ou que haverá uma ausência de referência masculina ou feminina na família. Ainda que os preconceitos possam de fato existir, as crianças aprendem rapidamente a lidar com a situação. Encaram como se tivessem duas mães ou dois pais (como acontece com casais divorciados)”, garante Sylvia.

Para a advogada, “o importante é que os casais homossexuais supram todas as necessidades da criança de amor, afeto, carinho, cuidados e a possibilidade de um desenvolvimento sadio”, enfatiza. “Via de regra, eles têm muito desejo em adotar e, por isso, costumam escolher crianças pelas quais casais heterossexuais não têm interesse”, aponta a especialista.

O importante é que a criança seja capaz de desenvolver uma boa autoestima e autoconhecimento, sabendo se valorizar e aprendendo a amar o que somos

Quanto ao medo de que a criança desenvolva orientação homossexual, a psicóloga Lidia Dobrianskyj Weber desmente: “No núcleo de análise do comportamento da Universidade Federal do Paraná fizemos uma pesquisa de revisão de literatura internacional dos últimos 13 anos sobre a adoção e o desenvolvimento de crianças criadas por pais homossexuais. Os estudos internacionais concluem que filhos de pais heterossexuais e homossexuais não diferem na orientação sexual, desenvolvimento social e afetivo, sofrimento de distúrbios emocionais, independência e autoestima. Ou seja, não há problemas maiores nas familiais com pais homossexuais”, garante Lídia.

Além disso, a ausência de uma figura feminina ou masculina não traz impactos psicológicos e comportamentais para a criança, pois costuma ser suprida por outras pessoas do convívio social da criança: tios, professores, amigos etc. Logo, para Lídia, se “o casal depois de avaliado comprova ser afetivo, estável, responsável e compreende o que é educar uma criança e tudo que isso implica, é um bom candidato porque, para uma criança que mora em uma instituição, é absolutamente imprescindível ser amado e considerado filho”.

Para vencer o preconceito, Lídia dá a dica: “O importante é que a criança seja capaz de desenvolver uma boa autoestima e autoconhecimento, sabendo se valorizar e aprendendo a amar o que somos. Os pais precisam garantir que as adversidades e provocações não a deixem arrasada e sem capacidades de cuidar de outras coisas da vida”, finaliza a especialista.

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